Crupiê: A Vida em Jogo
Quando foi lançado, em 1998, “Crupiê: A Vida em Jogo”, filme dirigido por Mike Hodges, transformou a carreira do ator inglês Clive Owen. Quando deu vida ao charmoso e misterioso Jack Manfred, protagonista deste longa, Owen foi logo alçado à condição do primeiro time de atores de seu país, chegando, na época, a ser considerado para um dos papeis mais icônicos da cultura inglesa: o do agente James Bond – trabalho que acabou ficando nas mãos de Pierce Brosnan, novamente, antes de ele passar o bastão para as mãos de Daniel Craig.
Antes desse filme, eu nunca tinha ouvido falar na figura do crupiê, o profissional que tem a responsabilidade de embaralhar e distribuir as cartas para os jogadores num cassino. Na medida em que o filme de Mike Hodges vai se desenvolvendo, aprendemos que essa pessoa não pode aparecer mais do que as cartas e não pode se envolver com os jogadores, ou seja, ele tem que ter uma aura de invisibilidade, de forma a não atrapalhar o grande negócio que é a jogatina desenfreada.
Neste sentido, Jack Manfred é perfeito. Seu ofício de vocação é a escrita. O escritor propriamente dito já é um grande observador das pessoas e do mundo que as rodeia. Então, nada melhor para ele, enquanto não consegue deslanchar na carreira que escolheu, abraçar uma outra que o ajudará a pagar as suas contas. A discrição e a ética de Jack em sua nova função é tamanha, que ele acaba sendo escolhido por uma das clientes do cassino (Alex Kingston, que ficou conhecida, posteriormente, como a esposa de Mark Greene no seriado “E.R.”) para um plano ambicioso de roubo ao próprio local.
Entretanto, o ponto a que devemos prestar atenção em “Crupiê: A Vida em Jogo” é as diversas analogias que são feitas pelo roteiro escrito por Paul Meyersberg entre a experiência de se distribuir as cartas e as escolhas que fazemos em nossa vida. No decorrer dos 90 minutos do filme, Jack Manfred será o produto das escolhas que faz, na forma como decide o seu próximo passo após cada carta que recebe. A adrenalina do jogo é viciante e é isso que move Jack durante a obra – o que é muito bem passado para a plateia, na excelente atuação de Clive Owen.
Clive Owen realmente é um grande ator.Gosto dele em “Closer” de Mike Nichols,”Filhos da Esperança” de Alfonso Cuaron e “Confiar” sobre a aliciamento sexual de uma adolescente pela internet..Esse filme eu ainda não conferi.
Paulo, também gosto do Clive Owen. Dos filmes que você citou, só não assisti a “Confiar”.
Tive o prazer de descobrir esse filme, um dos primeiros da minha coleção de DVD´s, antes de Clive Owen “acontecer”. Um filmaço dessa onda inglesa que revelou gente como Guy Ritchie, Matthew Vaughn e tantos outros cineastas interessantes. E Owen é fascinante!
Bjs
Reinaldo, pois eu o assisti agora, no Netflix, apesar de conhecer o filme há um bom tempo. Me lembro que foi destaque numa edição da SET!
A analogia entre a experiência de distribuir as cartas e as escolhas que fazemos na vida é o que deixa o enredo interessante e ainda tem a excelente atuação de Clive Owen.
Alexandre, exatamente! Concordo com a sua observação!