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Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres

publicado em:9/02/12 12:20 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Baseado no homônimo filme sueco de 2009, dirigido por Niels Arden Oplev, que, por sua vez, foi uma adaptação do primeiro livro da Trilogia Millennium, escrita por Stieg Larsson, “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, do diretor David Fincher, ao contrário do que o título original do longa sugere (“The Girl With the Dragon Tattoo”), tem sua ação centrada na personagem interpretada por Daniel Craig, e não naquela que é interpretada por Rooney Mara. Os dois personagens, aliás, só irão se encontrar, pela primeira vez, nesta história, no grande ponto de virada do filme, após uma grande contextualização que é feita pelo roteiro escrito por Steven Zaillian.

Mikael Blomkvist (Daniel Craig) é um famoso jornalista investigativo, sócio da revista onde trabalha com a editora Erika Berger (Robin Wright). Quando “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” começa, Mikael está saindo de uma grande batalha judicial contra um mega empresário, que conseguiu provar que a história que o jornalista havia publicado sobre ele era nada mais do que uma grande mentira. Com a sua credibilidade ameaçada, a proposta que ele recebe, em seguida, do também mega empresário Henrik Vanger (Christopher Plummer), é mais do que vantajosa para Mikael.

Com a desculpa de que está escrevendo a biografia de Henrik, Mikael entra na sua grande motivação: a investigação por trás do desaparecimento de Harriet, a querida sobrinha do empresário, ocorrido há 36 anos. Numa cidade isolada, escondido de tudo e de todos, é a chance perfeita para que Mikael não só possa continuar naquele ramo que ele tanto gosta, como também de poder tentar recuperar aquilo que ele perdeu – uma vez que Vanger promete que, se ele conseguir saber o paradeiro da sobrinha dele, ele o subsidiará com informações privilegiadas do mega empresário que acabou com Mikael no tribunal.

O desenvolvimento da história de Lisbeth Salander (Rooney Mara) é quase que um filme à parte dentro de “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres”. O roteiro se dedica a mostrar quem ela é, ao mesmo tempo em que a deixa com um ar de extremo mistério para a plateia. Frieza, calculismo, inteligência, um faro perfeito para investigação são as características principais de Lisbeth, que será contratada como assessora de pesquisa de Mikael e será fundamental para as investigações que ele fará a respeito do caso Harriet. É uma personagem muito interessante e, quando ela está em tela, o longa alcança os seus melhores momentos.

“Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, apesar de ter uma história que prende a atenção da plateia no decorrer dos seus 158 minutos de duração, segue a linha dos filmes anteriores de David Fincher (notadamente “Zodíaco” e “A Rede Social”), uma vez que é uma obra muito anticlimática, em que até mesmo aquele que deveria ser o grande momento do filme é passado para a platéia com um distanciamento emocional enorme. Frieza e falta de intensidade, aliás, são as tônicas de uma obra cujo grande resumo está justamente no perfil psicológico de Lisbeth Salander. O seu caráter gélido, a sua capacidade de violência e a sua pequena dose de insanidade, captadas numa performance muito adequada de Rooney Mara (indicada ao Oscar 2012 de Melhor Atriz) representam muito bem aquilo que o longa quis passar.

Cotação: 8,5

Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (The Girl With the Dragon Tattoo, 2011)
Direção: David Fincher
Roteiro: Steven Zaillian (com base no livro de Stieg Larsson)
Elenco: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stellan Skarsgard, Robin Wright, Joely Richardson, Goran Visjnic, Julian Sands, Yorick van Wageningen



Jornalista e Publicitária


Comentários


Concordo contigo, Kamila. Por mais que seja um filme bem trabalhado, às vezes é distante da platéia. Outros filme do Fincher (nesse campo) me agradam mais – adoro Zodíaco!

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Você considera as cenas de sexo forte? forte que eu digo é “A última Ceia” de Marc Foster.Tive a imprensão que tentaram polemizar em torno disso e não conseguiram.Na versão sueca a cena do estupro é pesada e tem uma de queimadura que só de pensar eu arrepio rsrs.Beijos Kamila.

