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“À Queima Roupa: O Caso Pimenta Neves” | Lendo

publicado em:17/12/17 1:49 PM por: Kamila Azevedo Livros

“No jornalismo percebe-se rapidamente quem tem futuro não só pela capacidade de apurar as notícias e de escrevê-las com clareza e estilo, mas também pelo traquejo em assumir novas funções e cumprir missões difíceis e resolver problemas. Tão importante como atender aos fundamentos da profissão, caso do bom texto e cuidado com a qualidade das notícias, é saber se relacionar, falar com a pessoa certa na hora certa e conquistar a confiança das fontes da área em que se atua”.

Como a citação acima já deixa bem claro, o livro À Queima Roupa: O Caso Pimenta Neves, escrito por Vicente Vilardaga, se passa dentro do meio jornalístico. Mais precisamente na metade da década de 90, início dos anos 2000, quando o Brasil passava por profundas mudanças econômicas, motivo pelo qual o jornalismo deste segmento se destacou neste cenário. O livro se passa nas redações de dois dos maiores jornais nacionais daquela época: a Gazeta Mercantil e O Estado de São Paulo.

Tendo estas duas conjunturas como pano de fundo, o autor aborda um acontecimento que abalou as estruturas do jornalismo brasileiro: o assassinato da jornalista Sandra Gomide pelo seu ex-namorado, Pimenta Neves, que, na época, era Diretor de Redação do Estadão, no dia 20 de agosto de 2000, em um haras localizado em Ibiúna, interior de São Paulo. O relacionamento dos dois floresceu na redação da Gazeta Mercantil, onde Sandra era repórter e Pimenta ocupava o topo da cadeia do ambiente de trabalho, em meio a todas essas transformações.

Vicente Vilardaga faz um relato bastante completo da trajetória profissional de Sandra, sobre a chegada dela na Gazeta Mercantil, o encontro com Pimenta Neves e sua ascensão meteórica após o início do relacionamento entre os dois, bem como nos mostra a intimidade do casal, por meio de uma distância respeitosa, mas que nos dá uma ideia bem interessante sobre a dinâmica da relação – e que envolvia o poder, intriga, paixão, ciúme e, ao final, muita difamação, violência e agressão.

Entretanto, À Queima Roupa: O Caso Pimenta Neves chega a ser ainda mais emblemático na maneira como nos coloca dentro do funcionamento de duas das maiores – e mais importantes – redações do Brasil naquela época: a do Gazeta e a do Estadão. Fica claro para nós, enquanto leitores, como funcionava a rotina de trabalho daqueles locais, como se davam as promoções e as constantes trocas nos cargos de chefia. Porém, o que nos chama ainda mais a atenção é como figuras como Pimenta Neves se aproveitavam de seus cargos para fazerem mandos e desmandos, dentro das variações de seus humores.

Estruturado como um livro-reportagem, À Queima Roupa: O Caso Pimenta Neves é uma obra de leitura extremamente fluente, repleta de informações e com uma capacidade única: a de transportar o seu leitor direto para o local em que a trama se passa. É como se nós, assim como Vilardaga (que trabalhou com Sandra e Pimenta na Gazeta), fôssemos observadores diretos – ainda que passivos – de toda essa história. No final, somente uma sensação nos permeia, e que está muito bem representada por uma das frases autor, no decorrer do livro: a justiça não só tarda, como também falha, afinal Pimenta Neves só cumpriu 5 anos de sua pena, tendo sido preso 10 anos após a realização do crime, sendo beneficiado com o regime aberto, pelo seu “bom comportamento”, em 2016.

À Queima Roupa: O Caso Pimenta Neves (2013)
Editora: LeYa
Autor: Vicente Vilardaga

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A última modificação foi feita em:outubro 21st, 2019 as 6:07 pm


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Jornalista e Publicitária


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