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Irmãos de Sangue

publicado em:25/05/11 9:23 PM por: Kamila Azevedo TV

No final da década de 90, o ator Edward Norton tinha aquela que era considerada uma das mais promissoras carreiras da indústria cinematográfica hollywoodiana. Com duas indicações ao Oscar de Melhor Ator antes de chegar aos 30 anos e tendo trabalhado com diretores do porte de Woody Allen, Milos Forman, David Fincher e Ridley Scott, era, provavelmente, uma questão de tempo para Norton se transformar num dos atores mais respeitados do cinema norte-americano. Mas, algo deu errado e Norton nunca confirmou sua promessa. Só para se ter um exemplo do quanto a carreira do ator entrou num ponto morno, basta dizer que seus três últimos filmes tiveram ou uma curta trajetória nas salas de cinema brasileiras (e norte-americanas, por conseguinte) ou foram lançados diretamente em DVD.

O que houve, então, para que Edward Norton saísse de promessa à “decepção”? Um ator talentoso, sem dúvida alguma, o grande calcanhar de Aquiles dele parece ser a sua difícil personalidade (sempre temos histórias de bastidores sobre as batalhas de Edward com seus diretores, especialmente em discussões sobre a necessidade de se reescrever roteiros e de estar na sala de edição vendo como a obra está se apresentando). Também podemos citar aqui a grande opção de carreira de Edward Norton: agora, ele prefere se envolver naqueles filmes em que pode dar pitaco nas soluções criativas, então, ele não se transformou somente num ator, uma vez que ele também deseja trabalhar o roteiro e acompanhar todas as etapas de produção da obra. E é difícil encontrar grandes diretores que queiram uma personalidade forte dessas ao lado durante a produção de um filme… Por isso, então, vemos Edward em filmes “menores” como esse “Irmãos de Sangue”, obra escrita e dirigida por Tim Blake Nelson, ator que ele conheceu durante as filmagens de “O Incrível Hulk”, de Louis Leterrier.

A obra tem como personagens principais dois irmãos gêmeos chamados Brady e Bill Kincaid. Ambos possuem QI acima da média e vêm de uma família privilegiada do ponto de vista intelectual, mas, de uma forma incompreensível, os caminhos de Brady e Bill seguiram destinos completamente diferentes. Enquanto o primeiro se transformou num audaz traficante de drogas, o segundo ascende como Professor universitário de Filosofia, sendo disputado por prestigiadas universidades. É importante mencionar aqui que o relacionamento familiar dos Kincaid é tenso. Desde que saiu da sua pequena cidade do Estado de Oklahoma, Bill cortou todos os contatos com Brady e a mãe (Susan Sarandon), apesar destes acompanharem, de longe, todos os passos da carreira universitária dele.

O ponto principal do roteiro escrito por Tim Blake Nelson é retratar a volta de Bill ao ambiente familiar, após Brady forjar a morte dele. O elemento mais legal de “Irmãos de Sangue” é ver uma mente completamente privilegiada como a de Bill cair feito um patinho em todos os planos engenhosos do irmão, fazendo com que ele se torne cúmplice de todos os atos atabalhoados que o irmão comete durante o período que Bill está na sua cidade natal. Outro elemento interessante do filme é perceber Bill entrando em contato com seus sentimentos mais íntimos em relação à sua família e às decisões que ele teve que tomar para poder, digamos, progredir na vida.

Sexta experiência como diretor de Tim Blake Nelson, o grande problema de “Irmãos de Sangue” é a falta de desprendimento do diretor em relação ao seu próprio roteiro. Por ter sido um trabalho feito com bastante esmero desde a sua pré-produção (sempre com Edward Norton como companhia…), dá para se perceber as dificuldades de Nelson em cortar certas partes de sua história, o que nos dá a sensação de que o longa se prolonga mais do que o necessário. Outro ponto a se ressaltar é o timing cômico de Edward Norton, que é praticamente inexistente. Ele fica muito estranho interpretando Brady, com um sotaque forçado e você percebe mesmo ele pensando em todos os seus passos enquanto está na pele dele. Muito diferente da naturalidade com a qual ele interpreta Bill e é com este personagem que ele alcança seus melhores momentos em “Irmãos de Sangue”.

