logo

O Ditador

publicado em:27/09/12 1:50 AM por: Kamila Azevedo Cinema


Existe algo de muito positivo em “O Ditador”, novo filme estrelado pelo comediante inglês Sacha Baron Cohen e que marca mais uma parceria dele com o diretor Larry Charles. Ao contrário de “Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América” e “Bruno”, este longa foge da fórmula mockumentary, em que Sacha Baron Cohen se camuflava como esses personagens e se tornava mais um no meio da multidão, interagindo com essas pessoas e tirando dessas situações vivenciadas o senso de humor que eram a marca mais forte desses seus filmes. Até mesmo porque, a cada novo ano isso seria impossível, tendo em vista a notoriedade cada vez maior que o comediante inglês tem adquirido em terras norte-americanas.

Apesar disso, “O Ditador” mantém em si as características mais peculiares do estilo de humor que é o cartão de visitas de Sacha Baron Cohen. O comediante inglês adora se colocar em situações que chegam ao limite daquilo que pode ser considerado politicamente correto e continua adotando piadas que são muito apelativas e, em alguns casos, até mesmo sem graça. Mas, no caso de “O Ditador”, o curioso é que isso funciona muito bem, uma vez que Cohen optou por oferecer um tom propositalmente caricatural e exagerado ao seu filme.

O roteiro acompanha o Almirante-General Aladeen (Sacha Baron Cohen), que é o líder supremo de um país chamado Wadiya. A personagem principal deste filme lembra muito Saddam Hussein, especialmente em sua personalidade megalomaníaca e na forma como ele comanda o seu país e as relações externas. Assim como em seus filmes anteriores, o comediante inglês tira o humor de seu longa do conflito entre duas culturas diferentes e, principalmente, de pensamentos opostos. Portanto, mais uma vez, ele leva sua personagem da vez para os Estados Unidos da América, aonde Aladeen pretende discursar na Assembleia Geral da ONU sobre a situação de seu país.

“O Ditador” ganha um rumo meio “Um Príncipe em Nova York” na medida em que a personagem principal começa a se relacionar com Zoey (Anna Faris), uma mulher de pensamento bastante progressivo e que é a personificação também caricatural daquelas pessoas cujas ideias são muito de esquerda. Ao deixar uma subtrama como essa ganhar destaque em um filme como “O Ditador” temos o tipo de concessão aos padrões hollywoodianos que eu, por exemplo, nunca esperaria que Sacha Baron Cohen iria fazer. Entretanto, o importante, ao analisar este filme, é perceber que o comediante inglês continua com uma atitude corajosa, especialmente nas críticas que faz aos Estados Unidos (o discurso de Aladeen no dia da assinatura da nova Constituição de Wadiya é o momento mais genial de Baron Cohen no cinema, até agora). A se lamentar somente o fato de que cenas brilhantes como essa estejam inseridas num filme que é irregular, mas que já é um progresso enorme se comparado aos seus dois longas anteriores. Um dia, Sacha Baron Cohen chega lá!

O Ditador (The Dictator, 2012)
Direção: Larry Charles
Roteiro: Sacha Baron Cohen, Alec Berg, David Mandel, Jeff Schaffer
Elenco: Sacha Baron Cohen, Horatio Sanz, Ben Kingsley, Megan Fox, Anna Faris, Chris Parnell, Jessica St. Clair, Kevin Corrigan, Fred Armisen, John C. Reilly, Edward Norton



