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Margin Call – O Dia Antes do Fim

publicado em:31/07/12 12:46 AM por: Kamila Azevedo DVD


No jargão econômico, o termo margem se refere a uma garantia que uma pessoa comum tem de depositar para cobrir parte ou a totalidade dos riscos de crédito de uma instituição financeira. Quando a margem depositada está abaixo do requerido, o corretor ou a instituição financeira declara o que ele chama de “margin call”. Se isso ocorre de uma forma inesperada, provavelmente, em decorrência de uma mudança adversa nos valores do mercado, o cenário pode causar um efeito dominó de proporções gigantescas. A trama do filme “Margin Call – O Dia Antes do Fim”, escrito e dirigido por J.C. Chandor, retrata justamente uma situação deste tipo.

O longa se passa num banco de investimentos nos momentos que antecederam a crise econômica que atingiu os Estados Unidos em 2008 – e que perdura até hoje, uma vez que a economia norte-americana ainda não conseguiu se recuperar do baque ocorrido. A grande recessão, como este momento histórico acabou se tornando conhecido, tem origem no crescimento e nos investimentos feitos no setor imobiliário. Em consequência disso, pessoas sem comprovação de renda e com histórico ruim de crédito receberam empréstimos hipotecários que não tinham condições de pagar. Foi justamente esta conjuntura que desencadeou a quebra de instituições de crédito nos Estados Unidos, que arrastaram consigo bancos e repercutiram ainda nas bolsas de valores de todo o mundo.

Com um tom acertadamente documental, “Margin Call – O Dia Antes do Fim” revela o começo dessa crise, quando Eric Dale (Stanley Tucci), analista de riscos recém-demitido de um banco de investimentos, alerta seu pupilo Peter Sullivan (Zachary Quinto) para a gravidade dos dados que ele estava percebendo no cenário econômico naquele momento. A partir desta revelação, acompanhamos o zum zum zum que isso causa na rotina da empresa, com todos os figurões chave do banco tentando encontrar uma saída recorde para a situação que, assim como visto na vida real, tenta beneficiá-los, ao invés de pensar nos clientes, que acabaram perdendo empregos, casas e a sua dignidade.

Pelo roteiro escrito para este longa, o diretor J.C. Chandor recebeu uma merecida indicação ao Oscar 2012 de Melhor Roteiro Original. O maior mérito da sua história é justamente explicar um tema complicado com uma linguagem extremamente acessível e que será compreendida pelo espectador comum. Além disso, Chandor ainda abre espaço para uma discussão ética importante sobre a decisão (covarde) tomada pelos chefões do banco de investimento. Essa é uma situação triste, mas essa foi a realidade que ocorreu mesmo e não dá para mascarar isso. O diretor ainda acerta na escalação do seu elenco, que reúne atores experientes como Jeremy Irons, Demi Moore, Paul Bettany, Mary McDonnell, Kevin Spacey e Stanley Tucci, com gente oriunda da TV, como Simon Baker (de “The Mentalist”), Zachary Quinto (de “Heroes” e “American Horror Story”) e Penn Badgley (de “Gossip Girl”).

Margin Call – O Dia Antes do Fim (Margin Call, 2011)
Direção: J.C. Chandor
Roteiro: J.C. Chandor
Elenco: Kevin Spacey, Paul Bettany, Jeremy Irons, Zachary Quinto, Penn Badgley, Simon Baker, Mary McDonnell, Demi Moore, Stanley Tucci



A última modificação foi feita em:agosto 27th, 2012 as 11:39 pm


Jornalista e Publicitária


Comentários


Esse é um dos filmes que mais me surpreendeu nos últimos tempos. Apostava em algo chato, mas a obra passa longe disso. Sendo tensa e representativa para uma época. O elenco afiado também é um destaque.

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Celo, verdade. É um filme surpreendente. Eu não esperava muita coisa da obra, pra ser bem sincera, e é sempre bom ter surpresas positivas como essa. O elenco é um grande destaque mesmo.

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Não fiquei muito envolvido com esse filme.Mas apreciei as qualidades como o roteiro e o elenco(digno de nomeação ao SAG).É um tema que afeta mais os americanos que os brasileiros,afinal nosso país não sofreu com a crise econômica.Bjs.

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Gostei desse filme, realmente o roteiro é sensacional e dá essa “explicação” ao leigo, acho que o Simon Baker está excelente na pelicula. Foi o único que me convenceu, Irons e Spacey, que esperava muito, foram fracos, burocráticos.

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Paulo, isso é verdade. O tema afeta mais os norte-americanos que os brasileiros, mas acho que o diretor conseguiu fazer um filme universal. Beijos!

Cassiano, eu também gostei desse filme. O Simon Baker está ótimo, bem crédulo mesmo.

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Gostei do filme, tive uma boa impressão dele. O elenco faz um bom trabalho, o que eleva o nílve do filme.

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Ótimo texto, Ka. Coeso e explicativo.
mas pq 3 estrelas (ou rolos de filme)? rs.
Quando assisti ao filme, fiz sessão dupla com “Trabalho Interno”. Recomendo, é uma experiência muito bacana.
Acho que Chandor só acerta: estilo documental pertinente, um roteiro que transborda inteligência e diálogos ferozes e o elenco… wow, que elenco! Destaques para os sensacionais Irons e Spacey.

Bjs!

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Luís, eu também gostei do filme e fiquei com essa boa impressão da obra. O elenco, com o roteiro, são os dois grandes destaques da obra.

Amanda, tente conferir. Aposto que você vai gostar.

Elton, obrigada! Na verdade, a cotação seria três estrelas e meia, mas essa cotação ainda não existe no esquema do “rolos de filme”. rsrsrsrs

Ainda não tive a chance de assistir “Trabalho Interno”, mas anotei a dica. Também acho que Chandor só acerta, apesar de concordar com um comentário acima que disse que Irons estava caricatural. Em relação ao Spacey, acho que ele funciona muito bem nesse tipo de papel.

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Eu achava que ia ficar meio perdido devido ao tema do filme, mas é bom saber que eles abordam a situação de um jeito acessível… tô com o blu-ray separado aqui faz um tempo já, quem sabe assista em breve! O elenco é excelente

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O que eu acho mais incrível nesse filme, para além do roteiro certeiro sobre tema espinhoso, é a noção de tempo que se constrói. Temos uma catástrofe financeira iminente, mas nunca se busca um clima de agitação ou preocupação. Tudo é muito clamo, sereno mesmo, na própria angústia de se buscar uma saída possível para aquela situação, ou pelo menos um atenuante. Elenco afiadíssimo ajuda bastante.

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Bruno, assista, sim. Espero que goste do longa!

Rafael, mais uma vez, perfeito comentário. Concordo com tudo. Não tinha notado essa questão do tempo, mas você está certíssimo no seu raciocínio e na sua percepção.

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