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Guerreiro

publicado em:4/07/12 8:31 PM por: Kamila Azevedo DVD

Sensação recente do cenário esportivo mundial, o MMA (Mixed Martial Arts – ou Artes Marciais Misturadas, em português) tem o seu ápice num torneio chamado UFC (Ultimate Fighting Championship), que, por sua vez, também é um fenômeno de audiência e de sucesso mundiais. Este esporte e um torneio fictício chamado Sparta, que tem o objetivo de tentar descobrir qual o lutador mais valente, mais durão do mundo fazem parte do pano de fundo do filme “Guerreiro”, do diretor Gavin O’Connor, que também é co-autor do roteiro do longa ao lado de Anthony Tambakis e Cliff Dorfman.

Porém, se engana quem pensa que “Guerreiro” só trata de homens dando porradas uns nos outros com a justificativa do esporte, em arenas lotadas de pessoas que urram a cada soco, como, se naquele ringue de luta, estivessem os gladiadores da Roma Antiga. O filme de Gavin O’Connor, na realidade, é sobre um tema mais espinhoso: uma família desintegrada, que não encontra outra maneira de aparar suas arestas ou de resolver seus problemas que não seja dentro de um ringue, numa luta física, em que eles possam descarregar (utilizando, novamente, a justificativa do esporte), a cada soco que dão, toda a mágoa, dor e ressentimentos que eles sintam um pelo outro.

Brendan (Joel Edgerton) e Tommy Conlon (Tom Hardy) são os dois únicos filhos de Paddy Conlon (Nick Nolte, numa atuação sensacional indicada ao Oscar 2012 de Melhor Ator Coadjuvante), um treinador de boxe que é ex-alcóolatra e que foi, em suma, um péssimo marido e um péssimo pai. Paddy ficou sozinho enquanto viu sua família seguir caminhos distintos: Brendan se transformou em um professor de física de uma escola de segundo grau e Tommy seguiu uma trajetória mais espinhosa, vendo a mãe falecer de uma doença grave e indo lutar na Guerra do Iraque. O que acaba unindo eles três é justamente o esporte e cada um deles possui um motivo para lutar e é justamente isso que poderá uni-los novamente – mesmo que isso venha ao custo de Brendan e Tommy serem adversários no Sparta.

“Guerreiro” repete algumas das temáticas que são mais frequentes nos filmes de Gavin O’Connor, notadamente a presença forte da cultura irlandesa e a discussão da honra e dos valores familiares em ambientes e situações um tanto inóspitas (esse foi o assunto básico, por exemplo, de “Força Policial”, seu último longa). Entretanto, com este filme, O’Connor volta ao território que foi palco daquele que era seu melhor filme (até a chegada deste, diga-se de passagem): “Desafio no Gelo” – que contava a história do time de hóquei no gelo dos Estados Unidos que saiu do nada para conquistar a medalha de ouro olímpica, em 1980. O diretor sabe muito bem como utilizar as cenas esportivas para potencializar todo o lado emocional de sua história – vide a cena da luta final, que promete quebrar os corações mais duros.

Porém, talvez, o maior ponto positivo de “Guerreiro” seja contar muito bem a história dos seus personagens, fazendo com que a gente se envolva profundamente com e se importe com Paddy, Brendan e Tommy – também coloco isso como um mérito das atuações dos três atores que os interpretam. Mesmo que o drama que eles vivam seja um tanto comum, mesmo que as soluções narrativas adotadas sejam previsíveis, “Guerreiro” é um filme que nos pega pela emoção e pela nossa capacidade de empatia com estes personagens, porque, acredite, você vai rir, chorar, vibrar e torcer por eles – independente de quem se sagre o vencedor, no final. Talvez, por isso mesmo, por ser um filme relativamente simples mas que, essencialmente, conta uma boa história (algo raro de se ver no cinema atual, aliás), seja impressionante notar o quão discreta foi a passagem deste longa pelos cinemas. “Guerreiro” é uma daquelas obras que pede para ser redescoberta. Faça isso urgentemente se ainda não entrou em contato com este longa.

