Cena da Semana*
*Atenção aos spoilers
(O fim – Namorados para Sempre [2010] – diretor: Derek Cianfrance)
“Namorados Para Sempre”, tradução nacional para o filme dirigido por Derek Cianfrance, é um título que vai enganar muita gente – especialmente aquelas pessoas que escolhem um filme para assistir com base no seu nome. A trama escrita por Derek Cianfrance, Joey Curtis e Cami Delavigne acompanha a história de amor vivida pelo casal Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams, indicada ao Oscar 2011 de Melhor Atriz por esta performance). Quando o vemos pela primeira vez, eles já estão casados e possuem uma filha de cinco anos chamada Frankie (Faith Wladyka).
Está claro para a plateia que algo não anda bem no relacionamento deles, uma vez que o casal mal se comunica um com o outro; mal tem demonstrações de carinho, de cuidado e de amor um com o outro; escondem segredos um do outro e estão vivendo sua rotina como se a mesma fosse um pavio prestes a estourar. Um dos acertos do diretor Derek Cianfrance no relato dessa história é fazer uso de flashbacks que retratam o começo dessa história de amor e que funcionam muito bem para fundamentar quem são esses personagens: Dean é o homem sensível, que vem de um lar desintegrado e que encontra na família que formou com Cindy o eixo que ele precisava; enquanto Cindy é uma mulher mais “desprendida”, cheia de complicações e que rejeita o marido quase que propositalmente, como se quisesse forçar o abandono dele, por não ter coragem de ela mesma pôr um fim em tudo.
Ou seja, para analisar “Namorados Para Sempre” é melhor ficar atento ao título original do filme: “Blue Valentine”, que pode ser traduzido como namorados tristes, angustiados, quem sabe até deprimidos – porque é esse o estágio emocional em que se encontram Dean e Cindy quando os encontramos. O longa faz um retrato bem honesto de um tema que pode ter muita relação com a comédia romântica “Um Divã Para Dois”, de David Frankel, mais precisamente com uma frase que a personagem interpretada por Meryl Streep declama em uma das cenas, quando ela diz que ela briga pelo casamento dela pois ela acredita que pode ter um relacionamento de verdade, de novo. Dean e Cindy chegaram justamente num estágio contrário, em que o desgaste da relação deles é tão difícil que eles demoram a realizar que a única saída para eles é mesmo a separação. E é isso que faz de “Namorados Para Sempre” um filme bastante pungente do ponto de vista emocional – vide a cena que destacamos neste post.
Kamila, assisti a este filme, mas confesso que não gostei não. Na verdade não é um estilo de longa que eu curta muito. Longas discussões sobre relacionamento, personagens melancólicos e tal…Entretanto, curto a Michelle , não tanto o Gosling rsrs.
Flavio, eu adorei esse filme, apesar de muito melancólico e triste. Adoro tanto a Michelle quanto o Gosling.
Esse filme é uma versão indie de “Foi Apenas Um Sonho” de Sam Mendes.”Blue Valentine” é um filmaço sobre a morte gradativa do amor.Destaque para o devastador momento que Dean(Ryan Gosling) descobre que o cachorro morreu(para o casal o bichinho de estimação tem importancia.Principlamente para a filhinha) e o confronto no motel.Gosling e Williams não são mais promessas em hollywood.São realidades do primeiro time do cinema americano.
Beijos!
O título em português foi quase um crime com o filme, até porque foi lançado por aqui em junho, mês dos namorados, causando muita rejeição a essa bela obra. É incrível como os dois lutam por coisas opostas devido a experiências próprias. Ela foi criada por pais com um casamento ruim e não queria isso para filha dela. Ele foi criado por pais separados e não queria isso para filha dele.
Deprimente, mas muito bom.
Paulo, discordo da sua comparação e concordo com seu comentário sobre este filme e, principalmente, Gosling e Williams.
Amanda, exatamente. Toda a estratégia em torno do lançamento desse filme foi errada. Nada a ver. Até porque o filme, por mais que seja melancólico, é muito bonito. A verdade é que Dean e Cindy se distanciaram, queriam coisas diferentes. Deprimente, mas excelente mesmo.
