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Cena da Semana: “Ônibus 174”

publicado em:26/07/15 9:57 PM por: Kamila Azevedo Cena da SemanaFilmes

(“Ônibus 174” [2002] – diretores: José Padilha e Felipe Lacerda)

O documentário “Ônibus 174”, dos diretores José Padilha e Felipe Lacerda, trata de um episódio marcante da história recente da violência carioca: o seqüestro do ônibus de linha 174, no dia 12 de junho de 2000.

A história por trás de Sandro “Mancha”, o autor do crime, é igual à de muitos outros que acabam enveredando por essa vida. Filho de pai desconhecido, Sandro vê a sua vida dar um giro de 360 graus quando ele presenciou o assassinato de sua mãe, uma comerciante. Este acontecimento fez com que Sandro abandonasse a casa da tia materna (que passou a ter a sua guarda) e fosse morar na rua. A vida de Sandro nesse novo ambiente não foi fácil: ele sofreu com abusos, com o uso de drogas, com prisões e fugas, com idas a reformatórios e com o testemunho de outro acontecimento trágico (o massacre de amigos seus na igreja da Candelária).

Todas estas nuances são apresentadas por José Padilha e Felipe Lacerda à platéia através da divisão do documentário em partes. Os diretores enriquecem o documentário com depoimentos de pessoas que conheciam Sandro, que estiveram na cena do seqüestro trabalhando (seja na imprensa ou no corpo de policiais) e que eram mantidos como reféns dentro do ônibus. O resultado é um filme que indigna, que nos mostra o quanto estamos desprotegidos e – o que é mais preocupante – que revela o fato de que a violência hoje em dia faz tanta parte de nossa vida como o hábito de escovar os dentes e se alimentar.



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Jornalista e Publicitária


Comentários


Eu sou apaixonado por esse documentário.Toda vez que vejo ele mexe profundamente comigo,para quem acha que o José Padilha é um “direitista” esse documentário mostra ao contrário,em nenhum momento ele quis inocentar Sandro Nascimento e pra mim o norte do filme é:qual o caminho o individuo passa quando esta sob a tutela do estado.”Ônibus 174″ foi nomeado ao DGA de melhor direção e recebeu elogios fervorosos da crítica internacional,entre eles Roger Ebert.Para quem não conferiu,eu recomendo.

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É um filme forte, e toda a construção deságua naquele final inquietante com a descida do ônibus. Um filme para discutir e pensar, muito mais rico que a ficção dirigida por Bruno Barreto anos depois.

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Paulo, perfeito seu comentário!

Amanda, exatamente. Um filme que nos incita a pensar e discutir e bem melhor que a obra ficcional dirigida por Bruno Barreto.

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