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O Impossível

publicado em:3/01/13 1:42 AM por: Kamila Azevedo Cinema

“Numa emergência de verdade, a mente para. Ficamos absolutamente presentes no Agora, e algo infinitamente mais poderoso passa a dominar. Essa é a razão pela qual existem inúmeros relatos de pessoas comuns que, de uma hora para outra, tornaram-se capazes de façanhas incrivelmente corajosas. Numa situação de emergência, ou você sobrevive ou morre. Em qualquer dos casos, não é um problema”. Este trecho do livro “O Poder do Agora”, de autoria de Eckhart Tolle, é perfeito para descrever o que assistimos no decorrer dos 114 minutos de duração de “O Impossível”, filme dirigido pelo espanhol Juan Antonio Bayona.

O filme se passa no período do Natal, em dezembro de 2004, na Tailândia, quando, no dia 26 de dezembro, um tsunami atingiu aquela área, vitimando muitas pessoas que, não só ali moravam ou trabalhavam, como também os turistas que, aos montes, ocupavam os muitos resorts de luxo que ali estavam situados. Sem dúvida alguma, tratou-se de uma tragédia a nível mundial e que comoveu a todos. “O Impossível” se baseia na história real de uma das famílias que estavam presentes neste local naquele momento.

Maria (Naomi Watts) e Henry Bennett (Ewan McGregor) saíram do Japão, onde residiam, para passar as férias de final de ano num resort tailandês com os três filhos Lucas (Tom Holland), Thomas (Samuel Joslin) e Simon (Oaklee Pendergast). Lá, eles dividiram momentos de alegria e emoção, mas também foram surpreendidos – e confrontados – pelo tsunami que assolou aquela localidade. Quando as ondas surgiram, Maria estava procurando uma página solta do livro que estava lendo e teimava em voar, Henry brincava com os dois filhos mais novos na piscina, enquanto Lucas buscava a bola vermelha que era o objeto de brincadeira de todos eles. Separados pela tragédia, cada um terá que encontrar uma maneira para sobreviver.

A partir deste instante, “O Impossível” se divide em duas linhas narrativas que acompanham os núcleos desta família após eles se separarem por ocasião da tragédia que testemunharam e foram vítimas. Aqui, o que importa ao roteiro escrito por Sergio G. Sánchez (com base na história de Maria Belon) é mostrar que o espírito humano não conhece limites na busca por um ente querido, mesmo que estejamos diante de um dos nossos momentos de maior dor. Ninguém ali naquela família iria desistir um do outro. Talvez, por isso mesmo o título “O Impossível” seja um tanto inadequado. Claro que o acontecimento central do longa seria improvável diante do que houve, mas é justamente por estarmos frente a algo extraordinário que tudo pode acontecer. Até mesmo o que assistimos na tela.

Por esta razão, o ponto mais positivo de “O Impossível” é o fato do diretor Juan Antonio Bayona apelar para a emoção, especialmente a que emana da atuação do jovem Tom Holland. Este menino é um exemplo de que uma tragédia pode ocasionar algo de bom. Por meio do contato pessoal com sua mãe (numa atuação também bastante expressiva de Naomi Watts), um novo horizonte se abre em sua mente. Ver isto nascer faz de “O Impossível” um filme catástrofe bem diferente do que estamos acostumados a ver no cinema, principalmente pelo fato de a bondade – em suas diferentes formas e manifestações – ser o valor central desta história.



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Comentários


Kamila, parabéns pelo texto, ótimo como sempre. Não me oporia se o Oscar resolver ir em direção a Naomi Watts.

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Flavio, obrigada!!! A Naomi Watts tem surpreendido nessa atual temporada de premiações, mas acho um pouco difícil que ela predomine no Oscar. Acho que ela será indicada ao prêmio, no entanto.

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Chorei, chorei e chorei muito. Ainda tenho esperanças de ver a Wattis levando o Oscar. Ela vencer o Globo de Ouro (que é um fato q muitos jornalistas acham ser uma realidade) irá ajudá-la.

