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Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor

publicado em:18/01/10 9:48 PM por: Kamila Azevedo TV

Mantendo a tradição do início de ano, a Rede Globo levou ao ar mais uma minissérie brasileira. Assim como ocorreu em 2009, temos, em 2010, como objeto de estudo, personalidades da nossa música. No caso em questão, a cantora Dalva de Oliveira (Adriana Esteves) e o cantor, compositor e músico Herivelto Martins (Fábio Assunção na sua volta à TV após um ano bastante conturbado), os quais fizeram um enorme sucesso nas décadas de 30, 40 e 50; e tiveram uma celebrada parceria nos campos pessoal e profissional. 

A época vivida pelo casal foi um momento de ouro da música popular brasileira, com o sucesso de público que eram os shows promovidos pela lendária Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em que estrelas como a própria Dalva, Emilinha Borba (Soraya Ravenle), Linda Batista, Francisco Alves (Fernando Eiras), dente outros, interpretavam canções que se tornariam clássicas e representantes do primeiro time do panteão de nossa música até os dias de hoje. 

No entanto, o roteiro da minissérie “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor” não coloca este assunto no primeiro plano. A escritora Maria Adelaide Amaral usa a época de ouro do rádio como pano de fundo para fazer o retrato de uma história de amor que nasceu, se desenvolveu, atingiu seu ápice e acabou diante do olhar do público. Um romance que durou de 1939 até 1947 e terminou com uma acalorada discussão pública, uma verdadeira lavagem de roupa suja (nem os próprios filhos deles foram poupados, tadinhos) através de matérias em jornais e revistas, brigas judiciais e composições gravadas por ambos os lados – ou seja, nunca algo ficava sem resposta e ninguém queria dar trégua um ao outro, pois existia muita mágoa em jogo. 

É impossível assistir “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor” e não se recordar ou comparar esta minissérie com “Maysa – Quando Fala o Coração”. Por ter tido mais capítulos, a obra de Jayme Monjardim acaba sendo mais extensa e completa que a dirigida por Dennis Carvalho. Em se tratando das duas personagens principais, tanto Maysa quanto Dalva possuem muito em comum: ambas eram viciadas em bebida alcoólica, cantavam muito samba canção e tinham uma vontade extrema de amar e ser amada. A parte masculina desta minissérie, Herivelto, é retratada como um homem muito orgulhoso, machista e rígido, incapaz de admitir erros e pedir perdão – a impressão que a série deixou é a de que ele viveu uma eterna dor de cotovelo por Dalva, afirmação que pode ser contrariada pelo fato de que o compositor viveu um segundo feliz casamento com Lurdes (Maria Fernanda Cândido), com quem ficou até a morte. 

Ainda no terreno das comparações entre as duas mais recentes minisséries musicais da Globo, a reconstituição de época das duas obras é perfeita e todo o trabalho foi feito de forma muito cuidadosa. Ambas emulam, claramente, o estilo de narração adotado no filme “Piaf – Um Hino ao Amor”, de Olivier Dahan. Embora Adriana Esteves não tenha sido tão intensa quanto Larissa Maciel, a atriz encontrou o tom certo para encarnar Dalva de Oliveira, especialmente na fase de maior maturidade da vida da cantora. No final, “Dalva e Herivelto” acaba batendo “Maysa” em um aspecto: na concepção e direção dos números musicais, que ficaram a cargo da dupla Charles Moeller e Cláudio Botelho – basta dizer que não dá para se falar em musicais no Brasil sem citar o nome deles, uma vez que eles são o top de linha nesse estilo no país. 

Cotação: 7,0

Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor (2010)
Direção: Dennis Carvalho e Cristiano Marques (shows musicais a cargo de Charles Moeller e Cláudio Botelho)
Roteiro: Maria Adelaide Amaral (com a colaboração de Geraldo Carneiro e Letícia Mey)
Elenco: Adriana Esteves, Fabio Assunção, Maria Fernanda Cândido, Jackson Costa, Jandir Ferrari, Thiago Fragoso, Thiago Mendonça, Leona Cavalli, Pablo Bellini, Leonardo Carvalho, Emílio de Mello, Fernando Eiras, Fafy Siqueira, Soraya Ravenle, Denise Weinberg



