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Shame

publicado em:29/10/12 9:09 PM por: Kamila Azevedo DVD

“Shame”, filme dirigido e co-escrito por Steve McQueen, é uma obra bastante forte. O título original do filme, em si, já é carregado de muito peso em seu significado. O sentimento de vergonha está ligado a um estado emocional em que a pessoa pode sentir um conjunto de sensações que pode ser um reflexo de timidez, de desgraça ou, até mesmo, da condenação de um pensamento ou de um ato. Um dos elementos mais curiosos nessa obra, no entanto, é que a gente só consegue enxergar o sentimento de vergonha estampado na cara de Brandon (Michael Fassbender) em um único momento: quando ele broxa diante da mulher por quem ele está começando a nutrir algum sentimento de carinho.

Isso acontece, pois Brandon é um ser completamente dominado pela sua libido. É certo dizer que o primeiro e o último pensamento dele, durante os seus dias, giram em torno do sexo. De uma certa maneira, o roteiro escrito por Steve McQueen e Abi Morgan nos mostra que, talvez, a própria identidade de Brandon está suprimida, como se ele fugisse de seus problemas, do relacionamento difícil com a irmã Sissy (Carey Mulligan) e das cobranças de sua vida profissional ao se colocar diante de experiências sexuais em que ele, na realidade, não é confrontado com qualquer tipo de sentimento, nem com o de prazer. É como se, a cada vez que ele se insere dentro de um contexto sexual, Brandon estivesse suprindo a única necessidade humana que ele realmente possui.

“Shame” acaba ficando como um filme bastante emblemático sobre pessoas como Brandon, cujos vazios são tão grandes, que eles tentam preencher isso se colocando em situações que são extremas, que os permitem chegar bem perto de seus próprios limites. Entretanto, um dos elementos mais legais de “Shame” é que, como um bom filme centrado na figura de uma única personagem, ele nos permite a aproximação com Brandon e a possibilidade de vê-lo analisar seu próprio comportamento e chegar às devidas conclusões sobre a forma como ele se posiciona diante da vida – nesse sentido, é importantíssimo a presença de Sissy em sua rotina, até porque é necessário que pessoas como ela venham para dizer as verdades que precisam ser ouvidas.

Segunda parceria seguida do diretor Steve McQueen com o ator Michael Fassbender (que recebeu uma indicação ao Globo de Ouro 2012 de Melhor Ator num Filme Dramático), “Shame” tira muito de sua força, não só do ótimo roteiro, como também, do bom entendimento e da confiança que existe entre o diretor e seu ator principal. Fassbender está excelente como um homem que se recusa a receber ajuda, talvez, por achar que não precisa. Isso é perfeitamente notado, pois o ator tem como parceira em cena a atriz Carey Mulligan. Sua personagem, Sissy, compreende perfeitamente o irmão, com uma sutil diferença: ela quer encarar seus sentimentos, ela não foge da sua vulnerabilidade emocional. A melhor ajuda que ela pode oferecer a Brandon é ao tentar mostrá-lo esse lado, que está expresso numa das cenas mais contundentes de “Shame”, quando ela olha para o irmão e diz: “nós não somos más pessoas. Nós só viemos de um lugar ruim”.



A última modificação foi feita em:novembro 17th, 2012 as 12:09 pm


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