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Um Crime Americano

publicado em:2/03/09 11:00 PM por: Kamila Azevedo DVD

Filmes como “Um Crime Americano”, do diretor Tommy O’Haver, têm que lidar o tempo todo com uma grande tentação: a de tentar humanizar pessoas que possuem um caráter horrível – de forma a tentar justificar (se é que isso é possível) o caminho que as levaram a cometer crimes terríveis, chocantes e que causaram grande comoção na época em que aconteceram.

 

Tommy O’Haver flerta muito com esta possibilidade ao contar a história de Gertrude Baniszewski (Catherine Keener), uma mãe solteira, que vivia com suas sete crianças, em tempos difíceis, em meio a constantes dificuldades financeiras. Dona de uma personalidade naturalmente instável, está claro, desde o início, que Gertrude tem sérios problemas psicológicos.

 

Entretanto, tal conjuntura não é (e nem deve servir como) justificativa para todos os abusos físicos e psicológicos que ela comete com Sylvia Likens (Ellen Page), que, ao lado da irmã Jennie (Hayley McFarland), vai morar na casa de Gertrude enquanto seus pais seguem o circo no qual trabalham. Portanto, passada esta fase frustrada de tentativa de humanização, “Um Crime Americano” choca. É de se ficar estupefata com todos os maus-tratos sofridos por Sylvia. É de se ficar revoltada com a conivência e a cumplicidade de jovens e crianças que sabiam do que estava acontecendo na casa dos Baniszewski. É de se ficar com muita raiva da falta de atitude de terceiros. É de se ficar clamando por justiça pelo que ocorreu com Sylvia Likens.

 

Baseado em uma história real, “Um Crime Americano” deveria ter sido lançado nas salas de cinema, mas acabou encontrando seu nicho na televisão – meio aonde convenhamos, tal história se adequa melhor. O grande ponto positivo do trabalho de Tommy O’Haver é o contraste que se vê entre as excelentes performances de Ellen Page e de Catherine Keener (a qual foi indicada ao Emmy e ao Globo de Ouro pela atuação no longa). Enquanto esta tem uma insanidade que assusta de tão natural que é, aquela é o poço de serenidade e de divindade – mesmo com tudo que sua personagem está passando.

 

Cotação: 8,0

 

Um Crime Americano (An American Crime, 2007)

Diretor: Tommy O’Haver

Roteiro: Tommy O’Haver e Irene Turner

Elenco: Ellen Page, Catherine Keener, Bradley Whitford, Jeremy Sumpter, James Franco



Jornalista e Publicitária


Comentários


Todas as críticas sobre este filme são positivas e Ellen Page parece confirmar se grande atriz, além de Catherine Keener, que não é tão famosa mas já faz bons papéis.

Até mais.

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Engraçado que minha mãe viu “Juno” comigo e disse: “se essa menina fosse filha minha, eu dava uma tunda nela”… 🙂 Pois bem, aqui a pobre Ellen Page é muito judiada, tadinha… É claro, que, brincadeiras à parte, o filme se leva muito a sério em sua proposta e consegue realmente gerar toda esta indignação que você mesma colocou no post.
Bejios!

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Kami, essa é a maior nota que vi para o filme. Bom, eu assisti somente uma vez e achei absurdamente forte, mas também sinto falta de um roteiro mais sólido. Não sei bem o que me deixou mais incomodado no filme. Isso acontece às vezes…

Mas uma coisa é certa: Page é ótima, mas Catherine é visceral. Uma atuação absurda de uma atriz que prova ser, de fato, uma das melhores em atividade.

Beijos!

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Hugo, eu gosto muito da Catherine Keener, uma atriz que, quando faz papéis coadjuvantes, arrasa e deveria mesmo ter mais papéis principais em sua carreira. Até mais!

Weiner, tadinha da Juno!! rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrss Eu assisti a este filme com minha irmã e ficamos indignadas com tudo que a Sylvia passa. Beijos!

Kau, eu achei o roteiro sólido, apesar de não conseguir entender como o sofrimento da Sylvia foi prolongado. Parece que o caso teve várias falhas… Não sei se você me entende quando digo isso… E Catherine arrasa mesmo. Beijos!

