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O Conto da Aia – 1ª Temporada | Resenha Crítica

publicado em:17/05/18 8:37 PM por: Kamila Azevedo Séries

De acordo com o seu sentido literal, a palavra aia pode possuir diversos significados, como dama de companhia ou ama, mulher cuja responsabilidade está relacionada com a educação e a criação de crianças que pertencem a famílias ricas ou mulher que realiza serviços domésticos para alguém que faz parte da nobreza. Conforme o universo narrativo concebido pela escritora Margaret Atwood, as aias desempenham funções relacionadas ao primeiro e ao segundo conceitos.

Na série O Conto da Aia, nos encontramos num futuro distópico, em que a baixa natalidade foi uma consequência direta da catástrofe ambiental. Com o objetivo de tentar aproximar os Estados Unidos da visão retratada na Bíblia, um grupo de homens promove o que aparenta ser um golpe de estado e instaura a República de Gilead no país. Neste local, as mulheres são proibidas de terem empregos e de se alfabetizar e são relegadas a funções domésticas – como os papéis de esposa, de cozinheiras e de aias.

As aias são aquelas mulheres que são designadas para as casas dos líderes desse movimento – que se autointitulam Comandantes –, onde, após a realização de um ritual, elas são possuídas por esses homens, com o intuito de gerarem filhos que serão criados por esses líderes e suas esposas. A história é centrada justamente numa dessas aias, June Osborne (Elisabeth Moss, vencedora de todos os prêmios possíveis pela atuação na primeira temporada desta série), que foi designada para a casa do Comandante Waterford (Joseph Fiennes) e sua esposa Serena (Yvonne Strahovski).

A primeira temporada de O Conto da Aia enfoca a rotina dessas mulheres que têm a sua dignidade usurpada diariamente por homens que impõem a sua dominação. Apesar disso, estas mulheres possuem suas crenças e seus desejos íntimos e elas tentam resistir o máximo que podem. Ao mesmo tempo, a série consegue desenvolver as personagens secundárias a contento, da mesma maneira em que aborda os relacionamentos mais íntimos que surgem entre eles.

Chama a atenção em O Conto da Aia a realidade que a série nos retrata. A mistura de religião com política, como retratada nos atos cometidos em Gilead, é catastrófica. Algumas situações são muito hipócritas. Precisa-se ter muito estômago para assistir ao que o programa mostra – especialmente se você for mulher. No mais, somente uma lição fica: a de que resistir e lutar são sempre as melhores soluções – ainda mais quando estamos diante de uma ditadura teocrática, que parece que veio da Idade Média, e que nos dá a impressão de ser utópica, mas, quando a gente vê alguns acontecimentos que acontecem atualmente, nos mostram que Gilead é totalmente possível de ocorrer.

O Conto da Aia – 1ª Temporada (The Handmaid’s Tale – 1st Season, 2017)
Direção: Floria Sigismondi, Mike Barker e Reed Morano
Roteiro: Bruce Miller, Nina Fiore, John Herrera, Dorothy Fortenberry, Kira Snyder, Leila Gerstein, Lynn Renee Maxcy, Wendy Straker Hauser e Eric Tuchman (com base no livro escrito por Margaret Atwood)
Elenco: Elisabeth Moss, Max Minghella, Yvonne Strahovski, Joseph Fiennes, Ann Dowd, O-T Fagbenle, Amanda Brugel, Madeline Brewer, Samira Wiley, Alexis Bledel, Ever Carradine

Avaliação/Nota

Nota
9.0

Média Geral



Post Tags

Jornalista e Publicitária


Comentários


Comecei a assistir a essa série, mas logo percebi uma certa manipulação que me incomodou de inicio, depois li uma crítica onde dizia que a série tem essa crítica a ideologias politicas que cegam as pessoas e que não procuram ver a história de onde aquilo começou, fiquei de recomeçar.

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Cassiano, eu gostei muito dessa série. Entretanto, me incomodou o fato de não ter sido contextualizado melhor o por quê da transformação dos EUA na República de Gilead. Espero que isso seja melhor explorado nas próximas temporadas.

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