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Luís, exatamente. Dos filmes do Fincher, gosto bem mais de “A Rede Social’, “Vidas em Jogo”, “Seven” e “Clube da Luta”.

Paulo, não achei. A cena mais forte é a que envolve a Lisbeth e o tutor dela. Eu não tive a impressão que você… Pelo contrário. Acho que isso faz parte também da fundamentação da personagem da Rooney Mara. Beijos!

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Engraçado, não senti esse distanciamento tão grande, achei inclusive a cena do confronto bem mais tensa que o filme sueco. Não sei se por já conhecer a história e ser íntima de Lisbeth, principalmente depois de conhecer melhor sua história nos outros dois livros…

Agora, a interpretação de Rooney Mara é impecável mesmo, assim como a técnica do filme.

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Faço coro a Amanda, não acho esse distanciamento evidente como você acredita, Ka. E discordo de ti quando diz que o filme centra-se na figura do Craig. Eu acho o título americano bem justo, já que toda a trama torna Lisbeth o alvo das atenções, ainda que com tantas nuances e subtramas. Gosto muito do filme e acho que fez justiça ao livro, até porque o sueco é chato e fraco em matéria de adaptação e desenvolvimento dos personagens. Gostei muito, um filmaço pra mim!

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Amanda, pois eu senti. Eu achei tudo muito anticlimático. Não sei se porque eu não conhecia a história original (no filme sueco ou nos livros). Vou concordar somente, por enquanto, com a segunda parte de seu comentário.

Cristiano, pra mim, o distanciamento foi evidente. Assim como está claro para mim que o filme se centra na figura do Daniel Craig. A Lisbeth ganha destaque a partir do segundo ato do filme. Ela não é o alvo das atenções… Ela se torna o alvo das atenções nas cenas dela, por ser uma figura um tanto magnética.

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Oi Kamilla. Eu li os livros e também vi a versão sueca. Acho que a versão de Hollywood não captura em todos os aspectos o perfil de Lisbeth Salander. Eles adaptaram o personagem ao tipo de público, inserindo um pouco de emoção e esse romancezinho com o Blomkvist. Achei que Rooney Mara foi muito ousada em se modificar completamente para o papel e também por tanta exposição do próprio corpo, mas acho que deixou a desejar na interpretação do personagem. Pra mim, foi bastante aquém. O Craig fisicamente possui as características do Blomkvist, mas, sei lá, faltou expressão (achei ótima a atuação dele em Casa dos Sonhos, por exemplo). De todo modo, o achei melhor que o Blomkvist sueco.

Em termos de roteiro, até certo ponto tanto a versão sueca qto a de Hollywood trazem os mesmos elementos. Porém, cada um os enfatiza de maneira completamente diferente. Na minha opinião em Hollywood,, o encontro com Arriet passou de maneira muito apagada, apesar de ser o ponto alto do fechamento do primeiro livro da série. Achei também que nesta versão houve um apelo muito consumista, inserindo marcas de produtos em diversas cenas (Sony, Epson, Apple,…)

Após ter visto esse filme há poucos dias, posso dizer que gostei mais da versão sueca. Se pudesse, faria uma combinação entre atores de um e de outro. O Blomkvist seria de Hollywood, mas certamente a Lisbeth seria a Noomi Rapace.

Você acha que a versão de Hollywood dá chance pra continuação? O segundo e o terceiro livros não têm tanta ação e a trama se torna bem mais complexa, mais psicológica. Será que Hollywood vai levar uma filmagem disso adiante?

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até o momento acho que este é o melhor filme produzido em 2011, e sim fincher se mantém distante todo o tempo da platéia que precisa lutar para interagir com o filme, mas de qualquer maneira é mais um filme muito bem dirigido por fincher, que prova ser um diretor de grande escala. e eu até gostei do daniel craig que apesar de correto consegue convencer, mas nada comparado a rooney mara, maravilhosa.

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Fincher tem se tornado um cineasta frio, anticlimático, como vc destacou Kamila. AInda não vi esse, vou ver, apesar de achar desnecessária a refilmagem.

