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Jogos Vorazes

publicado em:14/04/12 12:40 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Uma adaptação baseada no primeiro livro de uma popular série de livros dirigida ao público jovem. Poderíamos estar falando de um filme da franquia “A Saga Crepúsculo”, mas não. Estamos nos referindo ao longa “Jogos Vorazes”, do diretor Gary Ross, que tem como base a primeira obra literária da trilogia escrita por Suzanne Collins, que teve seus direitos de publicação vendidos a cerca de 38 países. Chama a atenção logo de cara, na história, o fato de que a trama principal trata de temas um tanto pesados para os jovens, mostrando uma realidade que é um tanto difícil.

Estamos em um mundo pós-apocalíptico. Os países da América do Norte nem existem mais e se transformaram na localidade conhecida como Panem. Ao redor de uma metrópole super avançada e dominante chamada Capitol existem 12 distritos. Os Jogos Vorazes aos quais o título do filme (e do livro) fazem referência diz respeito a um evento anual em que um garoto e uma garota na faixa etária entre 12 e 18 anos são sorteados para representar cada um desses distritos. Esses 24 jovens (que ganham os nomes de Tributos) irão entrar numa batalha feroz pelas suas vidas, de onde somente uma pessoa poderá sair viva.

Um dos trunfos da trama de “Jogos Vorazes” é que a história nos dá alguém com quem iremos nos importar. Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), a heroína deste filme, tem muito de Ree, personagem que a própria Jennifer interpretou no filme “Inverno da Alma”, de Debra Granik, uma vez que a impressão que se tem é a de que as duas são o esteio de suas famílias. Katniss é a provedora de seu lar e quem cuida de sua irmã mais nova Primrose (Willow Shields). É por ela que Katniss faz o grande sacrifício deste longa: se voluntariar para ser o Tributo do seu distrito nos Jogos Vorazes, de forma que Primrose, que é muito mais frágil e muito assombrada com as coisas, possa se manter na segurança de sua casa.

Pelo próprio caráter de Katniss Everdeen, o grande conflito dela, nos Jogos Vorazes, será equilibrar a sua compaixão pelos outros com o seu próprio espírito independente e, principalmente, com aquilo que se é esperado dela. Katniss é uma jovem muito perspicaz e dona de uma personalidade forte. Por isso mesmo, ela demorará a se adaptar ao sistema por trás dos Jogos Vorazes, mas, a partir do instante em que ela começa a compreender tudo, a própria plateia irá perceber que não existe melhor jogadora para esse evento do que ela – aqui, é importante mencionar os papeis desempenhados por Effie Trinket (Elizabeth Banks, escondida por trás de um excelente trabalho de maquiagem), Haymitch Abernathy (Woody Harrelson) e Cinna (Lenny Kravitz), que são os três mentores por trás da participação dela e de seu parceiro de distrito Peeta Mellark (Josh Hutcherson), nos jogos.

Por trás da jornada de Katniss, “Jogos Vorazes” esconde uma grande crítica a um futuro que, por exemplo, foi vislumbrado por autores como George Orwell, em obras como “1984”. O Capitol rege seus distritos de uma forma quase totalitária. Até mesmo a realidade dos Jogos Vorazes é minuciosamente controlada por um diretor chamado Seneca Crane (Wes Bentley). Tudo é categoricamente planejado. Nada ali é sincero. Desconfie de tudo. Por esta razão também a importância da presença de Katniss na trama deste filme. Ela é alguém tão inteligente a ponto de questionar tudo isso, ao mesmo tempo em que brinca com essas ferramentas do sistema – e tudo isso de uma forma um tanto sutil.

Uma história como essa, claramente, é cheia de nuances. Se o roteiro de “Jogos Vorazes” (que foi co-escrito pela própria Suzanne Collins com o diretor Gary Ross e Billy Ray) é muito feliz na forma como desenvolve a sua protagonista e a inserção dela nessa conjuntura que é bem diferente da que ela conhecia no seu lar, o trio de roteiristas peca um pouco na forma a grande virada desse filme – e dos jogos, em consequência – nos é apresentada, uma vez que ela soa um tanto forçada. Felizmente, isso não é nada que prejudique o ótimo trabalho que Ross teve nesta adaptação. Ele conseguiu em um único filme alcançar toda a excelência técnica e arrancar performances competentes de seu elenco de uma forma como “A Saga Crepúsculo” não conseguiu em 4 filmes, até agora. Sei que estamos diante de duas obras completamente distintas, mas é impossível não fazer essa comparação, já que ambas as franquias disputam a mesma fatia de mercado – e é nisso que Hollywood está interessada.