Cotação: 3,0

Irmãos de Sangue (Leaves of Grass, 2010)
Direção: Tim Blake Nelson
Roteiro: Tim Blake Nelson
Elenco: Edward Norton, Lucy DeVito, Tim Blake Nelson, Susan Sarandon, Ty Burrell, Melanie Lynskey, Josh Pais, Keri Russell



Jornalista e Publicitária


Comentários


Kamila, sobre sua dúvida sobre o Viajando pelo Mundo. Eu primeiro faço uma pesquisa sofre a força do cinema no determinado país, em seguida procuro pelos nomes mais proeminentes. Quando necessário traduzo o material , para produzir meu texto e por último seleciono as fotos.

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Realmente Edward Norton foi um furacão surgindo em “Primal Fear”, teve seu auge em “American History X” e depois, sumiu… apareceu até em Modern Family, num episodio da primeira temporada. Só faz pontas e trabalhos menores hoje.

Mas, infelizmente nem todo mundo faz boas escolhas ou tem bons acessores e conselheiros. Luise Rainer e Jill Clalyburgh são os melhores exemplos. Foram um furacão bem passageiro em 30 e 80.

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Flávio, legal!!! Parabéns pela seção! 🙂

Pedro Paulo, pois é…. Eu, como fã dele, fico triste com isso, com a forma como a carreira dele se delineou nos últimos tempos.

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Torcendo para que esta fase ruim de Norton passe rápido. Acho ele um excelente ator. Simpatizei bastante com “Irmãos de Sangue” quando vi, mas o filme é esquecível… quase nem lembro dele direito.

[]s

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Concordo com seu comentário sobre as expectativas que Norton causou em Hollywood.Meus trabalhos favoritos dele são Clube da Luta de David Fincher e A última Noite de Spike Lee.Nos últimos anos ele não tem feito nada de muito importante e acrescento em seus comentários o excesso de vaidade que ele teve quando desembarcou no Brasil.Ao contrário de Tom Cruise,Viggo Mortensen e James Cameron(que até brincou com a equipe do Pânico na TV),Norton não falou com ninguem.Tem um filme dele que se chama Homens em Fúria com Robert De Niro e Mila Jokovich que é 3 estrelas e gostei da história,mas Edward Norton exagerou muito na composição do personagem,precisa fazer um presidiario com aquela voz e mudar até o cabelo?acho que não.Já vi a capa do filme irmãos de sangue Kamila,vou procurar ver esse final de semana.Beijos.

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Paulo, eu gosto dele em “A Outra História Americana”, “Clube da Luta” e “A Última Noite”, que, aliás, é um filme subestimado por demais… Não acho que ele teve excesso de vaidade quando passou por aqui. É o jeito dele. Ele não fez uma persona diferente do que é… Ainda não assisti “Homens em Fúria”, mas os comentários não são animadores mesmo. Beijos!

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Ele já “foi” meu ator-de-cabeceira, mas, devido ao desgate na carreira e projetos estranhos, com o tempo passei a “esquecê-lo”, entende? sei lá…ele me decepcionou, de certa forma.

E, convenhamos, era pra ele ter faturado o Oscar por “A Outra História Americana”…perder pra Roberto Benigni? …Oi?

Esse filme daí eu baixei aqui, mas não tive vontade de ver, dois amigos detestaram…e agora você não gostou.

Um dia confiro.

Beijo!

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Cristiano, ele continua sendo meu ator de cabeceira, SEMPRE!!! Era para o Edward ter dois Oscars, tá?? rsrsrsrs Beijo!

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