Jornalista e Publicitária


Comentários


Não vi essa minissérie, apesar de contar com o retorno do Fábio Assunsção – ator de quem gosto muito.
Gostei da sua comparação com Piaf. Em Maysa isso realmente era perceptível (agora que vc falou, claro) e acredito que deva ter pautado essa adaptação tb. E só para dar uma voltinha no post anterior, não acho que Guerra ao terror leve de melhor filme no Oscar não. De todos esses que disputava o prêmio de melhor filme no globo de ouro, é o que reúne menos chances. Pelo menos no momento. Vamos ver o andar da carroagem. Tem muita água para rolar até 7 de março.
Bjs

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Reinaldo, também gosto do Fabio Assunção. Como “Guerra ao Terror” tem menos chances de vencer o Oscar de Melhor Filme se tem sido o filme que mais venceu nesta categoria nos pr^meios da crítica???? Sei não! Eu ainda aposto nele. Veremos o que acontece no PGA Awards. Beijos!

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Por que é um filme pequeno que ninguém viu e não parecem muito dispostos a ver. Mesmo depois do bafafá da critica o filme perdeu força no buzz para o Oscar e não despertou muita atenção do público não. Se tem uma candidatura que pode se impulsionar depois do Globo de ouro é Avatar. Como disse o Governator, todo mundo já viu e com 10 indicados e o método de se aferir o vencedor obedecendo ordem de preferência, Avatar certamente não será a primeira opção de muita gente, mas estará a frente de Guerra ao terror na maioria das listas. Isso vai contar.Acredite. Amor sem escalas, principalmente depois do teleton organizado por George Clooney deve crescer de novo e Bastardos, bem, estou coletando algumas informações sobre os bastidores da campanha do filme e vou postar no meu blog. Conto com sua presença lá!
Não estou dizendo que Guerra ao terror não tem chances, só acho que elas são bem improváveis.

Estou animado pelo nosso bate papo.
Bjs

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Cleber, que pena! Perdeu um bom trabalho!

Reinaldo, nos Estados Unidos, quem importa na indústria do cinema, viu “The Hurt Locker”. É um filme bastante admirado e não acho que tenha perdido buzz para o Oscar. O problema é que “Avatar” estreou recentemente e tem a atenção da mídia. Concordo que a maré está a favor de “Avatar”, mas a campanha continua e a Summit aposta alto em “The Hurt Locker”. Não acho que “Up in the Air” deva crescer ou “Bastardos”. A briga é mesmo entre “The Hurt Locker” e “Avatar”. Beijos!

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Sem dúvidas que essa minissérie teve vários aspectos maravilhosos (como você disse, qualquer coisa vindo de Moller e Botelho reluz), acho que me chamou atenção também todos os coadjuvantes, o pessoal do teatro musical estava cheio por lá (Cláudia Netto, Soraya), enfim, não achei melhor que Maysa não, mas sem dúvidas mostra que a Globo ainda dá espaço (pouco) para obras com um fundo histórico.
Torço para que mais biografias como essas apareçam nas nossas telas, porque artista talentoso (morto e vivo para interpretar) o Brasil tem de sobra.

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Luís, esses coadjuvantes, pra mim, foram muito mal aproveitados. Não é uma minissérie melhor que “Maysa”, mas tem alguns aspectos a se destacar, sem dúvida. E também esotu na torcida para que mais biografias como essas sejam feitas.

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Infelizmente perdi o primeiro capítulo e não quis continuar a ver sem ter tê-lo conferido. Vou tentar achar pra baixar.

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Eu não assisti, :
Só li elogios sobre Assunção e Esteves. Bjos!

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Alex Pizziolo, eu sou como você. Se perco algo, nem tento ficar acompanhando.

Felipe, só. 🙂 E tá bom demais!

Rafael Moreira, eles dois estiveram ótimos, é verdade. Beijos!

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Tenho grande dificuldade de acompanhar “certinho” essas produções na nossa TV, sabe? Sempre acabo perdendo os episódios e no caso dessa “Dalva e Herivelto” não vi nada – mas ouvi bons comentários a respeito dela, em especial da parte musical. Abraço!

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Pedro T., eu também gosto do Fabio.

Vinícius, eu acompanho somente nessa época. E só assisto a estas minisséries mesmo. Abraço!

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Infelizmente, só assisti a dois episódios, perdi o resto. Mas gostei bastante do que vi e Adriana e Fabio (que grato comeback) estavam ótimos!

Beijos! 😉

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