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O Homem que Mudou o Jogo

publicado em:23/07/12 11:59 PM por: Kamila Azevedo DVD


No Brasil, o beisebol é um esporte irrelevante para a maioria das pessoas, mas, nos Estados Unidos, ao lado do futebol americano, do hóquei e do basquete, é um dos esportes mais populares do país. Para se ter uma ideia, os jogos da Major League Baseball (MLB), liga profissional que reúne cerca de 30 times, são um dos com a maior taxa de comparecimento de público no mundo inteiro. É esse esporte que oferece um pano de fundo muito interessante para a trama de “O Homem que Mudou o Jogo”, filme de Bennett Miller, baseado no livro escrito por Michael Lewis, que, por sua vez, é inspirado em uma história real.

O filme, na realidade, oferece um olhar sobre o beisebol como um negócio. Billy Beane (Brad Pitt, numa performance indicada ao Oscar 2012 de Melhor Ator) é o gerente do Oakland Athletics, time sediado na Califórnia. É responsabilidade dele montar um time que seja competitivo e que tenha condições de brigar pelo título da MLB. Entretanto, na hierarquia da liga, os Athletics são um time de médio porte, que, em decorrência disso, não consegue ter os mesmos recursos de equipes como o New York Yankees, o Boston Red Sox, o Chicago Cubs, o St. Louis Cardinals e o New York Mets, dentre outros. Ou seja: Beane tem que fazer milagres com aquilo que tem em mãos e isso é difícil. É complicado ter um time que vale 39 milhões de dólares nas mãos e concorrer, de igual para igual, com outro que vale quase 120 milhões de dólares.

É aí que entra a figura de Peter Brand (Jonah Hill, em atuação indicada ao Oscar 2012 de Melhor Ator Coadjuvante), economista formado em Yale e que trabalha numa empresa de agenciamento de atletas. Acontece que Brand tinha uma maneira diferente de visualizar o beisebol: ele utilizava o sistema criado por Bill James, um estatístico do esporte, que usava índices matemáticos para medir a eficiência de atletas e de jogadas visando um desempenho preciso que levaria o time a ter um retrospecto quase perfeito. Por esse sistema, não importava o time contratar grandes jogadores e pagar altos salários. O que a equipe precisava era contratar os jogadores certos para ter os índices certos.

“O Homem que Mudou o Jogo” acompanha justamente a temporada da MLB de 2002, que foi quando Beane contratou Brand como seu gerente assistente e a dupla fez uma primeira experiência montando o Oakland Athletics com base nesse sistema desenvolvido por Bill James. O resultado dessa primeira experiência – que, como o filme bem mostra foi turbulenta, difícil e de muita, mas muita perseverança – foi  o time terminando em primeiro lugar na conferência do Oeste, com um recorde de 103 vitórias e 59 derrotas e estabelecendo um outro recorde, esse histórico, mantido até a data de hoje: o da conquista de 20 vitórias consecutivas na liga.

Apesar de ter esse enfoque muito forte no lado do esporte, provavelmente o elemento mais importante de “O Homem que Mudou o Jogo” foi a maneira como o roteiro escrito por Steven Zaillian e Aaron Sorkin trabalhou a construção do personagem Billy Beane. Para muitos, ele pode ser considerado um idealista, alguém que via o beisebol de uma forma muito romântica. Entretanto, como bem prova a trama deste longa, ele, na realidade, além de um grande profissional, totalmente dedicado àquilo que fazia, era alguém que acreditava piamente nas decisões que tomava e somente o fato de ele ter brigado para que o sistema que ele e Brand adotaram – de forma bem sucedida em 2002, inspirando outras equipes a fazerem o mesmo – é uma prova do caráter dele, do desejo dele de realizar algo que tivesse significado e que causasse um impacto nos outros.

Um filme indicado a seis Oscars 2012, “O Homem que Mudou o Jogo” é uma obra quase anticlimática, dirigida com um tom um tanto documental por Bennett Miller. A obra, na verdade, se configura quase como um grande case administrativo, com lições muito importantes, não só sobre gerenciamento de recursos econômicos, como também sobre a gestão de pessoas – e que, mesmo assim, não se furta de ter momentos deveras emocionantes, como as cenas que retratam a relação entre Beane e sua filha Casey (Kerris Dorsey), que oferecem um contraponto interessante a uma trama em que a racionalidade está impressa em cada cena.

