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“Pitanga” – Mallu Magalhães

publicado em:7/10/11 10:08 PM por: Kamila Azevedo Diversos

Pitanga. Num conceito simples, é o fruto da pitangueira. Como palavra, tem origem tupi-guarani, e significa “vermelho”. Entretanto, se você fizer esta mesma pergunta para a cantora e compositora Mallu Magalhães, com certeza, a resposta será bem diferente. Pitanga vem da pitangueira que existe no Estúdio El Rocha, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Pitanga vem da própria árvore que ela cultivava em sua varanda. Pitanga é o nome de uma fruta que ela adora. Não podia ser outra coisa: “Pitanga” dá nome ao seu terceiro disco, o qual foi lançado nesta semana, pela Sony Music.

“Pitanga” é o resultado de 55 dias de trabalho no estúdio, muito bem retratados no site oficial da artista. Produzido por Marcelo Camelo e co-produzido e mixado por Victor Rice, para quem acompanhou de perto o trabalho de produção e pós-produção de “Pitanga”, era notável a dedicação, o esforço e o comprometimento de toda a equipe envolvida neste disco. No que diz respeito à Mallu, o processo de feitura de “Pitanga” parece ter sido uma verdadeira revolução na sua jovem mente, não só como uma etapa de fortalecimento rumo ao seu amadurecimento como a cantora, instrumentista e compositora excelente que ela já é, como também na sua participação ativa nos bastidores do disco, fazendo os desenhos, os bordados, as gravuras e tirando as fotografias que fazem parte da parte gráfica deste seu “filhote”; bem como criando e divulgando vídeos que serviam como “teasers” desse seu novo trabalho.

Como você pode perceber, tudo em “Pitanga” tem o dedo de Mallu Magalhães. As doze músicas presentes no álbum (todas de autoria dela) mostram a verdadeira gama de influências que Mallu apresenta nestes seus quatro anos de carreira. “Pitanga” confirma, por exemplo, de vez, a proximidade da cantora com a música brasileira, algo que foi inicialmente visto no seu segundo disco, “Mallu Magalhães” (2009). Mas, ao mesmo tempo, oferece aos fãs mais antigos aquela Mallu que transita muito bem por ritmos como o folk e o bluegrass. Um dos elementos, aliás, que chega a ser mais surpreendente em “Pitanga” é que Mallu equilibra muito bem todas essas suas referências em um disco que funciona muito bem como um todo e que tem várias canções com potenciais de se tornarem single.

Talvez, a maior diferença desse terceiro disco para os outros dois é que “Pitanga” tem uma maior complexidade em termos de arranjos, os quais são apresentados com uma sonoridade um tanto artesanal, quase que crua. Tome-se como exemplo o primeiro single desse disco, a ótima “Velha e Louca”, que tem uma pegada rock cheia de pausas e mudanças de progressões. Escute também com atenção “Por que você faz assim comigo?”, uma das mais belas desse disco, e “Cais”, que encerra o álbum com um arranjo simples, porém lindo, de piano e sininhos. Interessante também perceber que Mallu usou efeitos bem diferentes em algumas canções do disco, como “In the Morning”. Até mesmo aquelas músicas que a gente já conhecia de apresentações mais recentes da cantora, como “Cena” e “Sambinha Bom” nos são reveladas de modo bem diferente no disco.

É impossível falar de “Pitanga” sem mencionar a figura do seu produtor, Marcelo Camelo. Parceiro profissional e de vida de Mallu Magalhães, ele conseguiu extrair da sua companheira aquilo que nem Mario Caldato e Kassin conseguiram nos trabalhos anteriores dela: a verdadeira essência dela – ou, talvez, aquela parte de Mallu que, pela proximidade natural do relacionamento entre os dois, ela só divide com ele. Até porque Mallu é uma artista única no cenário musical brasileiro, não só por respirar e por viver arte, mas, principalmente, porque ela compartilha essa visão particular dela de arte com a gente. Por meio de suas músicas, e isso é uma qualidade rara presente nela, a gente consegue enxergar quem Mallu é, o que ela vive, quais são seus anseios, medos e, principalmente, aquilo que a faz feliz.

