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Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge

publicado em:9/08/12 8:08 PM por: Kamila Azevedo Cinema


Na sala de cinema em que assisti “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, filme dirigido e co-escrito por Christopher Nolan, uma das primeiras propagandas a passar na sessão foi uma campanha da Coca Cola que fala o seguinte: “Todos nós já fomos herois um dia. Com superpoderes, do lado dos bons. Tá na hora de vestir aquele uniforme de novo. Porque o mundo precisa de herois como você. E quem pratica o bem merece uma homenagem. Existem razões para acreditar. Seja também uma delas”. De uma certa maneira bem curiosa, esse comercial funciona perfeitamente como um prólogo do filme que iremos assistir.

“Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” fala, basicamente, sobre a necessidade da existência de herois, especialmente em um mundo sombrio, dominado pelo senso de vingança e de dor. Talvez, por isso mesmo, o roteiro escrito por Christopher Nolan e Jonathan Nolan divide muito bem o foco da trama, oferecendo espaço para que todos os personagens tenham seu momento heroico, em que revelam uma veia corajosa e inspiradora. Isso vai muito bem de encontro a uma determinada fala de Bruce Wayne (Christian Bale), no filme: “um heroi pode ser qualquer um. Até mesmo um homem fazendo algo tão simples e confortante quanto colocar um casaco sob os ombros de uma criança para assegurá-la de que o mundo não acabou”.

É até curioso que, por boa parte de “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, o protagonista está fora de tela, possibilitando à Christopher Nolan a chance de desenvolver melhor personagens como o Comissário Jim Gordon (Gary Oldman), o detetive Blake (Joseph Gordon-Levitt), a misteriosa Selina (Anne Hathaway, ótima), o detetive Foley (Matthew Modine), assim como os fieis escudeiros Alfred (Michael Caine) e Fox (Morgan Freeman). Isso está explicado pelo fato de que Bruce Wayne se impôs um auto exílio após assumir a culpa pela morte do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart). Em consequência disso e de uma lei de tolerância zero, a criminalidade foi quase extinta de Gotham City. É como se o Batman não fosse mais necessário.

Toda essa conjuntura muda de figura com a entrada de Bane (Tom Hardy, numa performance impressionante) no filme. Um dos maiores vilões que essa franquia já viu, Bane é um cara extremamente forte e com uma característica quase anárquica, que combina muito bem, por exemplo, com outro grande vilão dessa série: o Coringa de Heath Ledger. O plano de Bane para a cidade de Gotham é quase que megalomaníaco e o desejo maior dele é dar o controle da localidade ao povo, de forma que eles possam utilizar o instrumento que for mais adequado a eles para alcançar a sua liberação. Ou seja, temos o cenário perfeito para o ressurgimento do Cavaleiro das Trevas, num momento em que a cidade dele necessita de alguém como ele, que também mexa com a localidade, mas de uma forma completamente diferente.

Por causa disso, desse ponto de virada na história, “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” adota um tom muito condescendente – e até mesmo otimista – no seu ato final, que não combina muito com o teor obscuro dos filmes anteriores dessa franquia. Mesmo assim, isso (além de algumas falhas de roteiro por causa da existência de muitas subtramas e do péssimo desenvolvimento da personagem interpretada por Marion Cotillard) fica muito bem disfarçado por causa da enorme capacidade de Christopher Nolan como diretor. Ele sabe muito bem como criar a atmosfera certa para seus longas e como conduzir a plateia de forma a que ela entre dentro da história que ele quer contar. Nesse sentido, “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é um filme que oferece uma conclusão muito interessante a essa primeira parte da sua trilogia para o Homem-Morcego, ao mesmo tempo em que deixa uma porta aberta para uma nova trilogia.

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Jonathan Nolan e Christophr Nolan (com base na história de Christopher Nolan e David S. Goyer e nos personagens criados por Bob Kane)
Elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Michael Caine, Matthew Modine, Daniel Sunjata, Nestor Carbonell
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O Cinéfila por Natureza vai tirar umas férias, para um merecido descanso. Retornamos no dia 26 de agosto com mais posts. Até a volta!!



A última modificação foi feita em:setembro 2nd, 2012 as 10:52 pm


Jornalista e Publicitária


Comentários


Uma nova trilogia que eu pagaria pra ver. Adorei o final. Mas não chamaria de falhas de roteiro. Diria que Nolan viciou na ideia de tentar nos enganar. É uma forma de se contar a história. Duvidosa? Ok. Mas é uma forma.

Bjs!

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nossa nunca tinha me dado conta que essa surpresa que os filmes de Nolan sempre tem, chega a beirar um vício… interessante, interessante

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Ah, e ótimas férias pra você! Beijo!

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Otavio, eu também pagaria para ver uma nova trilogia, assim como também gostei do final às claras, apesar do tom condescendente de algumas falas. Mas, não acho que Nolan tenha tentado nos enganar. Pelo contrário… Beijos e obrigada! As férias foram ótimas!