O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball, 2011)
Direção: Bennett Miller
Roteiro: Steven Zaillian e Aaron Sorkin (com base na história de Stan Chervin e Michael Lewis)
Elenco: Brad Pitt, Jonah Hill, Philip Seymour Hoffman, Robin Wright, Chris Pratt, Stephen Bishop, Tammy Blanchard, Jack McGee, Kerris Dorsey



A última modificação foi feita em:agosto 7th, 2012 as 12:21 am


Jornalista e Publicitária


Comentários


Assim como você, gostei bastante do filme. O roteiro é muito bem escrito, o idealismo de Billy Beane no gerenciamento do time e a consequente revolução que ele trouxe para o sistema são um eficiente contraponto a crise empresarial que vivemos atualmente. É cinema maduro.

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É, o beisebol lá é o futebol aqui, e vice versa, hehe.

Quanto ao filme, é bom, o roteiro é bem escrito, boas atuações e o mais interessante é essa coragem de mudar o estabelecido.

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Até simpatizo com a história de motivação do filme… Mas acho meio cansativo. Sem falar nas inexplicáveis indicações de Jason Hill a todos os prêmios haha

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Yuri, concordo com você.

Amanda, pois é. E eu também concordo com você.

Matheus, a atuação do Jonah Hill é tão normal… Não entendo o por quê de tantas indicações… rsrsrsrs

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Tá aí um filme que fiquei com preguiça até de marcar como “Quero ver”. Sabe quando nada te chama atenção, sejam os atores, a sinopse, a capa, a história?! Pois é, estou com bloqueio com esse filme. :-/

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Sim, volteeeei! =D
Eu não simpatizo com “O Homem que Mudou o Jogo”. O roteiro é bem desenvolvido e Brad Pitt está no melhor desempenho de sua carreira, mas seu demérito é a inconsistência da trama em si. Como vc diz, é anticlimático e, por isso mesmo, torna-se enfadonho em certos pontos. Para rebater essa sensação, tem os momentos tocantes entre pai e filha, como a bela cena final. Ainda assim, deixou a desejar. (***)

Bjs!

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O roteiro é muito bom e o filme também.É uma obra sobre esportes e mesmo não gostando de beisebol(meu favorito é futebol)consegui entender tudo sem problemas(achei legal a idéia de contratar jogadores com qualidades especificas).Brad Pitt não tem atuação para ser nomeado ao Oscar(Fassbender por “Shame” e Gosling por “Drive” estão muito a frente)mas gostei das cenas dele com a filha.Tem uma cena que é no minimo soberba na qual ela canta e Pitt olha com um ar de admiração.Atuação é boa?sim,pra nomeação?levando em conta os concorrentes,não.Jonah Hill está muito bem como o alivio cômico do filme(eu ri demais na cena que ele revela que esta no seu primeiro emprego rsrsrs).Seu texto resume bem as qualidades do filme e concordo em relação ao tom documental(no final isso fica mais explicito ainda).”O Homem Que Mudou o Jogo” é cinema americano de qualidade.

Beijos!

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Raphaela, mas, tente assistir. É bem legal.

Elton, só eu não acho nada de mais na atuação de Brad Pitt nesse filme? Ele sempre repete os MESMOS trejeitos. É cansativo. Beijos!

Paulo, o roteiro é bom, sim. Discordo de você em um ponto: esse filme não é sobre esportes. É sobre Billy Beane. As melhores cenas do Pitt são com a filha. E não gostei do Jonah Hill. Achei uma atuação completamente normal. Beijos!

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Gostei do seu texto.
Vi o filme há bastante tepo e me lembro de que o achei interessante, equilibrado. Decerto, não um dos meus preferidos, mas, ainda assim, uma boa obra, que valeu a pena ver.

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Kamila,já assisti todas as principais atuações masculinas da temporada de prêmios.Os meus 5 favoritos por ordem de preferencia:

1-Ryan Gosling “Drive”-Psicopata?romantico?justiceiro moderno?não sei responder…mas que a atuação é sublime há isso é.Dar vida a um sujeito que dirige e fica quieto boa parte do filme é pra poucos e Gosling conseguiu.

2-George Clooney “Os Descendentes”-Um Clooney com cabelo oleoso,barba por fazer e tendo que resolver um problema que ira mudar o rumo da sua vida e o futuro de suas filhas.A melhor atuação da carreira de Clooney.(Sim,superior a “Siryana”,”Conduta de Risco” e o excelente “Amor Sem Escalas”).

3-Jean Dujardin “O Artista”-A revelação do ano.Dança,interpreta,sofre com um ruido e a chegada do som na sétima arte e se apaixona sem dizer uma única palavra.Bem ele fala,mas na última cena.Obrigado Jean Dujardin,o “Artista” me tocou profundamente.

