logo

Um Clarão nas Trevas*

publicado em:5/03/13 1:52 AM por: Kamila Azevedo DVD

O gênero de suspense é acostumado a nos apresentar a personagens que possuem algum tipo de limitação física e se vêem envolvidos em situações que exigem tudo do ponto de vista psicológico deles. Foi assim com o personagem interpretado por James Stewart no clássico “Janela Indiscreta” e com o escritor vivido por James Caan em “Louca Obsessão”. E este também é o caso de Susy Hendrix, mulher interpretada por Audrey Hepburn no filme “Um Clarão nas Trevas”, do diretor Terence Young.

Baseado na peça de Frederick Knott (autor também do material original que originou “Disque M Para Matar”), “Um Clarão nas Trevas” tem um começo bastante didático. Homem (Jean Del Val) confecciona um boneca recheada de heroína. Mulher (Samantha Jones) transporta o brinquedo de Montreal até os Estados Unidos, aonde entrega o produto para um fotógrafo chamado Sam Hendrix (Efrem Zimbalist Jr.) – que não sabe da existência das drogas. Quando ela e seu cúmplice tentam reaver a posse da boneca, os problemas começam.

É a partir deste momento que “Um Clarão nas Trevas” se transforma num puro filme de suspense. Em um único ambiente (o apartamento do casal Hendrix), acompanhamos a jornada de Susy (Hepburn), a esposa de Sam. Ela ainda está em fase de adaptação ao mundo depois de ficar cega e terá que lutar pela sua sobrevivência em meio à encenação armada pelo aterrorizante Roat (Alan Arkin) e pela dupla Carlino (Jack Weston) e Mike Talman (Richard Crenna).

O diretor Terence Young pode não ser um mestre do suspense como Alfred Hitchcock, mas entrega um filme tenso, cujo clímax é agoniante. O fundamental em “Um Clarão nas Trevas” é a qualidade do roteiro de Robert e Jane-Howard Carrington, que apresenta todos os elementos vistos em tela com muita calma, numa preparação para o momento mais importante do filme. Também é oportuno destacar a atuação da dupla Audrey Hepburn e Alan Arkin. Ela, numa interpretação que lhe rendeu sua quinta indicação ao Oscar de Melhor Atriz. E ele, numa atuação que cria um dos vilões mais bizarros e malvados do gênero. Seu Roat consegue evoluir do homem frio à mestre dos disfarces e, finalmente, ao assassino frio e psicótico do final com uma destreza que nos deixa, literalmente, como Susy. Estamos todos no escuro com ela.

*Texto originalmente publicado no blog Cinemateque, em Fevereiro/2008.



Post Tags

Jornalista e Publicitária


Comentários



Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.