Beijos.

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Ka, que bela crítica hein? Você conseguiu destacar de forma bastante serena o maior mérito de O impossível. Um olhar criterioso, enfim! Belo recorte sobre a gestação da mudança interna no personagem de Tom Holland.
Beijos

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A atuação de Tom Holland é mesmo de bater palmas, o menino passou por coisas que o fizeram amadurecer e ele soube passar isso muito bem. Mas, acredito que todas as atuações no filme estão condizentes, até dos dois pequenininhos…

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Brenno, também me emocionei bastante assistindo a “O Impossível”. Porém, acho que a Naomi Watts não vence o Oscar de Melhor Atriz. Acredito que a Jessica Chastain não só vence o Globo de Ouro como termina vencendo o Oscar. Acredito que, no SAG, vai dar Jennifer Lawrence.

Reinaldo, obrigada! O Tom Holland, pra mim, foi o grande destaque do filme. Beijos!

Amanda, sim, o Tom Holland está muito bem. Para mim, ele é o destaque de um elenco que entregou ótimas atuações. E nisso, na força do conjunto, vou ter que concordar contigo.

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Também gostei muito do seu texto, é honesto e retrata, na verdade, o que muitos de nós sentimos ao ver O IMPOSSÍVEL. Este é daquele tipo de filme que a gente sabe que vai ter as emoções manipuladas – mas a destreza de Bayona é tamanha que jamais deixa a coisa ficar de mau gosto. Chorei muito. :´-(
Beijos!

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Kamila gostei do seu texto. Vou amanhã assistir este filme, mas vou acompanhada do meu sobrinho de 13 anos e estou receosa se é um estilo de filme para alguém da idade dele. Ele gosta de filme catástrofe, mas pelas críticas que estou acompanhando é mais dramático e portanto o pessoal mais jovem pode ficar entediado rs. Quero saber se após o tsunami tem mais cenas de ação ou se o apelo é mais emocional mesmo. Obrigada e parabéns pelo site.

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Weiner, obrigada!! Mas, é isso mesmo que tento fazer ao escrever um texto: tentar passar um pouco da sensação que tive ao assistir ao próprio filme. Que bom que consegui isso nesse texto. Não acho que “O Impossível” manipule as nossas emoções. Pelo contrário: todas as reações foram bem genuínas, choro natural, nada forçado! 🙂 Beijos!

Mariana, obrigada! Acho que seu sobrinho irá gostar do filme e se identificar com o personagem que o Tom Holland interpreta. O filme é bem mais drama do que catástrofe e isso surpreende positivamente. Não acho que o pessoal mais jovem fique entediado, porque o filme é muito movimentadoe bem realizado. O apelo do filme é totalmente emocional. Obrigada pela visita e pelo comentário!

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não imaginava que o filme iriam me emocionar tanto!
de fato excelente trabalho da naomi watts e do garoto… mas também destaco o ewan mcgregor, principalmente naquela cena do telefone!

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Bruno, eu também não esperava me emocionar tanto com esse filme, mas foi isso que ocorreu. O elenco todo está ótimo. Bem lembrado sobre essa cena do Ewan McGregor.

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Meu primeiro filme do ano no cinema, e comecei com o pé direito, pq esse filme é realmente espetacular, e explora de uma forma não apelativa a tragedia que foi o tsunami na asia em 2004, e não tem como alguém assistir e não se emocionar.
Como vc mesma disse Kamila, o personagem de Lucas rouba a cena, mas não podemos deixar de lembrar que tanto Naomi como Ewan também estão muito bons com seus personagem e suas atuações.
Alerta de SPOILER – A cena do encontro dos três irmãos para mim foi antológica, até agora eu me emociono pensando na cena. Uma das cenas mais bonitas que eu vi recentemente no cinema ou quem sabe até da história.