4-Michael Fassbender “Shame”-Sexo,sexo,sexo,sexo…ufa! mas sem amor.Sujeito vazio.Cavalheiro solitário do século XXl.Sexo casual,fazer para preencher o vazio.Quando conhece uma mulher bonita,inteligente e que vai lhe oferecer uma relação de verdade ele fica impotente.Fassbender é o Russell Crowe do futuro.

5-Gary Oldman “O Espião que Sabia Demais”-Kamila eu fui me dar conta que o drácula de Coppola nunca foi nomeado ao Oscar no periodo de prêmiaçãoes.A AMPAS esqueceu de Oldman?não,ele teve uma merecida primeira nomeação por esse ótimo filme de espionagem.Tomara que dá proxima ele vença.

Destaque:Demian Bechir “Por Uma Vida Melhor”,Leonardo Dicaprio por “J.Edgar”,Michael Shannon por o “O Abrigo”. e Woody Harrelson por “Rampart”.

Beijos!

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Paulo, boa lista. Dos seus preferidos, ainda não assisti à performance de Michael Fassbender em “Shame”, filme que quero muito conferir ainda. Beijos!

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Paulo, estou assistindo Shame aos poucos, tô correndo com as séries e telefilmes atrasados pro Emmy, mas até onde assisti, a atuação do Michael é fabulosa.

Tenho que assisitir Drive. Dujardin arrasa em O Artista, mas arrasa porque a Berenice Bejo o completa, impecável… agora sobre o Oldman, quantas vezes já xinguei (aqui inclusive) um ator do gabarito dele só agora ter a primeira INDICAÇÃO ao Oscar (“quéde” por Minha Amada Imortal?)… mas a AMPAS é assim mesmo, vide o Plummer, a Ruby Dee, a Jessica Tandy, e idolatra atores/atrizes medianos como Bullock, Paltrow, Swank, Loretta Young, Shirley Jones…

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oi oi, tudo bom?
o filme de bennett miller é um espetáculo, alias, ele já tinha mostrado uma competência acima da média em “capote” – com esse ele me rendeu, rs. filmaço, acho esse um dos cinco melhores do ano, roteiro excelente, dirigido com firmeza e um Brad Pitt inspirado como poucas outras vezes, filmaço. filmaço!

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Cleber, sim, Bennet Miller tinha demonstrado seu talento ao dirigir “Capote”. Por mais que eu tenha achado “O Homem que Mudou o Jogo” bem legal, acredito que o filme poderia ser melhor. Não consigo enxergar essas coisas todas na atuação do Brad Pitt. Pra mim, ele é um ator somente mediano!

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Gosto bastante do filme e da temática dos bastidores esportivos. Brad Pitt está “ok” aqui, em um papel que não exige tanto dele, nem ele oferece além. Acredito que o Jonah Hill teve mais destaque mais por ir de encontro aos papéis mais comédia que ele vem fazendo [e com competência, diga-se].

Sempre que vejo um grande filme de esportes, me pergunto o porquê ainda não conseguimos realizar o NOSSO filme de futebol. Recentemente vi o “Maldito Futebol Clube”, do Tom Hopper, não é um filme sensacional, mas tem tantos elementos ali capazes de facilmente serem discutidos na nossa realidade. É claro que temos alguns bons exemplos, como o recém “Heleno”, o engraçadíssimo “Boleiros”, “Garrincha” e mesmo o “Linha de Passe”, além de alguns docs e curtas [não dá pra esquecer que fomos indicados ao Oscar até com o “Uma História de Futebol”]. Mas ainda aguardo o nosso filme definitivo, em uma área que dominamos tão bem e, certamente, não falta material.

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Também não acho o Bratt essa Coca-Cola toda aqui. Para mim, repeteco de tudo que ele já faz (no passado, talvez melhor e mais afetado). O roteiro é a grande sacada de todo filme (me lembrou algo no estilo Margin Call em relação a isso), mas eu acabei gostando mais do que a maioria pelo tema interessante que aborda.

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João Linno, pelo jeito, sou uma das poucas a NÃO ter gostado da atuação do Brad Pitt.

Victor, eu também adoro filmes com temática esportiva. Não gostei nem do Brad Pitt nem do Jonah Hill aqui. Acho duas performances bem superestimadas. Em relação a filmes com temática esportiva, queria ter visto “Heleno”. Acho que esse seria um longa definitivo para o nosso cinema dentro dessa temática.

Luís, finalmente, alguém que concorda comigo. 🙂 Como você é administrador, deve ter apreciado muito a obra justamente por causa desse teor.

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