Neste sentido, a temática principal de “Pitanga”, assim como visto em “Mallu Magalhães” (o de 2009, não o de 2008), é o amor. Com uma pitada diferente, dessa vez. No disco de 2009, Mallu tinha uma visão um tanto romântica, “juvenil” e idealizada do amor. A Mallu de 2011 continua romântica, continua vivenciando – e se inspirando – no seu amor. Mas, ela tem uma visão um tanto mais madura do tema. Uma visão que somente a experiência de vida (mesmo que numa jovem de 19 anos como ela) e a segurança que ela nos dá pode nos oferecer. De uma certa forma, seu “Pitanga” tem muita intertextualidade com o “Toque Dela” (álbum que Marcelo lançou em abril deste ano). Versos que ela faz aqui que remetem ao que ele escreveu lá. Provavelmente, no futuro, serão aquele tipo de discos que teremos que escutar juntos, como se um fosse a junção do outro. São os dois mais belos discos de 2011, por fazerem uma celebração do amor (deles). E que me lembram uma frase que foi dita pela Eliete Negreiros, grande amiga da Mallu, publicada no blog da artista, durante a produção de “Pitanga”: “Coitado de quem não sabe amar. Olha como a vida fica uma delícia com amor!”.

Pitanga (2011)
Artista: Mallu Magalhães
Gravadora: Sony Music

Compre o disco aqui.



Jornalista e Publicitária


Comentários


Tenho muita vontade de acompanhar essa cantora, sou bastante fã de Camelo e Los Hermanos, mas sempre deixo para depois a audição da menina, que parece ter talento. Vou tentar mudar isso!
Otimo Texto!

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Talvez Marcelo Camelo já tenha decifrado o “vermelho” dessa pitanga: “mas você me chama pro mundo e me faz sair do fundo de onde eu tô de novo”.

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Grande talento!

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Celo, a Mallu é uma das jovens cantoras e compositoras mais talentosas da atualidade. Dê uma chance a ela. E do Camelo, sou meio suspeita pra falar. Ele é meu favorito. 🙂 Obrigada!

Herculano, pois é! Bem pensado! 🙂 Essa é a minha música favorita do “Toque Dela”.

Fernanda, enorme talento!!!

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Acho a Mallu uma das artistas mais verdadeiras da atualidade! O 3º albúm está incrível! Adorei o texto, entra bem em acordo com meu modo de pensar também! (:

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não é bem o tipo de música que eu gosto, mas ela tem talento! vou atrás de mais músicas dela…

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Gosto da Mallu e estava acompanhando a sua carreira no início, mas acabei me “perdendo”, rs

Até cheguei a acompanhar alguns posts no site dela,algo que tinha me deixado extremamente curioso. Estava gostando do que estava lendo 🙂

Tenho certeza que é bom, vou atrás de comprar Pitanga O/

Abs.

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Parabéns pelo seu espaço!
Muito sério e determinado!
Abs.
Wagner Woelke

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Bruno, a Mallu é talentosíssima! Corra atrás das músicas dela, sim! 🙂

Raspante, eu adoro a Mallu! Que pena que você acabou se “perdendo”. Corra atrás de “Pitanga”, que é LINDO! Abraços!

Wagner, obrigada! 🙂 Abraços!

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Ontem comprei três lançamentos: “Elo” da Maria Rita, “Cavaleiro Selvagem aqui te sigo” da Mariana Aydar e “Pitanga” da Mallu M. Sem dúvida o mais gostoso de ouvir é o da Mallu… Há no disco uma singeleza que já é sua marca registrada, mas neste trabalho em especial, me parece que ela está mais calma, com grande consciencia do queria mostrar e fazer. É um disco de boas baladas, de letras ótimas, com boas sacadas, bom disco para acordar na manhã de um sábado ou domingo preguiçoso…
O grande público ainda torce o nariz pra ela, mas sem razão, muitos nem a ouviram e criticam sem conhecimento algum.
Sem dúvida este é o melhor disco de 2011. O da Mariana é um disco bem feito mas que é preciso estar disposto a ouvi-lo, tenho certeza que renderá ainda muito o que falar, o de Maria Rita também, afinal um disco burocrático como este que ela lançou, recheado de regravações, piores que as originais, dará muito mesmo o que falar!