Raphaela, o Nolan é um grande cineasta, sem dúvida.

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Kamila,vc acha que “Batman-O Cavaleiro das Trevas ressurge” tem força para chegar nas principais categorias do Oscar 2013? não me recordo de uma adaptação de quadrinhos ter sido nomeada na categoria direção e filme.Acho que pela “trilogia” o Nolan merece,o q vc acha?

Beijos e boas férias!

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É inferior aos capítulos anteriores, mas certamente uma ótima conclusão para a saga. Felizmente, os pequenos defeitos presentes aqui e acolá não prejudicam a trajetória do Homem Morcego de símbolo à lenda de Gotham.

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di alguns buracos não puderam passar batido.. e o final foi totalmente incoerente com a franquia… digo e repito, nolan é nolan, mesmo não estando na sua melhor forma nesse filme..

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Paulo, tem por causa do hype envolvido em torno do filme e por se tratar do último longa dessa trilogia. Apesar de eu achar que, dos três filmes, esse é o que menos merece chegar ao Oscar. Beijos e obrigada! As férias foram ótimas!

Yuri, exatamente. Perfeita forma de definir este filme.

Raphaela, não achei o final incoerente com a franquia.

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Muito interessante sua analogia com a propaganda da Coca-Cola que não duvido que tenha sido planejada para isso. É isso, a grande questão de Batman, de qualquer um poder ser ele, é o que mais gosto no personagem. Um herói que não se expõe, se sacrifica e luta por um símbolo maior. Acho que a trilogia se fechou bem. Podemos ver falhas nesse último, mas no geral, fechou bem o pacote. Quanto a uma nova trilogia, apesar do final aberto, eu preferia que ficasse assim. Mas, claro que a indústria não vai deixar a Warner parar por aqui…

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Olá Kamila, acredite ou não eu ainda não tive oportunidade de ver “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, não tem cinema em minha cidade e por causa dos compromissos profissionais e de questões pessoais não consegui tirar um final de semana para ir em alguma outra cidade vizinha onde ele tivesse em cartaz para vê-lo, infelizmente terei que esperar o lançamento em DVD…

Achei muito interessante sua análise à luz desta premissa de que precisamos de heróis, me deixou ainda mais curioso!

http://sublimeirrealidade.blogspot.com.br/

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Ainda não fui assistir, mas as expectativas estão altas… tenho muita curiosidade em ver o Bane. Era uma tarefa ardua fazer vilão do terceiro filme depois do que o Heath Ledger fez em Dark Knight, mas parece que o Tom Hardy correspondeu as expectativas.

Boas férias!

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Amanda, pois é. Eu fiquei me perguntando a mesma coisa sobre o comercial da Coca Cola. Também acho que a trilogia se fechou bem, apesar de algumas falhas.

José Bruno, espero que consiga assistir ao filme e tire sua própria conclusão sobre o fechamento desta trilogia.

Bruno, o Bane é um dos destaques desse filme, sem dúvida, um vilão memorável e à altura do Coringa do Heath Ledger. Obrigada! As férias foram ótimas!

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2° comentário:

NÃO CONTÉM SPOILERS

Assisti ontem a noite.E o filme de Christopher Nolan não sai da minha mente.Ele colocou as adaptações de HQ em outro patamar.A partir de agora tudo será diferente.O feito que ele conquistou na trilogia “Batman” é comparado ao que Paul Greengrass fez com aos filmes de ação na”Trilogia Bourne” pancadaria,barulhento,mas com inteligência e conteúdo.Um herói questionado,em crise,um filme sombrio,triste,como o mundo que vivemos.Isabela Boscov foi perfeita na revista VEJA:”O Cavaleiro das Trevas Ressurge é o non plus ultra do cinema de ação:eletriza o espectador com o seu virtuosismo e o abala com a profundidade de sua angústia sobre o mundo pós-11 de setembro”.PERFEITO.O espirito do filme é esse.Discordo em relação a performarce de Tom Hardy(ótimo,mas não me impressionou),prefiro Joseph Gordon Levitt(que vontade de contar o segredo desse personagem,mas não vou ser estragar prazer rsrsrs,seria deselegante com que não viu o filme) ,Michael Caine e Marion Cotillard(no último terço do filme ela está fantastica).O final uns gostam outros não.Eu gostei(e de novo fico restrito a comentar para não contar nenhum segredo).Só posso dizer uma coisa:a parte final o Christopher Nolan não enganou ninguém.Estou querendo rever.”Batman O Cavaleiros das Trevas Ressurge é um arraso”.

Beijos!

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Não diria exatamente que a ausência de Bruce Wayne no filme permite um maior desenvolvimento dos personagens. Para ser sincero, acho que nenhum é verdadeiramente desenvolvido, talvez apenas Blake e, um pouco, o personagem Gordon. Mas, admito, gostei bastante do filme e acho-o interessante, um dos meus grandes deleites desse ano.

