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Resenha Crítica: “O Estranho que Nós Amamos”

publicado em:12/10/17 2:49 PM por: Kamila Azevedo Cinema

O Estranho que Nós Amamos, filme dirigido e escrito por Sofia Coppola, na realidade, é uma refilmagem de um longa homônimo de 1971 dirigido por Don Siegel e estrelado por Clint Eastwood e Geraldine Page. A essência do roteiro de ambos é a mesma: durante a Guerra Civil Americana, um soldado da União, ferido em combate, encontra abrigo num internato para mulheres que, apesar da guerra, manteve suas atividades com as poucas alunas que restaram.

Neste sentido, alguns elementos são bastante importantes de serem mencionados. O internato fica localizado em território Confederado – ou seja, o lado inimigo dos soldados do Norte – e o Cabo McBurney (Colin Farrell) será o único homem, num ambiente totalmente feminino. Desta maneira, boa parte do clima tenso do filme reside justamente no conflito e na certa paranoia que surgem do fato de existir a possibilidade de que Miss Martha (Nicole Kidman), a responsável pelo internato, entregue o militar; assim como dos ciúmes que passam a ocorrer entre as meninas, adolescentes e mulheres que ali vivem e que brigam entre si pela atenção do soldado.

Assim, podemos dizer que O Estranho que Nós Amamos é um thriller psicológico que se apoia justamente nas tensões que se estabelecem entre as personagens, especialmente após o grande ponto de virada na trama do filme. A partir desse instante, vemos o Cabo McBurney sucumbindo ao seu próprio abalo de nervos e se desestabilizando a todo momento, ao ponto de refletirmos sobre quem seria a verdadeira ameaça no longa? As mulheres ou o homem?

Vencedora do prêmio de Melhor Diretora no último Festival de Cannes pelo trabalho em O Estranho que Nós Amamos, Sofia Coppola exerceu seu ofício com primor neste filme. A direção de fotografia de Philippe Le Sourd lembra a atmosfera de Os Outros (filme também estrelado por Nicole Kidman); a direção de arte de Anne Ross e Amy Beth Silver, bem como os figurinos de Stacey Battat são lindos; e as atuações estão muito competentes – especialmente a do trio Nicole Kidman, Colin Farrell e Kristen Dunst, com destaque também para Elle Fanning.

O Estranho que Nós Amamos (The Beguiled, 2017)
Direção: Sofia Coppola
Roteiro: Sofia Coppola (com base no roteiro escrito por Albert Maltz e Irene Kamp, bem como no livro de autoria de Thomas Cullinan)
Elenco: Nicole Kidman, Colin Farrell, Kristen Dunst, Elle Fanning, Dona Laurence, Angourie Rice, Addison Riecke, Emma Howard



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Jornalista e Publicitária


Comentários


A direção e atuações são mesmo o destaque do filme. Gosto do viés feminino que ela dá, diferente do filme de 1971 onde o ponto de vista é mais do “estranho”.

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Amanda, exatamente, Amanda! A visão desse filme é bem feminina, mais enfocada nas emoções e no íntimo das personagens.

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Não assisti ao filme de 71.Já esse filme tem muitas qualidades,destaco principalmente a forma que aborda os conflitos entre as personagens no internato.Deve figurar na temporada de prêmios(Figurino e Direção de Arte).Eu gosto dos filmes da Coppolinha.

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Paulo, também não assisti ao filme de 71. Concordo que um dos pontos altos desse filme é a maneira como aborda os conflitos que passam a acontecer no internato quando o Cabo McBurney chega lá.

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