(Tolerância [2000] – diretor: Carlos Gerbase)

“Tolerância”, filme nacional dirigido por Carlos Gerbase, é uma obra bastante curiosa. O casal central, formado por Júlio (Roberto Bomtempo) e Márcia (Maitê Proença), tem uma relação apoiada em uma ética muito forte: a sinceridade e o fato de que nada que aconteça fora desse relacionamento será colocado acima da família deles, que é completada pela única filha Guida (Ana Maria Mainieri).

Entretanto, o roteiro escrito por Carlos Gerbase, Jorge Furtado, Álvaro Teixeira e Giba Assis Brasil os coloca numa situação de crise, na medida em que os dois casos deles fora do casamento – ela com o cliente Teodoro (Nélson Diniz) e ele com Anamaria (Maria Ribeiro), melhor amiga de sua filha – começam a influenciar diretamente na rotina deles dentro de casa. De um filme sobre um casal em crise, basicamente por causa da infidelidade de ambos, “Tolerância” se transforma num longa de suspense, que resulta em dois crimes de caráter puramente passional.

“Tolerância” se apoia em uma teoria: a de que todos desejam e querem ser livres, mas isso só pode acontecer se todos forem tolerantes uns com os outros. Os acontecimentos deste filme provam justamente que a tolerância é uma virtude rara. O longa tem o mérito de fugir dos temas comuns abordados no cinema brasileiro, com uma trama sensual, de mistério, bem atuada por Roberto Bomtempo e Maitê Proença, mas que, mesmo assim, tem um roteiro bastante frágil.