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Dhan, eu comprei de uma tacada só o “Elo” e o “Pitanga”. O da Maria Rita, achei um disco que faltou aquele grande momento… O da Mallu é muito gostoso de ouvir, uma delícia de ouvir, com aquele pop grudento, melodias bonitas e letras sinceras. Eu concordo totalmente contigo. Mas, me divido entre esse disco e o “Toque Dela”. Acho dois trabalhos sensacionais.

Obrigada pela visita e pelo comentário!

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Kamila, ainda não ouvi o “Toque Dela”, por puro desleixo mesmo… Gosto do Camelo muito mais agora sozinho do que quando era um Hermano.
Você falou em sinceridade e em minha singela opnião é o que define a essência dessa cantora, penso que o grande barato da Mallu é esse da sinceridade, não é “poser”, não é celebridade, ñão é “wanna be” saca?! Ela é uma garota como tantas outras que toca seu violão, escreve versos, canta bonitinho mesmo sem ter uma voz acima da média… Mas tudo isso regado com altas doses de verdade tão em falta hoje em quem vive sob os holofotes da mídia…

Essa parceria de vida e música de Marcelo com Mallu vai render muitas coisas boas, tenho certeza disso.
O Pitanga, ainda vai rodar muito no meu player, só depois é que farei o dever de casa e sairei na busca do “Toque dela”.

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Dhan, tente escutar, sim, o “Toque Dela”. Eu admiro o trabalho do Marcelo desde a época dele do Los Hermanos, e sou fã incondicional da carreira solo dele. Acho que, na realidade, ele se encontrou nela. Eu me emociono muito com a música dele, assim como com a da Mallu! 🙂 Perfeita a sua definição da Mallu. Eu concordo com isso plenamente. A Mallu é uma artista e uma pessoa muito especial. Eu torço muito por ela. E espero que ela seja muito bem-sucedida em tudo aquilo que faz. Com certeza, a parceria de Marcelo e Mallu vai render muitas coisas boas. Já está rendendo, na verdade. 🙂 Mas, não deixe mesmo de ouvir o “Toque Dela”.

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Estou ansiosa para ouvir!
A Mallu Magalhães é uma jovem diferenciada e a parceria com Marcelo Camelo só pode trazer resultados interessantes!

Beijos!

http://verdica.wordpress.com

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Verdica, escute, sim, o disco. É muito lindo e a parceria da Mallu com Camelo é uma das coisas mais felizes dos últimos anos. Beijos!

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o disco tá mesmo lindo. tão lindo quanto a sua resenha, kamila! parabéns pelo reconhecimento! #celebrity

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O disco é realmente muito bom. Me surpreendi… e logo eu, vidrada em rock fui me apaixonar pelo CD. Adorei os arranjos, os sons, os efeitos. Como você disse, podemos sentir a Mallu em cada cantinho do CD. E afinal é isso que eu gosto na Mallu: esse anseio por se expressar em cada espaço que aparece, em cada brechinha vemos um pouquinho de sua arte.
Fico feliz de ver esse amor que as pessoas compartilham pela Mallu, de uma sinceridade que não podia ser diferente. É natural, doce; todos somos vítimas dessa criatividade, dessa sua alegria.
Queria também comentar que sou leitora voraz do blog, apesar de nunca comentar, e tenho visto frequentemente os seus comentários. Nunca tinha lido seu blog, mas gostei muito. A resenha está muito bem escrita e sincera, provavelmente uma das melhores que eu li sobre o CD. Parabéns 🙂

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Paulinho, obrigada! <3

Isabela, pois é. Eu também me surpreendo, às vezes, quando vejo o quanto que o que a Mallu faz afeta a gente. Acho que isso é um dos mais belos tributos ao que ela faz. Ela consegue fazer com que a gente entre nessa sinceridade dele. Obrigada pelo comentário e pelas visitas! 🙂 E pelos elogios! Volte quando quiser.

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[…] o videoclipe de “Sambinha Bom”, segunda música de divulgação do excelente “Pitanga“. Para quem não sabe, esta foi eleita a sétima melhor canção de 2011 pela revista Rolling […]

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