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Tb acho q esse Batman deu uma aliviada no final, mas ainda assim é um bom filme. Um dos melhores do ano no cinema.

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Paulo, eu gostei desse filme com ressalvas. E discordo de muitos pontos do seu comentário, especialmente em relação à Marion Cotillard, que foi prejudicada pela péssima construção de sua personagem. Mas, concordamos que Nolan levou a adaptação de personagens de histórias em quadrinhos a outro nível. Beijos!

Luís, gosto do filme, mas não o considero um dos melhores do ano.

Celo, discordo que seja um dos melhores filmes do ano..

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Ei, Ei, tudo bom?
As grandes expectativas que criei foram por água abaixo, o que foi uma pena, esperava algo do nivel do filme anterior, um vilão, um texto e uma direção tão boa quanto, o que recebi foi um filme “burocrático”, um vilão enfadonho e uma mulher gato broooXXante, enfim, acho que o Nolan poderia ter feito melhor.

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Kamila, interessante a associação que você faz sobre o comercial que você viu com o filme. Pena que no filme eu não vi nenhum tipo de discussão válida sobre o papel de um herói ou a necessidade da existência de um. E ao contrário de você, não tenho qualquer complacência quanto a direção de Christopher Nolan. Ele fez um texto ruim e a sua direção nada faz para disfarçar isso. Há tantas coisas inconvincentes na história que não há como perdoar e tudo piora ainda mais com a visão realista pretensiosa que Nolan faz deste universo do Batman. Uma grande bobagem.

Excelente descanso, Kamila. Aguardamos pelo seu retorno!

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Acredita que ainda não vi nenhum da trilogia? Preciso corrigir isso, rs

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Cleber, tudo bem, obrigada. E você? Eu não esperava muita coisa desse filme, gostei da obra, mas com as ressalvas que faço em meu texto.

Alex, o texto do filme é ruim, mas acho que a habilidade do diretor disfarça bem esses defeitos. Obrigada! As férias foram excelentes, mas estou com saudades daqui e dos meus filmes… rsrsrsrs

Raspante, não acredito! Assista, então, aos três filmes, logo, de uma vez!

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Olha, não estou tão convencido assim de que existiam pontas soltas a serem retomadas nesse filme como dizem por aí (até porque esse novo filme começa com Gotham em paz). De qualquer forma, tem-se aqui um filme mais comercial, que não traz as mesmas discussões de ordem moral, social e política dos dois filmes anteriores. Seria um retorno ao tom mais aventuresco das histórias de super-heróis, ainda com aquela pegada realista que o Nolan tão bem introduziu ao universo do homem-morcego. Mas seu maior problema é tentar ser maior que os outros, com mais personagens, reviravoltas e situações grandiosas. Daí que por vezes a coisa desanda. Mas no fim das contas ainda me agradou, apesar de não ser o exagero que andam propagando.

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O Caso Nolan… Hum…

Gostei do seu texto.

Você já pensou em escrever um roteiro ou dirigir um filme?

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Gostei muito desse filme e vou sentir saudade dessa triologia, e confesso que achei esse filme melhor que o primeiro, mas ainda não chega aos pés do segundo. Pelo menos dá pra fazer um jogo quem é a melhor Mulher-Gato da história do Homem-morcego já que gostei muito da atuação da Anne, pena que o filme não explorou todo o potencial dela diante de tantos personagens. Mas diante de tantas decepções neste ano nos cinemas, Batman Ressurge é um programão (se diminuisse a duração, seria melhor ainda).

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Rafael, sim, trata-se de um filme mais comercial, sem aquelas discussões de ordem moral vistas nos filmes anteriores dessa série. Concordo com o ponto final de seu comentário!

B. S. Lima, não tenho o dom para escrever um roteiro ou dirigir um filme. Só tento escrever aqui sobre a forma que os filmes que assisto me fazem sentir.

Fabrício, discordo… Esse filme é o mais fraco dos três da série do Nolan.

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Depois de ouvir comentários negativos, por parte de um colega que se diz fã do Homem-Aranha, sobre o novo filme do Aracnídeo, achei que ele ia tecer comentários ruins sobre o filme do homem-morcego. Pra evitar, reunimos uma turma para assistir a última parte da trilogia. E todos saímos embasbacados com o primor da fotografia, trilha e personagens. A mulher (que não é gato) gatuna roubava, sem trocadilho, a cena toda vez que surgia. No geral, um ótimo filme. Pena que, até onde sei, não teremos um quarto ou quinto ou sexto filme… Valeria. Milhões para eles. Entretenimento para nós. Quanto ao “amigo da vizinhança” Peter Parker, gostei do filme também.

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Edvaldo, a parte técnica deste filme, realmente, é impecável, mas, como eu mesma disse em meu texto, acho que o roteiro tem problemas. Acho que Nolan pode vir com mais uma nova trilogia, com uma nova abordagem.

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