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Elloa, acho que a versão deixa, sim, espaço para a continuação. Se ela não vier, acho que o final também não comprometeu, pois temos uma espécie de conclusão para a história desse filme, com o final imaginado pelo David Fincher. Porém, acho que existem boas chances da trilogia hollywoodiana ser confirmada. O filme tem sido sucesso de público nos EUA, recebeu boas críticas, a própria Rooney Mara disse que está ansiosa para voltar à pele da personagem… Gostei de ler as suas perspectivas sobre esta refilmagem, especialmente porque você tem a bagagem do filme sueco e da série de livros. Só discordo de você sobre a Rooney Mara. Gostei da atuação dela.

Cleber, eu discordo de você, uma vez que acredito que existam filmes bem melhores do que esse. Não entendo como um filme tão distante emocionalmente como esse consegue interagir com a plateia…

Cassiano, eu preciso assistir ao filme original pra ter a certeza de que essa é uma refilmagem desnecessária.

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Assim como a Amanda, senti o filme bem intenso. Muito climático, por sinal. Acho que Fincher se sai maravilhosamente bem no artesanato da relação entre Lisbeth e Mikael. Mais ainda na resolução de seu filme, sutil e poderosa. Continuo achando A rede social, Clube da luta e Zodíaco filmes melhores, mas esse aqui -para mim – não é menos do que excelente.
Acho que sua nota 8,5 acaba mais próxima dessa verdade.
bjs

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Reinaldo, não vi nada intenso nesse filme. Nem achei que o Fincher se saiu bem na construção do relacionamento entre Lisbeth e Mikael, apesar de eu concordar com o que você diz em relação à resolução do filme. Pra mim, isso está relacionado à forma como o roteiro constrói a personagem Lisbeth Salander… Beijos!

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Eu DETESTO a versão sueca de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”. Quando se trata de adaptar um livro para filme, eu entendo que mudanças são necessárias, já que são linguagens diferentes. Mas no que toca a versão sueca, eu não aprovei a escalação da Noomi Rapace como Lisbeth. Eles descaracterizaram por completo a personagem. No livro, Lisbeth é de baixa estatura e de aparência frágil, o que serve para esconder sua personalidade forte e o que acaba rendendo bons momentos. Coisa que não ocorre na versão sueca.
Outra coisa que me incomoda muito no filme original é a extrema fidelidade que o roteiro tem para com o livro. Para quem já leu, não há nada de novo, nada a ser descoberto, e o diretor não cede espaço a novas interpretações da história.
Ainda não assisti a esse filme, mas espero mesmo que o Fincher trate a história com um pouco mais de liberdade, tais mudanças são necessárias para agilizar a narrativa, uma vez que o livro é prolixo e lento. E essa frieza emocional que você notou é algo proveniente do material, mas pode ser que tenha o toque de Fincher nisso também.
E concordo contigo em uma coisa: Lisbeth Salander é o ponto máximo da trama. E tô muito curioso a respeito da atuação da Rooney Mara.
Essa semana, eu irei assistir “Os Descendentes” e “Cavalo de Guerra” (já estou adiando faz algum tempo), e depois assistirei esse.
Abraços!

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Ah sim, sua resenha tá perfeita.

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Clóvis, como eu mesma disse aqui, não conheço a versão original sueca de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”. Sua visão sobre adaptações coincide muito com aquilo que eu penso sobre o tema. Não acho que o roteiro tem que ser fiel ao livro que adapta. A gente tem que assistir, no filme, uma interpretação diferente daquilo, que, de preferência, nos apresente a algo novo dentro daquele universo. Espero que, quando você assistir ao filme, volte para comentar sobre a visão de David Fincher e do roteirista Steven Zaillian sobre esta história. Eu gostei muito da Lisbeth Salander e da forma como a personagem foi construída. Abraços! E bons filmes! Obrigada pelo elogio à resenha.

