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Contágio

publicado em:23/11/11 11:58 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Uma epidemia é caracterizada pela incidência, num curto espaço de tempo, de um grande número de casos de uma determinada doença, em uma região geográfica bem específica. Quando a epidemia passa a atingir números ainda maiores e uma área geográfica bem mais ampla, ela passa a ser denominada como uma pandemia. Por trás das grandes pandemias que assolaram a espécie humana ao longo da história, sempre uma característica em comum: o fato de que os vírus que as ocasionaram serem poderosos e pegarem de surpresa o sistema de saúde, que ainda não tinha uma cura para aquela determinada enfermidade.

Este é o cenário que veremos no decorrer dos 105 minutos de “Contágio”, filme dirigido por Steven Soderbergh. A obra segue os cerca de 150 dias de uma pandemia causada por um vírus desconhecido que acarreta sintomas parecidos com uma gripe que evoluem rapidamente para convulsões e uma encefalite fatal. Os casos começam em Hong Kong e, logo, podem ser vistos em povoados chineses, em Londres e nas cidades de Chicago e Minnesota, ambas localizadas em território norte-americano. A doença tem efeitos que são desconhecidos à comunidade médica mundial e a luta que eles travam aqui é contra o tempo, para evitar mais mortes e mais infectados, enquanto buscam incessantemente por alguma cura contra o vírus.

O roteiro escrito por Scott Z. Burns é muito didático nesse sentido, explicando quase que o passo a passo que levam ao alastramento de uma pandemia como essa. É importante prestar atenção também ao fato de que Burns constrói cuidadosamente as peças de seu roteiro, dando voz a todos os lados que fazem parte dessa história – notadamente os infectados e suas famílias, as autoridades médicas a nível mundial, as autoridades civis, a sociedade em geral e os conspiratórios blogueiros. São estes elementos que compõem um retrato completo sobre todo o ciclo de vida de uma situação como a vivida por esses personagens.

Como o roteiro é a peça mais importante deste filme, uma vez que esta é uma história que poderia muito bem estar sendo veiculada no noticiário da atualidade, interessante ver a direção discreta, quase documental de Steven Soderbergh. Esta peça escrita por Scott Z. Burns é montada por Stephen Mirrione de uma forma minuciosa, como se fosse um grande documentário, num trabalho feito em sintonia com a trilha sonora composta por Cliff Martinez, a qual acentua os momentos certos desta história. Destaque também para o elenco estelar reunido por Soderbergh para “Contágio”, mesmo que alguns deles aqui estejam bem mal aproveitados – porém, este é o ônus a se pagar por fazer um filme com um grupo tão sensacional de atores.

Se o cinema tem como papel nos ajudar a compreender o mundo em que estamos inseridos, “Contágio” acaba funcionando como um sinal de alerta para sabermos como lidar como uma situação como essa e para entendermos também o sistema que existe por trás das indústrias da saúde e farmacêutica. A verdade é que, se tem algo que este filme nos mostra, é o quanto estamos impotentes diante de acontecimentos como esse. Por mais que os seres humanos se preparem para enfrentar uma pandemia como essa, por mais que o vírus seja vencido neste determinado momento, a grande constatação é que outro pode vir ali na frente de uma forma muito mais poderosa e acabar nos dizimando de vez. Basta que alguém não lave a mão após entrar em contato com alguém… É simples assim.

Cotação: 8,5

Contágio (Contagion, 2011)
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Z. Burns
Elenco: Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Laurence Fishburne, John Hawkes, Jude Law, Marion Cotillard, Kate Winslet, Jennifer Ehle, Elliott Gould, Enrico Colantoni, Bryan Cranston, Sanaa Lathan



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Comentários


Anjo, na primeira vez ao ver o filme é importante salientar o grande debate do filme e principalmente saber que vivemos isso a alguns anos atrás e por muitas vezes as feridas estão todavia latentes em nossa sociedade …

Agora na segunda vez … te juro, pedi pinico para acabar logo …
O filme em si é doente, Steven continuando com o belo trabalho de não fede e não cheira e ainda brindando o pior desperdicio de atores por metro quadrado por ano … Superando até Transformers 3 por que são mal utilizados mas pelo menos são utilizado e aqui que em sua maioria parecia figurante da Globo e que morreu ninguem sente … exemplo disso, veja os caminhos que foram trilhados para a personagem de Marion que sem duvida … é de chorar a lembrança do mal uso.

Mas nem tudo é ruim, Law, Damon, a Monique Gabrielle Curren (a moça gravida) e a moça da foto conseguem trazer dignidade ao seu elenco … pelo menos isso né …

E deixo essas palavras, o mais assustador que essa doença … sem duvida foi os dentes de Jude Law …

Beijim!

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João, discordo em relação ao elenco. Acho que, do grupo de atores reunidos, a única que teve um personagem mal construído foi a Marion Cotillard. De resto, fiquei muito satisfeita com o aproveitamento dos atores. O filme, pra mim, foi ótimo, muito bom em seu propósito. A melhor obra do Soderbergh nos últimos anos, sem dúvida. Beijo!