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Eu acho a humanização de personagens malvados, quando bem feita, fascinante. Lembro-me do impacto que Passeio Noturno, do mestre Rubem Fonseca, me causou – e é um bom exemplo dessa linha narrativa diferenciada. Tem que ser mestre para fazer isso de maneira convincente. O que vemos no cinema, na maioria das vezes, é uma tentiva não de humanizar, mas de “clichelizar” o personagem… rs… Nunca tinha escutado falar nesse aí! Mas se você diz que é bom, deve ser mesmo!

Bjs!

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Dudu, esse “Passeio Noturno” é um livro? Vou tentar ler. Eu confesso que tenho problema com a humanização de personagens malvados. Não consigo acreditar demais nisso. Acho que a única humanização em que eu caí foi a do Hannibal Lecter… Beijos!!

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Kamila, eu compartilho com você todas essas sensações que “Um Crime Americano” nos causa. É um filme que nos provoca revolta e que oferece aquela vontade de ter o poder de interromper tudo o que se passa na tela – e isto é uma virtude que o cinema não costuma nos oferecer tantas vezes, não é verdade? Só que o resultado do filme, infelizmente, é devedor. Ver que tudo acaba sendo prejudicado por um terceiro ato desastroso é também muito revoltante. Aquela aparição sinistra da Catherine Keener quando a Ellen Page está fugindo com o vizinho de carro de noite me lembrou a Pamela Voorhees, a mãe do Jason.

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Achei este uma fita, espetacular – a muito tempo queria ver, pois sou fá de Catherine Keener – e não me decepcioneu, pelo contrario gostei até demais!

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Infelizmente o que só presta nesse filme é a atuação monstruosa de Keener e só. De resto, é um filme fraquissimo. Dá até pena ver Page fazendo esse filme e pior ainda quando o diretor cria uma falsa sensação de que irá acontecer algo feliz, é perceptivel que aquela cena toda é só para dar um filete de esperança a quem vê o filme.

Infelizmente foi uma das piores decepções do ano passado e pior ainda para Page onde ela cria um personagem que é muito aquém do que é o talento dela. E humanização de bandido não funciona Milla … lembre-se do tenembroso de ruim Ultima Parada 174. Eles deveriam saber fazer a diferença entre racionalizar um bandido e humanizar …

Beijos Milla

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Adorei o filme, Kamila. Adoro a dupla principal e como você mesmo disse é excelentes atuações!! Mas devo confessar que fiquei impressionado demais com o filme, durante várias partes do filme a sensação de mal estar me fez ‘companhia’! kkkkkk
bjs

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Kamila, “Passeio Noturno” é um conto, em duas partes. Foi publicado no SENSACIONAL livro Feliz Ano Novo – um clássico da literatura brasileira contemporânea, que chegou a ser caçado pela ditadura e sua censura. O conto que dá nome ao livro é um dos mais violentos e brutais que eu já li. Muito bom! Particularmente, eu acho o Rubem Fonseca completamente cinematográfico – tanto que alguns de seus livros já viraram filmes (Bufo & Spallanzani e A grande arte). A narrativa dele flerta muito com a linguagem cinematográfica. Recomendo fortemente! E para deixar água na boca (será?), deixo aqui um trecho de “Passeio Noturno I”:

“Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil.”

Bjs!

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Acho demais interessante quando tentam essa humanização do “vilão”(digamos assim). E cada vez mais acho que tudo na vida é uma questão de convencimento. É impressionante como, às vezes, a gente se deixa levar pela “causa” do personagem, e passa até a entender suas atitudes um tanto cruéis. Tudo bem que todos somos falhos, e ninguém é totalmente bom ou mau, (o que torna os personagens mais próximos da realidade), mas, querendo ou não, são atitudes reprováveis, que não merecem a nossa compreensão não!
Sei que não é bem assim que ocorre nesse filme, mas acho esse um ponto realmente interessante. Como falaram ali no caso da Juno. Gente, quem aqui não acha a Juno demais?!!! Ela é mesmo demais!! Mas se a gente for parar pra pensar, realmente, ela fez algo deplorável! Fez o filho e simplesmente o deu como se tivesse doando uma roupa a quem precisa. Cadêê o pai dessa menina pra ensinar valores da vida???
Entende? Mas ela continua sendo demais!! Que poder que um argumento bem desenvolvido e um personagem carismático tem sobre a gente!

Cada vez mais convicto, tudo é uma questão de convencimento! hehe

Beju Kamila!

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vala, nunca ouvi falar nesse filme com a ellen page, será que tem em dvd? vou procurar, gosto muito dela desde menina má.com, eu vi juno com meu pai, ele num entendeu nada ( por encrivel q pareça). eu gostei muito.

bjus e abraçus

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Olá, Kamila! Tudo bem?

