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A Busca

publicado em:26/03/13 12:52 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Um detalhe importante a se prestar atenção em “A Busca”, filme dirigido e co-escrito por Luciano Moura, é que o longa tem como ponto principal situações de rupturas vividas pelas personagens centrais. Neste sentido, o seu protagonista, o médico Theo Gadelha (Wagner Moura), é um prato cheio em termos dramáticos. Filho de um pai ausente (Lima Duarte), Theo está vivenciando o término do seu casamento com Branca (Mariana Lima). Se não bastasse isso, ele está encarando um outro momento bastante simbólico dessa nova fase de sua vida, como a venda da casa que ele dividia com a família. Porém, a força motriz do roteiro escrito por Elena Soarez e Luciano Moura, é a busca do pai pelo filho Pedro (o estreante Brás Moreau Antunes, filho do cantor, compositor e poeta Arnaldo Antunes), que desaparece no dia de seu aniversário de 15 anos.

Ao pegar a estrada em busca do filho, temos o desenho de uma situação bastante metafórica, para todos os lados que compõem essa história. Pedro desaparece após brigar feio com seu pai, pois este não consegue entender muito o fato do filho se negar a seguir as suas orientações, aquilo que ele acha que é o melhor para o seu único filho. Ao mesmo tempo, Theo, que está perdido após o término do casamento e dos pequenos conflitos do dia a dia vividos com o filho e a, agora, ex-mulher, não consegue se adaptar à sua nova realidade, ao fato de que ele precisa reencontrar o seu foco, de forma a seguir em frente na vida.

À primeira vista, Theo poderia soar como uma personagem de tipo parecido com o que Mel Gibson interpretou em “O Fim da Escuridão”, filme dirigido por Martin Campbell. Porém, a única coisa que esse longa tem em comum com “A Busca” são os furos de roteiro. A realidade é que o filme dirigido por Luciano Moura retrata uma jornada de autodescoberta das personagens centrais, na qual não somente eles irão retrabalhar os seus relacionamentos pessoais, como também irão encarar aqueles fantasmas que guardamos dentro de nós mesmos e que, dificilmente, temos coragem de acessar.

Por isso mesmo, a maior qualidade de “A Busca” acaba sendo a atuação do trio de atores centrais, especialmente a de Mariana Lima e a de Wagner Moura, que, a cada novo trabalho, confirma o seu status de melhor ator brasileiro em atividade atualmente. O seu Theo pode estar atrás do paradeiro do filho, porém, na realidade, Theo está em busca de si mesmo, do jovem que foi, do adulto que é e do filho que foi. E todas essas personas e todos esses lados de sua personalidade acabam sendo fundamentais para o tipo de pai em que ele se transformou. Entetanto, o que o filme acaba mostrando de tão belo é que sempre há espaço para nós nos aperfeiçoarmos como pessoas e buscarmos aprender com os nossos erros e acertos, em tudo aquilo que fazemos.



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Comentários


As atuações se destacam mesmo, mas acho que a história se perde no meio do caminho, poderia ser melhor desenvolvida. Uma pena, pois tinha potencial.

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Amanda, sim, o roteiro do filme acaba complicando bastante a vida de “A Busca”. Porém, acho que, mesmo com os deslizes, o filme é interessante.

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Road movie tem como característica básica o cara que vai atrás de algo/alguém e acaba se encontrando, aqui não foi diferente. Mas o excesso de pontas incomoda: a possivel amante, ele ter cuidado da mãe aos 14 anos, a relação com o pai… Basta lembrar que o título original era “A Cadeira do Pai” para se incomodar um pouco com a falta de explicações. Mas vale a viagem, ou a busca.

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Hummmm… o filme me remeteu um pouco ao cinema de Breno Silveira, mas posso estar bem equivocado.
Até me chamou a atenção pela presença do Wagner Moura, ator superlativo da nossa cinematografia, mas, humm, só tenho lido críticas negativos e/ou medianos sobre essa produção. Ainda a conferir, não com as mesmas expectativas de antes…

Bjs!

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Herculano, exatamente. E “A Busca” é um road movie na acepção perfeita dessa palavra. Concordo que o excesso de pontas incomoda, porém vale a experiência.

Elton, não concordo que o filme remeta um pouco ao cinema de Breno Silveira. Isso você verá quando assistir ao filme. Assista-o sem expectativas. É o melhor.

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O melhor pra mim é que o filme não se entrega ao dramalhão das discussões pai e filho e à velha lavagem de roupa suja com final redentor e choroso para os personagens. O problema é todo o percurso que o cara faz até encontrar o garoto que é cheio de coincidências e facilidades de roteiro para que o filme não se perca. O pior é que acaba se perdendo mesmo.

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Rafael, pois é. Concordo com seu comentário. Infelizmente, apesar dessas características interessantes, o roteiro se perde.

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