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Ilegal: A Vida Não Espera

publicado em:28/10/14 12:22 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Ao fazer uma reportagem para uma edição especial da revista SuperInteressante, divulgada em fevereiro deste ano, sobre “A Revolução da Maconha”, o jornalista Tarso Araújo conheceu a história de Katiele Bortoli Fischer, que, para aplacar as crises frequentes de epilepsia da sua filha Anny, de 5 anos, passou a importar, ilegalmente, o canabidiol (CBD), um componente extraído da maconha que não tem efeitos psicoativos, e que era o único remédio disponível para ajudar a acabar com as crises de Anny.

Dessa reportagem, nasceu o curta “Ilegal”, que, por sua vez, acabou gerando o documentário “Ilegal: A Vida Não Espera”, dirigido por Raphael Erichsen e Tarso Araújo. O filme suscita o debate sobre o uso da maconha para fins medicinais, abordando histórias como a de Katiele e Anny e a de outras pessoas, como Camila Guedes, Juliana Paolinelli, Gilberto Castro, Thaís Carvalho, dentre outros, que lutam contra o preconceito e a burocracia para poderem trazer para o Brasil os remédios que ajudam a aplacar as suas dores crônicas ou as crises epilépticas de seus filhos.

O que “Ilegal: A Vida Não Espera” nos mostra é que a luta de pessoas como Katiele é muito maior por causa da desinformação que acompanha o uso da maconha medicinal. Se introduzir um tema como legalização da maconha já é um tabu enorme no Brasil, imagine, então, tentar falar sobre o lado positivo do uso da maconha para portadores de epilepsia crônica, de esclerose múltipla, de câncer, de fibromialgia, dentre outras condições clínicas? O documentário fala sobre dignidade humana e poder oferecer uma qualidade de vida melhor para pessoas que têm que conviver, diariamente, com situações as mais complicadas possíveis.

Raphael Erichsen e Tarso Araújo enchem seu filme de um conteúdo bastante informativo, de forma a fazer com que a plateia perceba a importância desse tema. Porém, o grande papel de “Ilegal: A Vida Não Espera” é o de iniciar a discussão sobre um tema que tem penetração difícil. A maconha é proibida no Brasil; para se importar ela para uso medicinal é necessário fazer uma solicitação à Anvisa, devidamente protocolada por um médico; mas qual o profissional de Medicina que irá receitar um remédio proibido para seu paciente, correndo o risco de ter seu registro médico cassado? É muito complicado, e essa é somente a ponta de um iceberg que ainda envolve os interesses das grandes empresas farmacêuticas, que não lucrariam com um remédio que não possui patente, como o canabidiol.

As barreiras que essas mães têm que enfrentar são enormes, mas um dos pontos positivos de “Ilegal: A Vida Não Espera” é justamente o fato de que a obra humaniza a história de Katiele, Juliana, Camila, Gilberto, Thaís, Margareth, dentre outros. Se esse é um tema que ainda precisa de muito estudo e de comprovação científica sobre a eficácia do uso do canabidiol para casos como os retratados no filme, com certeza a importância de “Ilegal” está em nos fazer abrir os olhos para um tema que precisa ser discutido – e urgentemente, pois, como bem disse Katiele, Anny não pode esperar!

Para conhecer um pouco mais sobre o uso da maconha medicinal e sobre a história de Katiele e Anny, Camila e Juliana, entrem no site da Campanha Repense, idealizada por Tarso Araújo.



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Jornalista e Publicitária


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