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Eu, Tonya | Resenha Crítica

publicado em:6/03/18 10:48 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Houve um tempo em que Tonya Harding foi conhecida no mundo todo pela sua habilidade na patinação artística, afinal foi a primeira mulher norte-americana na história a conseguir fazer um triple axel (salto de extrema dificuldade) numa competição. Além disso, participou duas vezes das Olimpíadas de Inverno e conquistou também por duas vezes o título de Campeã Norte-Americana de Patinação. Entretanto, a história mudou seu curso em 1994, quando Harding e seu ex-marido Jeff Gillooly orquestraram um ataque contra a sua maior concorrente, a patinadora Nancy Kerrigan. Em decorrência do ocorrido, Harding foi banida para sempre do esporte.

Eu, Tonya, filme dirigido por Craig Gillespie, conta a história por trás de Tonya Harding (Margot Robbie). O interessante é que o longa foge do formato tradicional das cinebiografias e opta por retratar essa história, tendo como base entrevistas realizadas com as personagens-chaves desse relato: além da própria Tonya, sua mãe LaVona (Allison Janney, em performance vencedora do Oscar 2018 de Melhor Atriz Coadjuvante) seu ex-marido Jeff Gillooly (Sebastian Stan) e o comparsa deste, Shawn (Paul Walter Hauser).

Apesar de não querer humanizar demais a figura de Tonya Harding, chama a atenção no filme o fato de que o roteiro escrito por Steven Rogers tenta colocar a personagem principal como uma vítima da realidade na qual estava inserida e, principalmente, dos relacionamentos abusivos que marcaram sua vida – com a mãe, que a humilhava e esfregava constantemente na sua cara todos os sacrifícios que foram feitos em prol da trajetória dela na patinação; com o marido, que a violentava frequentemente; e, principalmente, com os jurados da patinação artística, que não a aceitavam e que não achavam que ela pertencesse àquele mundo.

Entretanto, nada disso é justificativa para a escolha que Tonya fez a partir do instante em que decidiu jogar sujo com Nancy Kerrigan. O percurso da personagem poderia ter sido modificado no momento em que ela soube do que Jeff pretendia fazer com Nancy. Mas, não. Falou mais alto em Tonya a possibilidade de enfrentar sua oponente no ringue de patinação, capitalizando sua vaidade e a rivalidade que existia entre ambas. O tratamento cruel que ela recebeu da Associação de Patinação dos Estados Unidos, que permitiu que ela competisse nas Olimpíadas e somente após isso recebesse a punição que a afastaria de vez do esporte, também é um reflexo disso e da maneira como Tonya se portou durante o processo.

Eu, Tonya é um filme que tem uma estrutura narrativa muito fluida e marcada por um ritmo forte, sarcástico e vibrante, assim como era o porte da sua personagem principal dentro dos ringues de patinação. Craig Gillespie acerta muito ao colocar o eixo central em cima da atuação de Margot Robbie, que se dedicou de corpo e alma a esse papel – merecendo, assim, todo o reconhecimento que tem obtido pela sua performance, especialmente a indicação ao Oscar 2018 de Melhor Atriz. Além disso, a obra faz reconstituições perfeitas, quando comparadas com os vídeos que estão disponíveis no YouTube, especialmente nas cenas-chaves, como a que mostra o ataque a Nancy Kerrigan e a que mostra as apresentações de Tonya.

Eu, Tonya (I, Tonya, 2017)
Direção: Craig Gillespie
Roteiro: Steven Rogers
Elenco: Margot Robbie, Sebastian Stan, Allison Janney, Julianne Nicholson, Paul Walter Hauser, Bobby Cannavale, Caitlin Carver

Indicações ao Oscar 2018
Melhor Atriz – Margot Robbie
Melhor Atriz Coadjuvante – Allison Janney – VENCEDORA!
Melhor Edição – Tatiana S. Riegel

Avaliação/Nota

Nota
7.5

Média Geral



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Jornalista e Publicitária


Comentários


A estrutura narrativa tem clara influência do cinema de Scorsese(e sua montadora Thelma Schoonmaker).É uma história conhecida,mas contada com vigor e energia por Craig Gillespie.”Eu,Tonya” é uma delicia de se ver e depois da sessão não consegui parar de ver os videos da patinadora Tonya Harding no youtube.A sequencia que ela está tensa e não consegue amarrar o cadarço(e pede ajuda) é idêntica a retratada no filme.O Oscar para Allison Janney foi merecidissimo.

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Paulo, quando eu cheguei em casa, após a sessão do filme, fiz a mesma coisa: corri pro YouTube para ver alguns dos vídeos retratados no filme e, realmente, são idênticos. Discordo sobre o Oscar para Allison Janney, pois, na minha opinião, o trabalho de Laurie Metcalf em “Lady Bird” é superior.

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