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O que eu achei é que o filme se esfria bastante quando Daniel Craig está em cena. Agora quando Rooney Mara aparece na pele de Lisbeth Salander, até minha postura mudou, ela dá um ânimo a mais pro filme. Também achei que o tempo de duração da sessão não ajudou muito.
Abraços

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Gabriel, como eu disse no meu próprio texto, também acho que as melhores partes deste filme vêm quando a Rooney Mara está em cena. A duração do filme não me incomodou, pra falar a verdade. Abraços!

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Kamila, muito bom ver que o David Fincher deu um ritmo bem bom ao filme, além de amarrar algumas pontas do roteiro que ficaram confusas no filme sueco, mas eu ainda acho a investigação capenga e a resolução do crime “fácil” demais. Não sei, me soa um tanto forçado. Ou seja, o ritmo mais frenético tenta esconder essas falhas que parecem vir do livro mesmo, não vejo outra razão. E a personagem incrível que é a Lisbeth também eclipsa muito bem as coisas. Mas não consigo ver como um grande filme.

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Rafael, o filme tem um ritmo muito bom, isso é um fato. Eu preciso assistir ao filme sueco, até mesmo para tecer comparações melhores sobre os dois filmes. Nem eu consigo ver como um grande filme. E concordo com o que você disse sobre a Lisbeth Salander e, principalmente, sobre a resolução do filme. Mas, se você for perceber atentamente, nesses filmes de investigação, sempre a solução é aquela que era mais óbvia…

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Muito a fim de ver! Algo me diz que vou gostar muito das histórias do Stieg Larsson, mais do que do filme em si. 🙂

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Não entro em muitos comentários, mas acho péssima essa história de Hollywwod ficar refilmando filmes já filmados, principalmente com tão pouco tempo de distanciamento… Achei a versão sueca melhor, that’s all.

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Tatiana, eu comprei os três livros da série para ler, mas ainda não comecei! 🙂

Paulla, eu preciso ver a versão sueca para me posicionar sobre o assunto.

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[…] jovem em cujo futuro eles apostam, temos Rooney Mara. A personagem que ela interpreta em “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres“, Lisbeth Salander, é muito difícil, mas Rooney se saiu muito bem. A frieza e o calculismo […]

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[…] muito distante de acontecer), as agradáveis – e merecidas – surpresas como a vitória de “Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres” em Melhor Edição , a linda homenagem prestada no In Memoriam com Esperanza Spalding cantando […]

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O trabalho do David Fincher nessa refilmagem foi incrível! E eu achando que ele pisaria na bola com esse novo trabalho. Eu essa versão superior à sueca e ainda melhor do que o romance do Stieg Larsson. É certo que ele não é tão rico em detalhes como o livro, mas Fincher corrige todas as falhas da obra original, tornando a trama mais rápida e verossímil. A atuação de Daniel Craig é corretíssima e a Rooney Mara está perfeita como Lisbeth. A trilha sonora é sensacional (como foi esnobada no Oscar eu não faço ideia), e a fotografia sóbria contribui ainda mais para alimentar o clima de suspense.

Concordo contigo que o filme é emocionalmente distante, mas o clima de tensão e a excelente montagem fazem o espectador acompanhar todo o desenrolar do mistério sem que ele se sinta esgotado ou entediado.

O único defeito do longa é o ritmo acelerado que ele toma em determinados momentos, o que torna a trama um pouco difícil de ser entendida para os que não estão familiarizados com a história.

Nota: 9,0

Abraços!

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Clóvis, o trabalho dele como diretor, nesta refilmagem, foi competente como sempre, mas acho que esse longa é muito frio, muito anticlimático… Não conheço ainda a versão sueca e ainda não li o livro, mas acho que a história aqui prende muito a atenção e achei a personagem Lisbeth Salander muito magnética. Concordo em relação à trilha sonora e à fotografia, que são excelentes. E não achei o ritmo do filme tão acelerado assim e também não acho que a trama seja difícil de acompanhar em alguns momentos. Abraços!

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[…] ter sido muito bem recebido pela crítica norte-americana, acabou servindo também como base para a refilmagem norte-americana do diretor David Fincher. Porém, é impossível assistir a este filme e não tecer comparações justamente com o remake. […]

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