logo

W.E. – O Romance do Século

publicado em:5/04/12 2:27 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Não é somente na tradução nacional do título do filme, mas também em várias cenas do longa dirigido e co-escrito por Madonna, que a história de amor vivida entre o Príncipe Edward, herdeiro do trono britânico, e a socialite norte-americana Wallis Simpson é referenciado como o romance do século. Apesar disso e do caráter célebre dessas duas personalidades, com certeza, serão poucos os brasileiros que saberão, de fato, quem foram os dois personagens principais dessa obra – quem teve a chance de conferir o telefilme “Wallis & Edward”, de David Moore, e ao filme “O Discurso do Rei”, de Tom Hooper, vai ser um pouco mais familiarizado com esses nomes.

A abordagem narrativa optada pela dupla de roteiristas Alex Keshishian e Madonna foi um tanto interessante. Eles fazem diversas pontes entre o passado e o presente, na figura de duas mulheres bastante parecidas uma com a outra. Tanto Wallis Simpson (Andrea Riseborough, numa grande atuação) quanto Wally Winthrop (Abbie Cornish), que ganhou esse nome pois sua mãe e a sua avó eram completamente obcecadas pela socialite, conheceram as mais duras realidades que nos são impostas pelo amor: a de viver este sentimento com pessoas que insistem em nos machucar e nos fazer infelizes e a de vivenciar a reciprocidade desse sentimento com seres que nos preenchem de uma forma quase completa.

A história delas se separa na medida em que é justificada a finalidade da presença do retrato da história de amor vivida entre Wallis e Edward neste filme – aqui, cabe um adendo para aqueles que não conhecem este par: os dois se envolveram emocionalmente nas vésperas de Edward assumir a posição de Rei da Inglaterra. Quando este ascendeu ao poder, a relação dos dois foi a grande crise de seu reinado, pois a população inglesa não aceitava que seu maior líder político cogitasse a ideia de casamento com alguém que já era duas vezes divorciada e que, pior ainda, não era do país dele. Como uma verdadeira prova de amor, Edward abdicou do reino e da vida na Inglaterra, casou-se com Wallis e ficou no exílio na França até morrer.

Ao reviver esta história, por meio de flashbacks que são puxados por Wally, é como se, ao constatar o grande sacrifício que tanto Edward quanto Wallis fizeram (neste sentido, Madonna faz uma referência à coragem de Wallis, que também teve que abdicar de sua própria vida e, principalmente, sua reputação, para viver este grande amor), a própria Wally se sentisse encorajada a virar a sua vida, a sair de algo que a fazia profundamente infeliz e a tentar algo novo, algo que a faça se sentir melhor e bem consigo mesma – aqui, é importante frisar a presença de Evgeni (Oscar Isaac), que representa a possibilidade de mudanças na vida de Wally.

Wallis e Edward. Wally e Evgeni. W.E. – que, no filme, é um trocadilho direto com a palavra nós, na língua inglesa. É como se, estando juntos, eles pudessem tudo – principalmente, enfrentar qualquer dificuldade. E é justamente essa uma das maiores surpresas de “W.E. – O Romance do Século”, já que o filme não esconde que, para fazer algo dar realmente certo, ainda mais em se tratando de relacionamentos amorosos, é necessário uma grande dose de sacrifício. Tecnicamente, o longa surpreende, especialmente em aspectos como figurinos e trilha sonora (ambos podem ser considerados alguns dos melhores trabalhos do ano passado, em seus respectivos campos). Curiosamente, a impressão que temos é a de que Madonna emulou muito a forma como Tom Ford trabalhou com a linguagem cinematográfica em sua estreia como diretor, no filme “Direito de Amar”. Ou seja, o que queremos dizer é que Madonna faz de seu longa uma obra sofisticada e sensível, com muitas cenas com ângulos de câmera bem diferentes, que fazem os menos entendidos crerem que ela possui um repertório como diretora que, na realidade, ela não tem. Esperta, essa Madonna!

Cotação: 6,0

W.E. – O Romance do Século (W.E., 2011)
Direção: Madonna
Roteiro: Alex Keshishian e Madonna
Elenco: Abbie Cornish, Andrea Riseborough, Oscar Isaac, Richard Coyle, James D’Arcy, David Harbour, James Fox, Judy Parfitt



A última modificação foi feita em:abril 17th, 2012 as 11:35 pm


Jornalista e Publicitária


Comentários


Kamila desmascarando a Madonna, gostei de ver! rs! Imaginei mesmo que a cantora teria algum disfarce para tentar mostrar que sabe fazer filmes e assim surpreender a todos, no tipo “Nossa, mais um talento?”. Um dia posso vê-lo pelo acaso, pois o filme ainda não me empolgou para assisti-lo, justamente por essa impressão de que o filme possa ser artificial demais em sua produção. Beijos e adorei o novo design

Responder

Parece interessante o filme pelo modo como você o expôs. Normalmente tenho lido muitas críticas ruins apenas, que diferem bastante na abordagem em relação ao seu texto. Vou tentar conferi-lo para descobrir mais sobre.

Responder

O novo layout ficou bem elegante. Parabéns. Quanto a esse filme, ainda não assisti. Talvez veja quando sair em DVD. De algum jeito ele não me cativa. Não sei se é a história ou os nomes envolvidos.

Abs.

Responder

Alyson, não estou desmascarando a Madonna. Só apontando um detalhe em seu trabalho como diretora neste filme! 🙂 Mas, o filme não é artificial em sua produção, sabia? É até uma obra mediana e que envolve você. Obrigada e beijos!

Luís, sim, o filme é interessante e eu concordo. Assista até mesmo para descobrir mais sobre a obra e os personagens envolvidos.

Celo, obrigada! Pois sabia que essa história me cativou desde o início, mesmo sendo dirigida por Madonna?? rsrsrs Abraços!

Responder

Entendo a tentativa de Madonna ao conectar as duas mulheres, mas achei meio forçado, como se ela tivesse até medo de assumir a história real e nos conduzisse nos pensamentos da personagem fictícia. De qualquer forma, não é mesmo um filme ruim. E ela disfarça bem a inexperiência atrás das telas, hehe.

Já tinha falado do visual, então, só me resta desejar Feliz Páscoa. 🙂

Responder

Bruno, muito obrigada!

Paulo, muito obrigada! Beijos!

Amanda, eu não achei essa tentativa de conexão entre as duas mulheres meio forçada, acho que a história segue um curso natural bastante interessante. Obrigada! Feliz Páscoa para você também! 🙂

Responder

Kamila, antes de tudo, parabéns pelo layout novo do blog, ops.. site. Aê!!! Ficou bem clean e de fácil navegação. Enfim, o que importa no fim das contas é poder ler bem os textos. Vida longa ao Cinefilia por Natureza.

Sobre o filme, queria muito ter gostado mais, mas o que me incomoda é como a Madonna parece não saber exatamente que conceito ela quer dar ao filme e acaba apresentando uma direção confusa. Sem falar que a história da Wallis Simpson é muito mais interessante do que a atual. Enfim, tiro fora d’água.

Responder

Rafael, obrigada! 🙂 Eu entendo isso que você fala sobre o conceito que a Madonna quis imprimir ao filme, porque, realmente, o que parece é que a obra não tem identidade. E, sim, a história da Wallis Simpson por si só daria um único filme – e merecia isso.

Responder

[…] estão Jack Harper (Tom Cruise) e Victoria Olsen (a talentosa Andrea Riseborough, conhecida por “W.E. – O Romance do Século”), dois soldados que estão subordinados à Sally (Melissa Leo), a comandante da Tet, nave […]

Responder

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.