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Ted

publicado em:11/10/12 1:37 AM por: Kamila Azevedo Cinema

“Ted”, filme co-escrito, dirigido e produzido por Seth MacFarlane, poderia ser resumido de uma forma um tanto simples, mas bastante desvirtuada: um “Toy Story” para adultos, com muita ironia e sarcasmo. Explico: a história principal segue um homem chamado John Bennett (Mark Wahlberg) que encontra na figura de um urso de pelúcia chamado Ted (dublado pelo próprio Seth MacFarlane), que ele ganhou de presente de Natal, quando ainda era uma criança, um melhor amigo para a vida toda. O tempo passou, Ted ganhou vida, deixando de ser uma criatura inanimada; John cresceu e virou um adulto de 35 anos; mas ele, simplesmente, não consegue largar o amiguinho de pelúcia.

O conflito interessante de “Ted” é justamente esse: ver um homem de 35 anos, que está estagnado profissionalmente num emprego de vendedor em uma loja de carros; mas, que, ao mesmo tempo, possui um relacionamento estável com Lori (Mila Kunis), uma profissional muito bem-sucedida no ramo em que escolheu seguir; simplesmente não conseguir amadurecer, assumir responsabilidades e tentar modificar certos aspectos de sua vida. E isso está diretamente relacionado ao fato de que, pra continuar com a analogia feita com “Toy Story”, John não consegue largar seu melhor amigo Ted, como Andy fez com Woody e Buzz Lightyear na lindíssima cena final de “Toy Story 3”, quando ele deixa seus amados brinquedos com uma nova criança, pois chegou a hora de ele ir para a faculdade. Esse é um rito de passagem da infância para o início de uma vida adulta que todos nós temos que passar, mas que John se recusa a viver e vai continuar a não enfrentar, pois esse não é o objetivo de um filme como “Ted”.

Um filme como “Ted” é o resultado direto de programas feitos para a geração MTV, dos anos 90, como “Beavis & Butthead”, e, até mesmo, de seriados como “Family Guy”, que gira em torno de uma família disfuncional que é colocada em situações de paródias que tiram a sua inspiração de elementos da cultura pop norte-americana. Neste sentido, é até “compreensível” que Ted e John passem boa parte de seu dia sentados no sofá, assistindo TV e fumando maconha. É até “compreensível” que o filme se apoie em figuras caricaturais, como o chefe que dá em cima da sua subordinada gatinha. É até “compreensível” que vejamos Ted, que, lembramos, é um urso de pelúcia que ganha vida por um simples desejo de seu dono, fazendo coisas que são um puro reflexo da juventude atual (diversão desmedida, o desapego em tudo no geral, promiscuidade). Isso é considerado normal no mundo em que vivemos atualmente.

Essa pode ser até uma forma moralista de se ver “Ted”, uma vez que o filme não tem muito esse propósito, na realidade. A verdade é que “Ted” pode ser interpretado como uma grande ironia, a começar pela situação vivida pela personagem principal. Então, vamos partir para a visão mais óbvia sobre esse longa: além de retratar uma história sobre a constante desvirtualização de valores que estamos percebendo, especialmente, na juventude atual; esta é uma daquelas obras que reforça o maior estereótipo e crença sobre os homens no geral: a de que eles, realmente, demoram a amadurecer, são eternos meninos, com um diferencial importantíssimo de John Bennett para os seus pares, uma vez que é preciso muita coragem para um cara assumir um ursinho de pelúcia como seu melhor amigo. Nisso, ele merece o nosso respeito.



A última modificação foi feita em:novembro 17th, 2012 as 12:16 pm


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