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Alemão

publicado em:26/03/14 12:04 AM por: Kamila Azevedo Cinema

O filme “Alemão”, dirigido por José Eduardo Belmonte, se passa no Complexo do Alemão, que, por muitos anos, foi considerado um dos bairros mais violentos do Rio de Janeiro. A trama escrita por Gabriel Martins e Leonardo Levis enfoca, no entanto, o período definidor da história desse bairro: os dias que antecederam a invasão do Complexo do Alemão, em 28 de novembro de 2010, por cerca de 2600 homens das polícias militar, civil e federal, além de integrantes das Forças Armadas, sem qualquer resistência por parte dos criminosos.

Esse instante histórico também pode ser considerado um dos momentos mais importantes dos últimos anos no Rio de Janeiro, quando, por decisão do Governo Estadual de Sérgio Cabral Filho, localidades dominadas pelo tráfico de drogas e pela criminalidade (como a Vila Cruzeiro) foram, gradualmente, sendo tomadas pelo Estado, que readquiriram o controle das áreas por meio da instalação das famosas UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora), que instituía polícias comunitárias nas favelas da cidade.

“Alemão” faz o relato da invasão do Complexo do Alemão através da história de cinco policiais militares que ali se encontravam infiltrados, de forma a tentar destrinchar o modus operandi da criminalidade na favela: Samuel (Caio Blat), Danilo (Gabriel Braga Nunes), Carlinhos (Marcello Melo Jr.), Branco (Milhem Cortaz) e Doca (Otávio Muller). Após terem as suas verdadeiras identidades descobertas pelo chefe da criminalidade da localidade, o traficante Playboy (Cauã Reymond, também produtor associado do filme), eles tentam se esconder e sair dali em segurança antes que o circo pegue fogo com a invasão do morro.

Apesar de ter esse viés social importante, “Alemão”, ao contrário de filmes com uma temática parecida, como “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, se exime de fazer uma análise sobre a realidade na qual o longa se passa. E é justamente isso que acaba prejudicando o filme, pois ele tinha um potencial muito maior do que o obtido em seu resultado final. Isso é o reflexo das decisões criativas de José Eduardo Belmonte, que, em seu trabalho de direção, privilegia as cenas de ação (que são muito bem realizadas, diga-se de passagem) e o relacionamento entre os seus cinco personagens principais – que cobrem todos os clichês presentes em obras do tipo, sem causar, no entanto, qualquer empatia com a plateia.



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Comentários


É isso aí. Em suma, um filme que para ficar no quase ainda precisaria evoluir bastante…
bjs

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Reinaldo, pois é, mas depende do ponto de vista. Se compararmos “Alemão”, com a obra anterior de Belmonte, a evolução foi enorme e visível.

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Sim, sim, se compararmos a Billi Pig é uma evolução imensa. Mas, acho que Se Nada Mais Der Certo é mais interessante. Agora, acho que tem uma reflexão sim ali, na forma como começa e como termina, fazendo o link da escolha da cidade como sede das Olimpíadas, as invasões às favelas e as manifestações nas ruas. Apesar de tudo, gosto de algumas coisas no filme, como a construção dos personagens e a relação deles dentro da pizzaria.

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Amanda, não assisti ainda a “Se Nada Mais Der Certo”. E concordo, o filme tenta fazer uma reflexão sobre a questão atual do Rio de Janeiro como a futura sede das Olimpíadas, porém, acho que isso não foi aprofundado. As cenas dentro da pizzaria, para mim, foram muito bem trabalhadas.

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