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Valente

publicado em:3/08/12 12:13 AM por: Kamila Azevedo Cinema


“Valente”, animação dirigida por Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell, é o marco definitivo de que as princesas dos filmes clássicos do Walt Disney Studios, com sua ingenuidade e romantismo, acabaram. Não é que esses valores não caibam mais no mundo de hoje, pelo contrário. Acontece que estamos em outra realidade. Alguém como Giselle (personagem que Amy Adams tão bem defendeu em “Encantada”), que tem uma pureza sem igual, vai sofrer muito na nossa atual conjuntura. Hoje em dia, é necessário que a gente tenha coragem e valentia para enfrentar os muitos obstáculos com os quais somos deparados cotidianamente. Hoje em dia, é uma questão de sobrevivência lutar pelo seu próprio destino, por aquilo que queremos.

Neste sentido, Merida (dublada por Kelly Macdonald na versão original) é uma representante perfeita desse novo modelo de princesa, que começou a ser vista com a Rapunzel (dublada por Mandy Moore na versão original) de “Enrolados”. Ela é alguém que se recusa a ter seu caminho pré-determinado pelas convenções as quais ela está sujeita. Ela é alguém que se recusa a seguir aquilo que os outros acham melhor para ela. Merida quer ser muito mais do que uma princesa contida, educada, prendada, discreta e que é a companheira perfeita para o rei. Merida quer deixar sua marca no mundo. Isso está muito bem representado pela seguinte frase dela: “existirá o dia em que eu não terei que ser uma princesa. Sem regras, sem expectativas. Um dia em que tudo pode acontecer. Um dia em que eu poderei mudar meu destino”.

Para desgosto de Merida, esse dia ainda está um pouco longe. Quando “Valente” começa, o futuro da protagonista ainda está muito sujeito àquilo que a mãe dela, a rainha Elinor (dublada por Emma Thompson na versão original) deseja para a filha (um bom casamento, com um dos filhos dos outros clãs do reino, de forma a manter a paz e a harmonia entre todos eles). Desta forma, um dos pontos mais interessantes do roteiro da animação, que foi escrito por Mark Andrews, Steve Purcell, Brenda Chapman e Irene Mecchi, é que a história em si se fundamenta no confronto entre mãe e filha e é justamente isso que causa uma reviravolta enorme na trama de “Valente” e que obriga as duas a passar a se enxergar por aquilo que cada uma delas, na realidade, é. Ou seja, Merida passa a compreender as intenções da mãe, enquanto Elinor começa a ver a verdadeira essência de sua filha, aquilo que ela se destina a ser.

É difícil falar sobre “Valente” sem querer entregar a reviravolta da trama, mas o que importa saber é que esta animação tem uma bonita mensagem sobre tolerância e sobre aceitar que, apesar dos conselhos e ajudas recebidas, a realidade é que cada um de nós sabemos o que é melhor pra gente. É muito importante mencionar que esta mensagem está envolta numa trama que é engraçada, emocionante e que tem muitos elementos míticos e fantásticos. “Valente” é, provavelmente, o filme mais diferente produzido pela Pixar em sua história nesse gênero e que ganha muitos pontos por fazer uma mistura bem-sucedida de elementos que são clássicos da linguagem dos filmes de animação com outros que dão um toque moderno a este filme.

Valente (Brave, 2012)
Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell
Roteiro: Mark Andrews, Steve Purcell, Brenda Chapman e Irene Mecchi (com base na história de Brenda Chapman)
Com as vozes de: Kelly Macdonald, Billy Connolly, Emma Thompson, Julie Walters, Robbie Coltrane, Kevin McKidd



A última modificação foi feita em:agosto 30th, 2012 as 2:17 am


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Comentários


Filme bom, mas sem cara de Pixar. Se ganhar o Oscar 2013, é porque a safra de animações no ano será fraquinha fraquinha. Espero que Tim Burton mude essa realidade este ano.

Beijos

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Olha, até mesmo eu que costumo não gostar desse tipo de animação me surpreendi e sai bem satisfeito.

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Brenno, sim, realmente, não tem cara de filme da Pixar, mas acho isso ótimo, pra ser bem sincera. Beijos!

Paulo, concordo que a Pixar acerta novamente com esse longa, que deve mesmo ser indicado ao Oscar da categoria. Beijos!

Celo, eu também me surpreendi com esse filme.

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Oscar? Não sei, mas essa protagonista feminina
já coloca no bolso a primeira princesa negra da Disney,
que passa boa parte do filme transformada em sapo.

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Herculano, também não sei se ganha o Oscar. Aposto em indicação e concordo que “Valente” é muito melhor que “A Princesa e o Sapo”. Muito melhor mesmo!

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Gosto muito dessa mensagem que você falou e da forma como o filme trabalha a relação mãe e filha. Aquela cena da discussão a distância é muito boa. E quanto a mudança da personagem feminina, não dá mesmo mais para ver princesa frágil esperando seu príncipe encantado salvá-la, né? hehehe.

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Também acho que a cena da briga a distância é extremamente bem construída. No final das contas, acho que é diversão do jeito que a Dreamwork faz, só que feito pela Pixar.

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Amanda, essa cena da discussão à distância é realmente muito boa e muito emblemática nesse sentido da trama principal do filme, do enfoque na relação entre mãe e filha. Ah, com certeza. Mudança super bem vinda! 🙂 rsrsrsrsrrs

Luís, perfeito esse seu comentário, a observação feita em relação aos filmes da Dreamworks x Pixar. É bem isso aí mesmo.

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Olha, vi muita gente torcendo o nariz pro filme, mas fiquei bem satisfeito com o todo. O início é muito bom, depois da transformação de certa personagem parece que a coisa vai desandar, mas logo na parte final as coisas tomam prumo e o filme diz a que veio. Em especial para tomar partido da causa e imposição feminina, mas também para falar sobre estar pronto para cumprir nosso dever, aquele que sentimos ser nosso. Pode não ser o nível maravilha a que a Pixar já nos acostumou, mas é mais uma bela animação.

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Também achei muito difícil escrever sobre “Valente” sem entregar pontos importantes da trama. Nosso trabalho está cada vez mais difícil, não?

Você acha que a Pixar volta a ganhar um Oscar?

Bjs

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Otavio, demais… Sempre foi difícil, essa é a verdade. 🙂 Acho que a Pixar tem tudo para voltar a ganhar um Oscar, mas ainda está cedo pra afirmar isso. Beijos!

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a princesa e o sapo foi legalzinho e até me emocionei em algumas cenas, gostei bastante de valente, mas prefiro enrolados! Pesquisei algumas críticas e so vejo falando que a o roteiro é fraco e que não emociona! Ava idai? Precisa mesmo emocionar? O filme é bom e ponto!

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Gostei do filme, é a produção mais “diferente” dos padrões Pixar, e talvez por isso não tenha agradado algumas pessoas.

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De pensar que eu ainda não conferi até agora o filme. Fiquei muito entusiasmado em saber que há elementos fantásticos, com inspiração no gênio Hayao Miyazaki. Preciso correr, antes que saia dos cinemas!

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