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Pablo, esse foi meu último filme de 2012, no cinema, e deixou uma impressão muito forte em mim, por causa da emoção da história. Concordo com você que o filme não é apelativo. Realmente, não podemos nos esquecer de destacar, além do Tom Holland, as atuações de Naomi Watts e de Ewan McGregor. Ambos estão sensacionais, assim como os outros dois atores infantis que completam a família Bennett. Também achei a cena que você citou muito bonita.

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Que linda percepção do filme! concordo com vc sobre o valor da bondade, do amor capaz de superar a tragédia que a vida as vezes nos remete e como essa situações possibilitam mudanças e nos faz refletir sobre o “possível”.

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Adorei o filme.Tenso, mas muito bem feito. Fiquei impressionada com as cenas do tsumani. A luta pela sobrevivência e o sentimento de união da familia foram muito bem explorados.

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Eu penei com esse filme e ainda levei meu pai a tira colo! É emocionante, dá vontade de chorar em 80%. Eu achei um filme interessante, responsável e nem um pouco sensacionalista, por incrível que pareça!

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Denise, obrigada pela visita e pelo comentário. É bem isso mesmo que o filme me fez sentir.

Márcia, também gostei do filme. As cenas de tsunami foram muito bem feitas. Uma pena que os efeitos visuais deste longa não foram lembrados no Oscar 2013.

Robson, muito emocionante mesmo. Chorei em vários momentos.

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Esse filme me tocou bem mais do que eu esperava. Como você bem mencionou nos comentários acima, é um filme de emoção genuína sem ser apelativo. O que mais me emocionou durante o filme foram os grandes atos de humanidade entre os personagens: o personagem do Holland tentando ajudar as famílias de sobreviventes no hospital, a personagem da Watts acolhendo o menininho, o pessoal da vila resgatando a Maria, os sobreviventes apoiando–se uns nos outros.

É uma produção de ótima técnica também. A cena do Tsunami é assombrosa (e nem ficou entre os pré-selecionados na categoria de efeitos visuais, né?), a maquiagem é muito bem feita e a direção de arte também tem seus méritos. O elenco é fenomenal (podia rolar uma indicação ao SAG, não?) e a direção é caprichada.
Emocionei-me muito e pretendo reassistir em breve.

Nota: 9,5

Bjs, Kamila! E um feliz 2013! Que esse ano seja um excelente ano em filmes!

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Chorei, chorei,chorei, e chorei muito. Apesar disso, não achei o filme sensacionalista ou melodramático. Achei que o filme mostrou, captou e transmitiu, a dor e a emoção real diante de uma catástrofe que nos faz sentir um grão de areia. E, além disso, um sentimento humanitário, real, que brota diante as adversidades.

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É um belo filme mesmo, Kamila! Um filme catástrofe bem trabalhado naquilo que lhe faz poderoso: as circunstâncias dramáticas e como as pessoas reagem a elas. Algo que geralmente fica em segundo plano nesse tipo de filme, que costuma privilegiar os “perigos”, “os acidentes”. E Naomi Watts, Ewan McGregor e Tom Holland estão ótimos.

Bjs!

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Clóvis, não rolou a indicação de Melhor Elenco no SAG para os atores desse filme, mas, se isso ocorresse, seria muito merecido. Concordo com seu comentário, especialmente sobre a questão dos atos humanitários durante o filme. Acho que o longa mostra exatamente isso: a bondade surgindo de um sofrimento sem comum. Beijos e um feliz 2013, com ótimos filmes para todos nós!

Patricia, concordo com todo o seu comentário! Também me comovi muito assistindo ao filme.

Otavio, também concordo com você! Beijos!

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Estou super curioso e ansioso para ver este filme, mas ele ainda nem deu as caras na minha cidade (e acho que nem vai rolar). Enfim, quero muuuuito ver o desempenho da Naomi =)

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Raspante, poxa, que pena! Espero que o filme dê as caras em sua cidade. É uma belíssima obra, com performances excelentes não só da Naomi, como também de todo o elenco do longa.

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