Guerreiro (Warrior, 2011)
Direção: Gavin O’Connor
Roteiro: Gavin O’Connor, Anthony Tambakis e Cliff Dorfman (com base na história de Gavin O’Connor e Cliff Dorfman)
Elenco: Joel Edgerton, Tom Hardy, Nick Nolte, Jennifer Morrison, Frank Grillo, Kevin Dunn



A última modificação foi feita em:julho 13th, 2012 as 11:58 pm


Jornalista e Publicitária


Comentários


Esse filme é ótimo mesmo Kamila.Uma história humana com grandes interpretações e teve uma merecida nomeação ao Oscar do ótimo veterano Nick Nolte.Mas é bom ficarmos de olho em Tom Hardy:ele é muito talentoso e vai ter a grande chance de virar estrela no novo “Batman”.Agora sai do pc e vai pra frente da tv torcer pelo seu TIMÃO rsrsrs

Beijos!

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Kamila, vc falou tudo sobre o filme. Eu assisti esse filme ano passado e na cena final quando começa a tocar a música “About today” da banda The National, eu me emocionei de um jeito que há muito tempo não acontecia vendo um filme. Para mim foi um dos melhores filmes do ano passado e deveria ter ganho alguma estatueta do Oscar, o q vc acha??

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É, sou do time que não assistiu o filme. Já torci meu nariz várias vezes para ele, mas estou finalmente indo baixar – você me lembrou dele! Houve muito alarde na época, fiquei curioso, mas não sou fã de filmes de esportes (mesmo que eu saiba que este não é o foco). Enfim, vou ir atrás!

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Paulo, o Tom Hardy é uma das maiores revelações da atuação nos últimos anos. Olho nele mesmo! Beijos!

Pablo, a cena final é muito poderosa mesmo e fez com que eu me emocionasse também. Com certeza, “Guerreiro” deveria ter vencido alguma categoria no Oscar ou, quem sabe, ter recebido mais indicações, além da do Nick Nolte.

Júlio, espero que tenha gostado do filme!

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Excelente filme mesmo. Acho que o valor humano e emocional do roteiro, através de aprofundar-se nas questões familiares, são elementos que tornam o filme mais interessante. Se fosse só “lutas e porradas”, acho que não me sentiria envolvido. Ao meu ver, Nick Nolte merecia o Oscar – sua atuação e seu personagem é bem mais marcante que do vencedor que Plummer que, ainda que seja um ator excepcional, não acho que merecia por “Beginners”. Bom destacar também que Hardy, cada vez mais, está mostrando que é um ator bem talentoso e versátil.

Beijo!

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Cristiano, a atuação do Nick Nolte, realmente, foi sensacional. Ainda não vi a atuação vencedora do Christopher Plummer, mas, da categoria de Ator Coadjuvante, no Oscar desse ano, minha performance favorita é a do Nolte, sem dúvida. Beijo!

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E o Max Von Sydon? vc gostou mt de “Tão Forte Tão Perto”,não acha que o ator dos filmes de Ingmar Bergman merecia o Oscar?

*Já assisti “Beginners” e a atuação de Christopher Plummer é ótima mesmo.Um grande ator que tardiamente foi reconhecido com uma estatueta.

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meu 3° comentário Kamila:

sabe quem ficou entre os finalistas na categoria ator coadjuvante na minha lista dos melhores de 2011? Moacyr Franco pelo belissimo “O Palhaço”.Uma cena curta que conta uma história dentro do filme.FANTASTICO! se vc tiver interesse em ver minha lista te mando por email.

Beijos

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Paulo, não concordei com a indicação do Max Von Sydow ao Oscar por “Tão Forte e Tão Perto”. Acho uma atuação superestimada. E também não destacaria o Moacyr Franco, por “O Palhaço”. Beijos!

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este aí é um dos melhores do ano pra mim!

como você falou, a maneira com que o diretor consegue botar emoção nas listas é fantástica… algo que faltou naquele O Vencedor, por exemplo.

esse filme mistura muito bem luta e conflitos familiares… de um jeito que eu não lembro de ter visto antes.

tá no nível de rocky e de the wrestler. e isso é dizer muito!

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Kamila,
eu olhava meio desconfiado para o filme ali na prateleira da locadora, mas hoje considero Guerreiro é um dos melhores filmes que vi no ano, e isso se deve em muito pela atuação impressionante dos 3 atores e também porque o filme soube resgatar o que temos de melhor nos dramas que tratam de lutadores, e mesmo com o roteiro previsível, o filme emociona e tem sentimento.

Um grande filme com toda certeza!!!

Abraços,
André

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André, eu também considero esse filme um dos melhores que assisti em 2012, principalmente por causa do roteiro, da direção e dos três atores principais. Concordo com seu comentário! Abraços!

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