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Lendo – “A Irmã de Ana Bolena”

publicado em:12/01/11 2:26 AM por: Kamila Azevedo Livros

“Não vê que na vida há um único objetivo. Mais. Mais do que qualquer coisa. Mais de tudo”. (p. 534)

O livro “A Irmã de Ana Bolena”, de autoria de Philippa Gregory, é um romance histórico que faz uma cobertura completa do período de 25 anos em que a família Bolena utilizou duas de suas garotas, as cortesãs e irmãs Maria e Ana Bolena, para seduzirem o rei Henrique VIII e ascenderem ao poder como Rainha da Inglaterra, custe o que custar, não importando também os atos que têm que ser feitos para o alcance deste fim. A grande verdade é que o livro é um retrato sobre pessoas com ambição desmedida e que caminham num limite tênue entre a racionalidade e a insanidade que pode vir do simples fato de se desejar sempre algo mais do que aquilo que já se tem.

As duas personagens centrais do livro, Maria e Ana Bolena, apesar de irmãs, sempre foram rivais. Quando estavam unidas, esta era uma união sempre imposta pelos próprios interesses da família Bolena. Uma sempre quis vencer a outra, uma sempre quis mostrar que a realidade de uma era melhor do que a que a outra vivenciava. Era uma relação baseada na dependência, em um caráter até meio doentio e agressivo. Interessante perceber que o terceiro vértice desta relação, o irmão George, também compactuava das mesmas características, apesar de ser alguém mais relaxado, porém que estava sempre alerta para prevenir que algo que divergisse dos interesses de sua família acontecesse.

A grande mensagem contida em “A Irmã de Ana Bolena” é que o preço que os Bolena pagaram para “brincar” no jogo da corte inglesa foi alto demais. Eles colheram aquilo que plantaram e ainda bancaram os hipócritas quando viram, diante de seus olhos, outra família fazerem o mesmo jogo que eles. Porém, o pior, nisso tudo, era que eles eram totalmente covardes e viraram as costas uns aos outros no momento em que a vaca foi pro brejo. É importante frisar bem que os Bolena não são vítimas. Pelo contrário, eles sabiam aonde estavam se metendo e Ana, George e Maria caíram juntos, entretanto, eles caíram sendo fieis aos seus princípios, ao contrário dos outros parentes, que “renegaram” tudo que foi feito, até então.

Apesar de ser um relato ficcional, um tanto floreado por detalhes desnecessários, especialmente sobre a “sujeira” que acontecia entre quatro paredes nos aposentos do Rei Henrique VIII, é importante perceber o rico trabalho de pesquisa sobre os personagens que foi feito pela autora Philippa Gregory (que é quase uma especialista em romances históricos sobre a corte inglesa) e o fato de ela ter sido fiel à história, à importância destes personagens e às consequências dos atos tomados por cada um deles (por exemplo, para poder se casar com Ana Bolena, Henrique VIII afrontou a Igreja Católica criando a Igreja Anglicana, se tornando Senhor absoluto de seu país, com poder incontestável sobre tudo e todos; e Ana Bolena foi a primeira rainha inglesa a ser presa e condenada à morte). Também temos uma certa ironia com o destino: a filha de Henrique VIII e Ana Bolena, a princesa Elizabeth, saiu renegada do reino inglês após a decapitação de sua mãe, mas, após o falecimento do único irmão varão que seu pai concebeu (oficialmente, claro!), se tornou a rainha Elizabeth I, aquela que seria a maior monarca da Inglaterra em todos os tempos.

Como leitura, “A Irmã de Ana Bolena” é uma obra um tanto cansativa. O ritmo empregado pela autora Philippa Gregory é um tanto inconstante e vai chegar horas em que você vai estar de saco cheio diante de tanta coisa feia ordenada pelos Bolena – tudo, relembrando, para eles conseguirem realizar seu desejo de ascensão ao trono inglês. O livro termina com um tom um tanto obscuro, mas a piedade por estes personagens já tinha sido perdida há muito tempo – impossível sentir simpatia por quem fez tanta coisa suja. A única personagem que causa empatia é a rainha Catarina de Aragão. Acredite quando eu digo que você irá lamentar quando ela sair de cena. O jeito é tentar ler “A Princesa Leal”, livro que Philippa Gregory fez sobre Catarina; ou assistir “A Outra”, filme dirigido por Justin Chadwick, baseado nesta obra e que, descaracteriza por completo a obra literária, mas, pelo menos, não é tão chata quanto esse livro.

A Irmã de Ana Bolena (2009)
Autora: Philippa Gregory
Editora: Record

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A última modificação foi feita em:outubro 21st, 2019 as 6:22 pm


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Comentários


Como te disse pelo Twitter, Kamila, “A Outra” foi um filme bem frustrante para mim – claro, não chegaria a chamá-lo de horrível, mas é um longa que eu não recomendaria. Portanto, não estou tentado a procurar pela obra que serviu de inspiração aos roteiristas. E olha que eu geralmente adoro obras calcadas em intrigas palacianas. Contrassenso? =)
Beijos!

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Pensei que o livro poderia ser melhor do que o filme, até no envolvimento. Uma pena que seja assim. Muito corajosa amiga! rsrs.

Beijos! 😉

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Cristiano, eu não gosto do filme. Mas, ele é melhor que o livro, sem dúvida! Beijo!

Weiner, eu também não recomendo o longa. E nem leia esse livro! rsrsrsrs Beijos!

Mayara, não é envolvente… Infelizmente. rsrsrsrsrs

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