Por incrível que parece, ainda não vi “Um Crime Americano”, mas tenho muita curiosidade pela história que parece ser bem angustiante. È muito bom ver Catherine Keener num papel muito de destaque, ela merece. Acho ele uma ótima atriz. E parece arrasar. Só lembro que no trailer, começei a tremer pela covardia de seu personagem. rs 😉

Beijos! 😉

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Kamila, suas palavras mostram o quanto vc se envolveu com o filme, isso é bonito.

Não conhecia a pelicula, gosto muito da Catherine, uma atriz estupenda que, pela idade, carece de papeis melhores.

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Alex, isso que você falou na primeira parte do seu comentário é uma pura verdade. A gente quer mesmo invadir a tela para impedir tudo aquilo de acontecer, mas discordo de você quanto ao terceiro ato ser desastroso. Eu fiquei bem satisfeita com o filme em si.

Pedro, espero que consiga encontrar o filme.

Cleber, eu também não me decepcionei com este filme.

João Paulo, o curioso foi que eu não esperava ver um final feliz para esta história… a sinopse do filme me deixava subentendido que algo de muito ruim acontecia. Só não consigo entender o por quê de muita gente não ter gostado de “Um Crime Americano”. Beijos!

Marcel, eu também encontrei esta sensação de “mal-estar” várias vezes. Beijos!

Dudu, anotei o nome do livro do Rubem aqui. Conheço algumas adaptações de obras dele, como a série “Mandrake” e “Agosto” e os relatos dele me parecem mesmo ser bem cinematográficos. Adorei o trecho que você deixou aqui. Beijos!

Jeniss, eu espero que encontre o filme. Abraços!

Alex Sandro, concordo plenamente com teu comentário!

Victor, adorei seu comentário, você levanta pontos interessantes, mas eu me revolto com a tentativa de humanização. Como eu disse mais em cima, não consigo simpatizar com personagens “malvados” demais – exceto o Hannibal Lecter. Beijos!

John, eu assisti a este filme em DVD. Beijos!

Mayara, tudo bem, obrigada. E com você? Eu também gosto muito da Catherine Keener. E a personagem dela não é covarde, e sim cruel! Beijos!

Cassiano, eu assisti a este filme com minha irmã e nós duas ficamos afetadíssimas com o que vimos.

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O que mais me interessa aqui é a elogiada performance da Catherine Keener, uma atriz que eu sempre achei um pouquinho superestimada pela Academia (não vi nada de muito especial nos papéis pelos quais foi indicada), mas que ultimamente entregou excelentes desempenhos.

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Para um filme televisivo – mesmo que lançado nos cinemas no Brasil, sua nota ta muito boa! Fiquei até mais interessado. Eu adoro o trabalho de Keener, e quero ver o filme mais por ela mesmo.

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Vinícius, acho que o caso da Catherine é o mesmo da Laura Linney – uma outra atriz respeitada e amada pela Academia. E ela está excelente neste filme.

Wally, como eu disse ao Vinícius, ela não decepciona neste filme.

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o filme um crime americano.me lembra a minha infancia,quando morava com minha madastra pois,ela me maltratava muito,ate meu pai descobrir.esse filme retrata muito bem a historia de silvia.minha
nota e de todos meus amigos e 10.poise otimo.

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nossa fiquei chocada ao ver esse filme com tanta realeza, as atrizes sao de uma grandeza imensa, de como souberam passar para o publico,a tal realidade tao cruel dessa garota parabens pelo trabalho de todas desse filme e que DEUS ilumine a alma dessa garota

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Ranilson, eu não daria 10 para esse filme…

anadezy, concordo com seu comentário. E que Deus ilumine mesmo a alma da Sylvia.

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Nunca tinha assistido esse filme e nem ouvido falar desse fato até hoje 23/01/11. Mas me emocionei muito com a triste história da garota, foi uma injustiça o que fizeram com ela, esse mundo é simplesmente cruel.

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o filme é bastante forte, e considerando que é real. começo a pensar e ter certeza que o ser humano é um animal da pior espécie. no nosso dia a dia vemos coisas horriveis contra crianças e adolescentes, que são judiados por seus pais, parentes, amigos, conhecidos ou desconhecidos. mas a cada noticia, eu me choco mais ainda com essas maldades.. em que mundo vamos parar?

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