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Alguém tem que Ceder

publicado em:27/04/13 12:52 AM por: Kamila Azevedo Filmes

A Woman to Love” ou “Uma Mulher Para Amar”. É este o nome da peça teatral que a dramaturga Erica Barry (Diane Keaton, em uma performance que lhe valeu um Globo de Ouro de Melhor Atriz de Filmes de Comédia e uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz) escreveu, tendo como base a história de amor que nasceu entre ela e o dono de gravadora Harry Sanborn (Jack Nicholson); a qual será o pano de fundo da comédia romântica “Alguém Tem que Ceder”, da diretora e roteirista Nancy Meyers (“Do que as Mulheres Gostam”).

Erica é realmente uma mulher para se amar (o próprio Harry afirma isso), afinal é bem-sucedida, tem senso de humor e é inteligente; mas, curiosamente, ela tem estado sozinha desde o fim de seu casamento de vinte anos com o diretor teatral Dave Klein (Paul Michael Glaser). Na verdade, o amor nunca foi uma prioridade para Erica – o trabalho sempre foi – e ela considerava Dave o único homem ao qual ela conheceu, porém nada justifica o fato de, em decorrência da separação, ela ter se fechado por completo para o amor. Erica estava acostumada com a sua vida de “solteira” e não esperava que fosse sentir algo por alguém novamente. Ela era feliz – ou pensava que era – sem amor.

O “problema” de Harry era completamente diferente do de Erica: ele queria mesmo era manter a liberdade e a rotina que possuía há anos e que incluía sair todas as noites com garotas diferentes (todas, é importante frisar, com menos de trinta anos). Nem mesmo a chegada dos sessenta anos impedia-o de manter a boa forma, uma vez que ele é um excelente partido (leia-se rico e bem-sucedido) movido a muito Viagra. Harry evita ter intimidades demais com os seus casos (cada um dorme na sua casa), por isso mesmo ele tem dificuldades em revelar seus sentimentos. Harry nunca amou de verdade ou se envolveu com alguém da sua idade.

O círculo de relacionamentos pessoais de Erica e Harry também contribui para a opção de vida deles. A irmã de Erica, a professora Zoe (a excelente Frances McDormand) é uma feminista ferrenha – tanto que chega a ministrar uma disciplina na faculdade só sobre mulheres – e cheia de teorias sobre as razões pelas quais os homens preferem as mulheres mais jovens; e a filha de Erica, a leiloeira Marin (Amanda Peet) é a versão feminina de Harry: namora todos os homens possíveis, mas evita intimidade com medo de se machucar. Já o mundo de Harry – o da música, especialmente o do hip-hop – o faz entrar em contato com pessoas (músicos, modelos, atrizes, etc.) que compartilham dos mesmos ideais de envolvimento emocional que ele.

A aproximação entre Erica e Harry se dá quando eles acabam passando um tempo juntos na casa de praia dela, nos Hamptons. Sozinhos, sem as companhias de Marin (que era a última conquista de Harry) e Zoe, os dois têm que aprender a conviver juntos, ao mesmo tempo em que tentam se conhecer. E é a partir daí que seremos testemunhas do nascimento do amor entre Erica e Harry. Sentimento este que surge da forma mais trivial possível, quando eles começam a se admirar e a respeitar as virtudes e os defeitos de cada um. A partir disso, vemos o delineamento das mudanças mais significativas no estilo de vida dos dois, já que Erica vê que a vida sem amor é boa, mas com amor é ainda melhor; e que Harry percebe que ele não precisa mais de muitas, e sim de uma (Erica).

“Alguém Tem que Ceder” é uma comédia romântica com direito a todos os clichês que estão presentes nos filmes desse gênero. Ao mesmo tempo, é um longa que se adapta aos tempos modernos, na medida em que Marin, Harry, Zoe e Erica, cada um à sua maneira, é um estereótipo de figuras que podem muito bem fazer parte de nosso dia a dia. Apesar disso, “Alguém tem que Ceder” capta a nossa atenção justamente por mostrar o surgimento do amor num momento em que a sensação de se descobrir apaixonado é bem rara – e, neste sentido, Jack Nicholson e Diane Keaton estão perfeitos.



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Comentários


Diverte durante a sessão, mas não apresenta nada de novo.

O filme tenta brincar com a questão da diferença de idade nos relacionamentos e chega a funcionar pelas atuações de Nicholson e Diane Keaton.

Até mais

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Clichê, sim, mas uma comédia divertida. Adoro a cena do hospital.

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Hugo, sim, o filme realmente não apresenta nada de novo e tenta brincar mesmo com a questão de idade nos relacionamentos.

Amanda, também acho uma comédia divertida, apesar de clichê.

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Filme divertido e bacana, mas a Ewan Rachel Wood deveria ter sido indicada no lugar da Diane, apesar de sua ótima interpretação.

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Pedro, a Evan foi a grande injustiçada desse ano, no Oscar, sem dúvida alguma, mas eu gosto da atuação da Diane Keaton e acho que ela mereceu também a menção ao Oscar.

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