Nenhum outro cineasta soube traduzir tão bem o fim do “American Way of Life” como Sam Mendes em “Beleza Americana” e “Foi Apenas Um Sonho”.A comparação em relação a “Blue Valentine” é pela crise do casal e o fim da relação.As situações são diferentes.Enquanto Dean(Ryan Gosling) e Cindy(Michelle Williams) sofrem pela gravidez precoce dela e os problemas pessoais de Dean.No filme de Sam Mendes,April(Kate Winslet) e Frank(Leonardo Dicaprio) conquistam tudo na parte material mais eu tenho a imprenssão que os dois não andam na mesma direção no relacionamento.April sonho em viver em Paris e sair da “zona de conforto”,Frank não quer se parecer com o pai mais é acomodado e inseguro.Ambos é sobre a morte do amor.Mas estimo e respeito sua opinião.
Quando esse filme acabou, eu estava no chão rsrs. Absolutamente tudo nesse filme funciona, dos filmes mais doloridos que já assisti. Perfeito, perfeito… Bela escola, Ka, mas pega leve na próxima vez rsrs.
Bjs!
Quando o filme começa, nos deparamos com o casal quase no término do relacionamento, são raras as conversas, os poucos gestos de carinho são evitados por ela – que não sabemos, apenas imaginamos, os motivos. O premiado roteiro transita entre o início e o fim da relação, nos privando de conhecer o que aconteceu durante. Os flashbacks não revelam muito, e surgem aleatoriamente. A entrega dos atores permite bons improvisos, como na sequencia em que Ryan canta para Michelle dançar (ela sem saber que música escutaria e ele sem saber que ela realmente sabia sapatear). “Blue Valentine” é o título de uma canção, e de um disco, de Tom Waits, que narra a trajetória de um casal que se apaixona e se desapaixona. O filme é sobre isso. Não é, como nos acostumamos a ver, a descoberta do amor. É o final, ou a aceitação do final. Pode ser um programa depressivo, e reflexivo, para se fazer a dois, mas valerá a pena se a intenção for apreciar um filme sobre pessoas normais e dramas normais.
Paulo, também respeito a sua opinião. Mas, acho que “Foi Apenas um Sonho” é mais sobre pessoas vivendo uma vida que não querem, confinadas a algo que não as faz bem.
Elton, realmente, trata-se de um filme muito melancólico e difícil. Mas, realista e verdadeiro. Por isso que “conquista” a gente. Obrigada!
Herculano, não sabia desse detalhe da música e do disco de Tom Waits. Curioso. Joga uma luz interessante sobre o filme. É bem isso mesmo que você disse.
Um filme do qual eu gosto bastante, sobretudo por causa da entrega total dos atores a seus personagens. Michelle Williams e Ryan Gosling estão maravilhosos mesmo, totalmente críveis e imersos na história.
Luís, eu também gostei muito desse filme. Principalmente por causa da dupla de atores.
eu ia falar justamente isso que a amanda escreveu: “O título em português foi quase um crime com o filme, até porque foi lançado por aqui em junho, mês dos namorados, causando muita rejeição a essa bela obra.”
como que pode, né? os caras acham que somos burros e não estão nem aí se vão enganar o público ou não.
quanto ao filme, excelente! um retrato intenso de um relacionamento que não deu certo… os flashbacks colaboram demais!
aquela cena do ukelele é também inesquecivel
Gostei bastante de “Namorados Para Sempre”, mas esse é aquele tipo de filme tão doloroso que não sei se um dia vou querer revê-lo. Haja força para entrar de novo nessa triste história!
Bruno, o filme teve toda uma campanha de lançamento no Brasil que foi, literalmente, péssima. Mas, a sensação que eu tenho é a de que este filme foi mais admirado que rejeitado pelas pessoas.
Matheus, pois é. Dificilmente, eu também vou querer revê-lo, apesar de ter achado sensacional. Mas, é um filme com uma carga emocional negativa muito forte e, nem sempre, a gente quer ter contato com isso.