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A Delicadeza do Amor

publicado em:1/10/12 9:17 PM por: Kamila Azevedo Cinema

O amor pode ser manifestado – e sentido – de diversas maneiras. No início de “A Delicadeza do Amor”, filme dos diretores David e Stéphane Foenkinos, temos o desenho de um romance – entre Nathalie (Audrey Tautou) e François (Pio Marmaï) – que, além de ser um amor à primeira vista, é um daqueles casos em que o sentimento é tão intenso que partir para o próximo passo (casamento, ter filhos) é algo tão natural que nem passa a ser assombroso, por ser vivido em tão pouco tempo. Um amor dessa intensidade não sustenta um longa do gênero de comédia romântica, como esse. É necessário um grande ponto de virada na história.

Isso ocorre quando, de repente, Nathalie fica viúva após François ser vítima de uma fatalidade. Com o seu mundo perfeito virando de cabeça para baixo, a personagem é obrigada a recolocar a sua vida nos eixos. Para ela, isso significa mergulhar de cabeça no trabalho, deixando de lado qualquer possibilidade de recomeçar a sua vida pessoal ao lado de outro alguém. Pelo período de três anos, essa é a rotina que satisfaz Nathalie: de casa para o trabalho e vice-versa. É preciso que algo mexa com as suas estruturas, novamente. É aqui que temos o segundo ponto de virada na trama escrita por David Foenkinos (com base no livro de sua autoria).

“Desde a morte do marido, ela vive para o trabalho”. Uma frase dita por uma colega de empresa, escutada de forma acidental por Nathalie, a incomoda muito. Se essa é a visão que as pessoas passaram a ter dela, a própria personagem começa a sair da zona de conforto que ela impôs para si mesma e passa a tomar mais riscos no campo sentimental. Nada melhor, então, do que recomeçar com um amor que não seja intenso, mas que seja delicado e que ocorra no tempo certo, sem atropelos e sustos. É isso que é retratado para a plateia por meio do relacionamento que se estabelece entre ela e Markus (François Damiens), que é seu subordinado na mesma empresa.

As cenas que retratam a descoberta, a vivência e o entendimento desse amor fazem de “A Delicadeza do Amor” um filme único e especial – por fugir justamente do óbvio e do que é clichê em muitas comédias românticas. É impossível assistir a este filme e não se lembrar, por exemplo, da visão de Jane Austen sobre esse tema, uma vez que o amor exige tempo e conhecimento, além de um cultivo demorado e profundo, quase que constante. Nathalie e Markus se dedicam a isso, ferrenhamente – com erros e acertos. Em consequência disso, um dos pontos mais positivos de “A Delicadeza do Amor” é poder acompanhar a jornada emocional deste casal, a partir do instante em que o encontro deles ocorre e vai se solidificando. E o olhar de David e Stéphane Foenkinos sobre eles dois é dos mais leves, até porque amar, como diz Marcelo Camelo, é ter a plena consciência de que “a gente faz um monte de besteiras por saber que é bom demais”.

A Delicadeza do Amor (La Délicatesse, 2011)
Direção: David e Stéphane Foenkinos
Roteiro: David Foenkinos
Elenco: Audrey Tautou, François Damiens, Bruno Todeschini, Mélanie Bernier, Joséphine de Meaux, Pio Marmaï, Monique Chaumette, Marc Citti



A última modificação foi feita em:outubro 6th, 2012 as 5:23 pm


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Comentários


Kamila eu assisti esse filme em DVD semana passada e gostei muito.O amor que Markus (François Damiens) sente por Nathalie (Audrey Tautou) é incondicional.A maneira que ocorre o primeiro beijo é linda(não existe nenhum spoiler nessa informação).Ele sai do café e a beija.Simples assim,sem rodeios.A atitude de Nathalie(e a correta) é mostrar como ele esta equivocado de beijar e tentar viver esse amor.Mas quem ama perde o controle de qualquer ação,porque a admiração e a presença da pessoa amada é algo que não tem como explicar.Sua critica está ótima,concordo com os 5 rolinhos e acrescento algo:”A “Delicadeza do Amor” demonstra que existe homens apaixonados sim!

Beijos!

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Awwwwwn, 5 rolos de filmes muito bem dados rs.
Ótimo texo, Ka.
É uma graça mesmo esse filme. Romântico e melancólico seguindo o caminho da sensibilidade. Uma gratíssima surpresa.

Bjs!

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Concordo com tudo o que disse! É, sem sombras de dúvida, um dos melhores filmes de 2011. O filme realmente é muito sensível e consegue tratar do amor de forma real e ainda sim pura! A cena final é um deleite, se já não bastasse todo o resto…

p.s.: Audrey Tautou segue magnífica tbm.
p.s.2: bacana terem feito esse contraponto da beleza entre os “dois amores” dela…

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Paulo, você confundiu a cena do primeiro beijo entre Markus e Nathalie com a de François e Nathalie… Obrigada! Beijos!

Elton, obrigada! Eu também achei esse filme, como diria Hebe, uma gracinha e uma delícia de se assistir. Beijos!

Raspante, a cena final é extremamente poética, achei belíssima, assim como o filme. Acho que o contraponto da beleza entre os dois amores dela é somente um detalhe, não proposital.

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Olha, uma amiga já me recomendou muito esse filme, disse ser esse primor que vc afirma. No entanto, não sei pq ainda não o assisti, já que gosto de Tautou e o cinema francês quase sempre me agrada. Colocarei entre os que preciso assistir logo.

Abraço.

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Depois de um comentário desses e de receber 5 rolos, vou ter q colocar esse filme em primeiro lugar na minha lista.
Vlw Kamila pela dica

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Celo, quem me recomendou esse filme foi a minha prima e já tinha lido uma crítica muito positiva desse longa escrita pelo Alex. Espero que o assista e goste. Abraço!

Amanda, espero que assista logo. Acho que você vai amar.

Pablo, coloque mesmo. Você não vai se arrepender.

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Bom filme, sem dúvidas, mas dentro do conceito “comédia-romântica-com- Audrey-Tautou”, prefiro “Uma Doce Mentira”.

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Uma avaliação que me aguça ainda mais a curiosidade pelo filme. À época de seu lançamento, ele foi muito bem conceituado pela crítica paulistana, de maneira geral, mas eu não consegui vê-lo nos cinemas.
bjs

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Herculano, ainda não assisti “Uma Doce Mentira”. Anotei a dica.

Reinaldo, exatamente. Foi um filme muito bem conceituado pela crítica. Ao assistí-lo, comprovei o quanto que é maravilhoso. Espero que possa assistir em breve. Beijos!

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