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O Legado Bourne

publicado em:22/09/12 1:48 AM por: Kamila Azevedo Cinema


Existe um detalhe que é muito importante saber durante a experiência de se assistir a “O Legado Bourne”, do diretor e co-roteirista Tony Gilroy. O filme não é uma continuação da trilogia estrelada por Matt Damon, e sim, uma trama independente quase sobre os desdobramentos da situação vivenciada pelo agente Jason Bourne, especialmente dos acontecimentos vistos em “O Ultimato Bourne”, de Paul Greengrass. Assim como Jason, o agente Aaron Cross (Jeremy Renner) é uma “vítima” do sistema e, assim como a personagem interpretada por Matt Damon, o protagonista deste longa irá levantar uma verdadeira cruzada, sozinho, contra o sistema que o forjou.

O roteiro escrito por Tony e Dan Gilroy segue muito bem o estilo da trilogia na qual se baseia. Além da Operação Treadstone (da qual Jason Bourne fazia parte), nós temos a Operação Blackbiar (que nos foi apresentada nos filmes da trilogia original) e, agora, a Operação Outcome, programa secreto desenvolvido pela CIA no qual Aaron Cross está envolvido e que tem o objetivo de formar seres humanos superiores do ponto de vista físico e mental. O mais curioso em “O Legado Bourne” é perceber que a motivação da personagem principal aqui é muito diferente da do protagonista da trilogia original, uma vez que Jason Bourne lutava para encontrar a sua identidade, enquanto que Aaron Cross briga porque ele tem uma séria dependência química aos medicamentos que fazem parte da sua atividade como agente da Operação Outcome. Ou seja, a motivação de Jason Bourne é muito mais humana do que a de Aaron Cross – e esse é um dos problemas deste longa.

Baseado numa obra de Robert Ludlum, autor especialista em livros do gênero de suspense, “O Legado Bourne” segue muito bem o estilo desse gênero. Apoiado em teorias conspiratórias e, principalmente, no fato de que o sistema (leia-se a CIA – Agência Central de Inteligência) é o grande vilão da história, temos aqui uma repetição de vários clichês – e todos eles estão representados pelo Coronel da reserva Eric Byer (Edward Norton), que é o responsável por decretar o fim do programa do qual Aaron Cross faz parte, transformando-o num arquivo vivo que precisa ser deletado. A história de Aaron Cross ganha contornos mais humanistas a partir do instante em que a personagem passa a se relacionar com a doutora Martha Shearing (Rachel Weisz), ela própria também uma vítima do sistema contra o qual Cross luta.

Ao contrário dos filmes da trilogia original, “O Legado Bourne”, talvez, por causa da presença do diretor Tony Gilroy, tem uma essência bem mais informativa. É importante para a plateia prestar bem atenção à trama do filme, que privilegia muito mais a ação dramática em detrimento da ação física. A verdade é que “O Legado Bourne” só lembra os longas da trilogia original na sensacional cena de perseguição de moto nas ruas de Manila. No resto, “O Legado Bourne” é um filme mais racional, que funciona muito bem como complemento ao que assistimos em “O Ultimato Bourne”, dando um fechamento bem interessante àquela história, ao mesmo tempo em que atua como um longa independente que pode muito bem se transformar numa franquia própria.

O Legado Bourne (The Bourne Legacy, 2012)
Direção: Tony Gilroy
Roteiro: Tony Gilroy e Dan Gilroy (com base na história de Tony Gilroy e no livro escrito por Robert Ludlum)
Elenco: Jeremy Renner, Scott Glenn, Stacy Keach, Edward Norton, Rachel Weisz, Zeljko Ivanek, Albert Finney, Oscar Isaac, David Strathairn, Joan Allen



A última modificação foi feita em:setembro 30th, 2012 as 5:04 pm


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Comentários


Kamila,”A Trilogia Bourne” é minha franquia de ação favorita.Mudou os rumos do cinema de ação em Hollywood.Toda vez que eu revejo os três filmes(e “Supremacia Bourne” e “Ultimato” são meus favoritos).Gosto da maneira que Jason Bourne(Matt Damon) se indaga quem ele é? e “o que eu fiz?” brilhantemente orquestrado por Paul Greengrass.Semana passada eu iria pegar a sessão de “O Legado Bourne” mas as salas estava, cheias e fiquei com “O Ditador” de Sacha Baron Cohen.Tem uma pergunta que não quer calar:o que você achou da atuação de Edward Norton?

Beijos!

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Pois é, o filme tem apenas ecos da trilogia, com uma narrativa confusa que termina em correria exagerada. Uma pena.

Mas… você nem falou de Edward Norton. O que houve??? hehe.

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Pedro, gosto do Jeremy Renner e acho ele um ótimo ator, que encontrou um bom caminho estrelando esses filmes de ação.

Paulo, não sei se podemos dizer que o que Edward Norton fez, em “O Ditador”, foi uma atuação. Foi mais pra participação especial. Eu fiquei surpresa com a presença dele no filme, mas acho legal que ele faça isso. Mostra que ele sabe rir de si mesmo e não se leva tão a sério assim. Beijos!

Amanda, mas, eu falei dele! rsrsrsrs Sou uma fã imparcial. Não fico elogiando demais ele, só quando ele merece. :p rsrsrsrs

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Eu confesso que não sou fã da “trilogia original”, mas gosto do trabalho de Matt Damon. Minha curiosidade também é pelo desempenho do Jeremy Renner que é um ator muito bom e que se dedica. Acredito que o filme tenha alguns efeitos de clichê mesmo e que a narrativa se apoie na mesma estrutura dos três filmes anteriores, ainda que, como você disse, a trama nada tenha a ver como continuação. Enfim, eu espero mesmo gostar…

E, sim, Norton está bem aqui? Ou caricato? rs
Beijos

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Cristiano, eu gosto muito da trilogia original. O Edward está muito bem aqui. Ele sabe como interpretar bem um vilão, alguém com dualidades de caráter. Espero que goste do filme. Beijos!

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Até que eu gostei desse filme, mas não contive os risos ao ver que o “mocinho” tá desesperado para tomar uma droga da inteligência. E gostei da química entre Jeremy Renner e Rachel Weisz.

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Fabrício, eu também achei interessado e esse negócio da dependência química é sério, nada de brincadeira. rsrsrs Também gostei da química entre Rachel e Jeremy.

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Não consegui ver ainda, Kamila. Me pareceu uma ideia bem safada, como “A Trilha da Pantera Cor-de-Rosa”, feito sem Peter Sellers. Acabei não me esforçando pra ver. Mas até que você me animou agora.

Bjs!

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Otavio, pra ser bem sincera, a ideia desse filme não tem nada de safada… Mas, assista. Vai que você aprecia! Beijos!

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