A última modificação foi feita em:outubro 5th, 2012 as 9:38 pm


Jornalista e Publicitária


Comentários


Kamila tenho algumas discordâncias com a sua critica.Apesar de os dois rolinhos ser uma cotação baixa(e nisso estamos parecidos) o que eu discordo é dos pontos fortes de “O Ditador”.Prefiro um Sacha Baron Cohen no meio da multidão,irônico,cinico e provocando os entrevistados para eles demonstrarem o preconceito e a intolerância.Discordo que o discurso de Aladeen é o mais hilariante,uma vez que a cena do rodeio em Kroger Valleydale é genial pela provocação(Cohen no minimo correu risco de ser linchado pelos conservadores).Mas cada um tem seu momento favorito.Mas Kamila,meu problema em “O DItator” é outro.O mal gosto que foge do politicamento correto e cai na grosseria gratuita(principlamente uma piada sobre um possivel aborto de Kate Middleton e um desrespeito a Angelina Jolie e Oprah Winfrey.)Gostei da participação de Edward Norton.Não posso dizer o mesmo de Ben Kingsley.Já a Anna Faris é uma comediante talentosa que um dia vai ter a oportunidade de interpretar um papel escrito a altura do talento dela(das comediantes femininas sou fã dela e da Kristen Wiig).Sacha Baron Cohen é um cara inteligente,formado em cambridge e entende do assunto relacionado a diferenças culturais.Esse humor utilizado na trilogia “Borat/Brüno/O Ditador” esta desgastado.Ele é muito talentoso e quero conhecer o ator Sacha Baron Cohen-já atuou com diretores do calibre de Tim Burton e Martin Scorsese- estou curioso para conferir a performance dele no esperado musical “Les Misérables” do “Oscarizado” Tom Hooper.

Beijos!

Responder

Paulo, e eu discordo de você. Mas, na cena do discurso, Cohen foi provocador – e muito. Além de corajoso no que falou. Concordo com o que você disse sobre a Anna Faris. Eu gosto muito dela e espero que ela tenha chance de provar seu talento num bom filme, algum dia. Beijos! E eu não gosto do Sacha Baron Cohen… rsrsrsrs

Responder

Gosto é muito relativo, mas esse filme é horrível, o q o trailer tem de bom o filme tem de ruim.
Até hj não entendo como Borat fez tanto sucesso.

Responder

Eu não tenho muita vontade de conferir, espero que, pelo menos, exista um tom de ironia e humor inteligente neste roteiro – pois, sinceramente, não sou fã do trabalho do Sacha Baron Cohen. Acho ele o mesmo em tudo que personifica, ou seja, interpreta ele próprio…

Beijos!

Responder

Acho Borat genial, não gosto de Bruno e acho Ditador ruim, bem ruim, perto dos piores filmes de Adam Sandler e companhia. Sacha Baron Cohen se desgastou mesmo, precisa se reiventar.

Responder

Pablo, realmente, gosto é muito relativo. Apesar de ser horrível mesmo, acho que esse filme tem poucas qualidades.

Cristiano, ironia e inteligência só nessa cena do discurso que eu citei. É uma cena simplesmente genial. Eu também não sou muito fã do tipo de humor que o Sacha Baron Cohen faz. Os filmes dele, definitivamente, não são para mim. Beijos!

Celo, eu gosto mais de “Borat” que de “Bruno”, mas “O Ditador”, por ser mais próximo do que eu considero ser cinema, me agradou bem mais que os outros. E concordo que Baron Cohen precisa se reinventar.

Responder

Pois é… não tinha como ele seguir o esquema dos filmes anteriores… ter um roteiro propriamente dito foi uma evolução, ainda que seja um trabalho irregular. Gostei e ri bastante de várias situações, principalmente aquela no helicóptero!

Responder

Bruno, pois é. Pra mim, o esquema dos filmes anteriores já estava esgotado. Eu também ri com várias situações, o que já foi uma evolução na minha reação, especialmente se comparado com a forma como eu vi os dois outros filmes do Baron Cohen.

Responder

Eu gosto do Sacha Baron Cohen, mas acho que esse personagem estrangeiro, perdido nos EUA, já cansou. É o terceiro filme assim. Melhor ele virar a página.

Bjs!

Responder

Otavio, também acho que ele precisa virar a página, senão corre o risco de ficar conhecido como o comediante de uma nota só. Beijos!

Responder

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.