Cotação: 8,0

Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012)
Direção: Gary Ross
Roteiro: Suzanne Collins, Gary Ross e Billy Ray (com base no livro escrito por Suzanne Collins)
Elenco: Stanley Tucci, Wes Bentley, Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Willow Shields, Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Woody Harrelson, Toby Jones, Lenny Kravitz



A última modificação foi feita em:abril 24th, 2012 as 12:25 am


Jornalista e Publicitária


Comentários


Vou assistir “Jogos Vorazes”.Gosto de Jennifer Lawrence,ela tem muito potencial.Me parece que nasceu para ser estrela.Bjs.

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O filme é interessante mesmo e abre questões para várias discussões sobre os simbolismos dos jogos, da televisão, etc…. Boa comparação com a personagem dela em Inverno da Alma.

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A cada comentário positivo mais eu me surpreendo. Pelo trailer eu tinha a impressão que se tratava de uma bomba… mas aparentemente ele merece ser visto.

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Paulo, eu também gosto da Jennifer Lawrence. Ela tem carisma e talento e vai ser uma estrela, não tenho dúvida disso. Beijos!

Amanda, exatamente. E, quando vi a Katniss, especialmente nas primeiras cenas do filme, me lembrei logo da Ree.

Bruno, eu me surpreendi, particularmente, com este filme. Não esperava que fosse mesmo ser ótimo.

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Quero muito assistir, dizem que o material é bem melhor que “Crepúsculo” em questão de franquia. Mas, são histórias diferentes, né? rsrsrs.

Beijos! 😉

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Mayara, sim, o material é bem melhor que “Crepúsculo”. Mas, são mesmo histórias totalmente diferentes, com focos diferentes e interesses diferentes. rsrsrs Beijos!

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Aprovo o filme, mesmo com alguns furos que irritavam quem não leu os livros, mas…normal! Já viu Battle Royale Kamila? dizem que foi uma inspiração pra Jogos Vorazes. a história é bem parecida.

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Hello, sem muita pressa aguardo o filme chegar nas locadoras, aguardando também que seja algo interessante e melhor que a franquia “Crepusculo”, se bem que não deveriamos fazer comparações, mas faz~e o que, inevitavel, não?

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Andinhu, eu também aprovo esta adaptação. Não li os livros e, pra ser bem sincera, não notei qualquer tipo de furo na história. Ainda não assisti “Battle Royale”.

Cleber, é inevitável, já que as duas franquias possuem quase que o mesmo público-alvo. A diferença que vejo entre “Jogos Vorazes” e “Crepúsculo” é que este filme tende mais a agradar aos adultos do que a série criada por Stephenie Meyer.

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Não acredito que Gary Ross tenha pensado em criar tantos subtextos com seu filme. Devem ter sido na maioria acidentais. Gostei no geral, mas vejo como principal defeito alguns personagens serem atirados no filme simplesmente para morrer, sendo assim simples fantoches do roteiro. Imagino que no livro talvez seja diferente… Mas gostei muito da atuação da Lawrence. Vale a pena.

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Não gostei muito desse filme, achei o visual meio bizarro e estranho, e o diretor misturou um monte de referências (do reality show ao autoritarismo), o que é bem vindo mas sai dos cinemas decepcionado.

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Marconi, mas os subtextos devem ter vindo do livro, tendo em vista que estamos diante de uma adaptação de um livro. Discordo de você em relação ao efeito que você aponta no longa e concordo em relação à Lawrence.

Fabrício, eu gostei muito desse filme e acho errado dizer que as referências são culpa do diretor. Poxa, ele está adaptando um livro, que tem muitas coisas legais.

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Fiquei satisfeito com o resultado da adaptação. Achei que eles iriam focar no “romance” entre os protagonistas (o trailer me deixou com essa impressão). Felizmente isso não aconteceu.

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Olha, gostei bem mais desse filme do que imaginei. As possíveis relações com a franquia Crepúsculo não passa de jogada de marketing (esse é o jogo mais voraz que temos na indústria do cinema). Gosto da discussão política e fiquei bem mais interessado pela primeira parte do filme em que as coisas vão sendo preparadas e arranjadas, com uma câmera na mão muito difícil de ver num produto desses, mas que funciona muitíssimo bem. Os jogos em si são um pouco problemáticos, mas ainda é um bom filme.

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Rafael C., eu também gostei mais desse filme do que imaginei. Você foi certeiro na questão “Crepúsculo” x “Jogos Vorazes”. Mas, acho que o conteúdo desse filme é bem mais rico e ele suscita uma discussão até bem mais interessante do que a série dos vampiros x lobisomens.

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[…] Roberts), Flannery (Joe Anderson) e Burke (Nonso Anozie) estivessem na sua própria versão de “Jogos Vorazes”, com uma significante diferença: a realidade deles não é controlada por ninguém e nenhum […]

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