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Cine Holliúdy

publicado em:2/09/13 7:49 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Baseado nas memórias do diretor e roteirista Halder Gomes, “Cine Holliúdy” tem uma história que, de uma certa maneira, ainda se mantém atual: a extinção das salas de cinema no interior do Brasil, mais particularmente no interior do Estado do Ceará, na década de 70, quando a chegada da televisão (com um certo atraso, diga-se de passagem, uma vez que a TV foi inaugurada em nosso país na década de 50) e a consequente concorrência entre dois meios de comunicação de massa ameaçou extinguir as salas de cinema do interior cearense.

O roteiro de “Cine Holiúdy” (que foi originado de um curta-metragem de mesmo nome, que Halder Gomes co-escreveu e dirigiu em 2004) está centrado na figura de um verdadeiro visionário: Francisgleydson (Edmilson Filho), que, além de ter uma imaginação para lá de fértil (como comprova a sua qualidade de exímio contador de histórias), é um verdadeiro apaixonado por cinema, cujo maior sonho é ter a sua própria sala de cinema. Ele está perto de realizar esse desejo quando, com o apoio da esposa (Miriam Freeland) e do filho (Joel Gomes), larga tudo e investe todas as suas economias para instalar o Cine Holliúdy numa cidade do interior do Ceará.

Cine Holliúdy” tem um formato um tanto diferente, que faz com que a gente tenha a impressão de que o filme é uma série de esquetes sobre o tema principal do longa: o cinema e a forma como esta linguagem artística acaba influenciando as vidas daqueles que entram em contato com – e se apaixonam pela – sétima arte. Por meio do Cine Holiúdy, dos filmes que ele acabará exibindo e de toda a paixão que ele possui pelo ofício de contar histórias, Francisgleydson acaba tendo um papel fundamental para que outras pessoas, como seu próprio filho, por exemplo, acabem tomando gosto por essa atividade e passem a ter os seus próprios sonhos relacionados a essa área.

Sem dúvida, é uma bonita mensagem a ser passada, o que faz com que muita gente enxergue paralelos entre “Cine Holiúdy” e uma obra como “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore, que também tinha uma história situada dentro da maneira como a sétima arte encanta e marca a vida das pessoas. Entretanto, essa é a única semelhança existente entre os dois longas. “Cine Holiúdy” é um filme que tenta passar o amor pela sétima arte de uma forma engraçada, descontraída e simples, totalmente fiel à realidade local na qual se passa (com todas as figuras de linguagem e gírias típicas do cearense – o que fez com que Halder Gomes adotasse legendas por toda a sua obra –, além da crônica sobre a realidade política coronelista que faz parte do interior do nordeste). Ou seja, é um filme muito “informal” para um tema que merecia um olhar mais analítico (especialmente sobre a sua questão principal). Porém, essa, claramente, não é a proposta desse filme.



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Comentários


Taí um filme que estou bem curioso de assistir, mesmo com certas ressalvas. Adoro essas idiossincrasias inerentes a regiões brasileiras. E, pelo visto, o filme ainda tem um que de homenagem ao cinema.

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Acho que essa foi a nota mais baixa que vi a este filme, Ka.
Acompanhei o fenômeno que ele se tornou nas bilheterias e como pipocava nas redes sociais.
A ideia me parece bem convidativa, mas sabe-se lá quando vai chegar por aqui – e se chegar.
Vou depender de mostras e festivais para ver este.

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Elton, não sabia o fenômeno em que esse filme se transformou. A ideia é, sim, convidativa, mas acho que o roteiro poderia ter sido melhor trabalhado. Espero que tenha a chance de conferir “Cine Holliúdy”.

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É isso, esse não é o foco do filme (análise da situação), mas apenas um pano de fundo. Um filme que vem isso bem foi Tapete Vermelho. Eu achei divertido e bem humorado. Não é perfeito, o roteiro tem várias enrolações, mas tá melhor que a maioria das comédias nacionais que temos visto.

A ideia de Cine Holliúdy é mesmo brincar com o regionalismo, por isso, foi o fenômeno que foi no Ceará. Aliás, a melhor parte que é a exibição do filme e a performance de Francisgleydson é o próprio curta-metragem que ganhou vários prêmios. Outra curiosidade é que a ideia do longa foi de Ana Maria Bahiana, após ver o curta.

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Amanda, sim, “Tapete Vermelho” fala bem mesmo sobre essa análise da situação que levou à extinção das salas de cinema no interior do Brasil. Bem lembrado, Amanda! Também achei um filme divertido e bem humorado, mas eu confesso que esperava mais, apesar de concordar que “Cine Holliúdy” é melhor que muitas outras comédias brasileiras. Concordo com a segunda parte do seu comentário e sabia que o curta se transformou em filme por causa do incentivo da Ana Maria Bahiana.

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