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Kamila o que mais gosto em filmes de epidemia é notar a reação das pessoas diante do caos.E o tema é contemporâneo,uma vez que nos ultimos anos a sociedade vive com medo de epidemias(a que mais me assustou foi a gripe aviária).A premissa é interessante,o elenco de estrelas(muitos com uma estatueta dourada em casa) e Steven Soderbergh na direção(eu já perdoei ele por “Full Frontal” e “Confissões de Uma Garota de Programa”).Vou tentar ver esse filme na sexta feira.Volto nesse post.Beijos.

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Tenho q ser sincero, achei esse filme razoavel e em alguns momentos um pouco chato, mas é interessante como é construida a disseminação do virus e investigação. O melhor personagem é o de Jude Law, pena q apareça pouco tempo.

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Paulo, o tema é muito contemporâneo, por isso até mesmo que eu disse que esse é o tipo de história que é atemporal. Assista, sim! 🙂 Beijos!

Celo, claro que você pode ser sincero. Também vou ser bem sincera ao dizer que eu não achei esse filme nada chato.

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Gostei do filme no geral. Dos atores: Kate;Law;Fishburne e Ehle. Não gostei nem um pouco da participação da Marion neste filme, além do papel não ser lá essas coisas. O que me chamou mais atenção foi o clima eletrizante, mais chamativo do que o do similar Epidemia com o Dustin Hoffman.

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Sua crítica é muito boa. Simples assim. rsrs.

Contágio é um filme interessante. É bom, mas não cativa. Isso em virtude das pretensões de Soderbergh. O que resulta um trabalho de direção dos mais interessantes em um contexto acadêmico.
bjs

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Eu sempre fico muito surpreso com Soderbergh, mas surpreso para o bom e para o ruim, eu ainda não assisti ao filme, irei conferir quando chegar nas locadoras. Mas, o filme tem um elenco excelente e a história me intriga.

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Flavio, eu gostei muito do filme também! A Marion teve uma personagem muito mal construída. Ela foi o elo mais fraco desse filme. O clima é eletrizante mesmo.

Reinaldo, obrigada! 🙂 E não achei as pretensões do Soderbergh muito altas nesse filme. Beijos!

Cleber, o Soderbergh me surpreendeu positivamente neste filme, pra ser bem sincera… Ele não é um diretor que tem chamado muito minha atenção recentemente. Mas, com esse filme, ele me ganhou de volta.

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Olha Kamila vou te falar que fiquei impressionada com o filme. Acho que essas coisas que podem acontecer a qualquer momento são as que me dão mais medo.

Achei o filme muito bem feito e no geral, os atores estão ótimos!

Beijoca

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Por mais que eu não queira admitir (adorei a trama, na verdade), o filme não atingiu um nível de satisfação alto. Acho, como você disse, algumas tramas não desenvolvidas super interessantes e na minha mente já construir histórias muito mais legais do que as mostradas no filme. heheh

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Quero muito ver esse!

Kamila, vc que acompanha sempre, é impressão minha ou A Arvore da Vida tá fora da corrida do Oscar?

Se for, pra mim não resta duvidas q esse prêmio acabou.

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Flá, eu também fiquei impressionada com o filme. A história me afetou demais, porque eu tenho esse mesmo medo… rsrsrsrs Beijos!

Luís, eu gostei muito desse filme… Pra ser bem sincera…

Cassiano, não diria que está fora da corrida ao Oscar, mas acho que o buzz da obra esfriou demais….

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Oi Kamila,
Fazia tempos que não aparecia aqui!! =D
Gostei muito mesmo de Contágio, achei bem interessante o tom realista de Sorderbegh, e concordo que o elenco estava bem afinado, no mínimo Paltrow teve sua melhor atuação em anos! Mas na reta final o filme começa a decair um pouco e o realismo passa a virar quase um melodrama! De resto é ótimo!
PS: A primeira coisa que fiz ao sair do cinema foi lavar as mãos!! rsrs

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Kamila, disse tudo! “Contágio”, para mim, foi uma verdadeira surpresa! Um filme nervoso, interessante e, acima de tudo, bem realista.

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João Linno, pois é…. Mas, eu não achei essa obra regular… Beijos!

Eri, seja bem vindo de volta! 🙂 Eu também achei interessante esse tom realista que o filme possui. Pois é. Agora, eu sempre lavo as minhas mãos. SEMPRE! rsrsrsrs

Matheus, que bom que concordamos nessa. 🙂

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Um filme muito bom, que beirou a realidade e, como você bem falou, o cinema didático. Não é ruim, isso de modo algum, mas não achei que superou minhas expectativas. Recomendo de qualquer modo, achei que Sorderbergh mesclou bem a explicação da pandemia com a loucura social, e gostei muito de Matt Damon e da aparição rápida da sempre ótima Kate Winslet.
Abraços (:

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É isso, é um filme interessante, que foca nesse clima realista, ele quer nos passar essa sensação de angústia e perigo eminente. Também não o achei chato.

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Exatamente Ka. As pretensões dele não eram altas. Era de que a platéia não se envolvesse e racionalizasse seu filme. Simples assim.
bjs

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Amanda, que bom que concordamos. 🙂

Reinaldo, ah, agora te entendi. Mas, eu acho que a plateia até que se envolve demais e reflete demais sobre seu filme. Beijos!

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Uma boa surpresa o filme. Realista, contemporâneo e muito bem abordada essa manifestação dos bastidores (Cientistas, política, jornalismo). Muito interessante!

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Andinhu, concordo que o filme é uma boa surpresa. Na verdade, concordo com todo seu comentário! 🙂

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