Assim como na saga “Harry Potter”, em que todos os acontecimentos levavam para a grande batalha que seria travada entre Harry (Daniel Radcliffe) e Voldemort (Ralph Fiennes); tudo que ocorreu na saga “Crepúsculo” até “Amanhecer: Parte 2”, do diretor Bill Condon, longa que encerra esta franquia cinematográfica baseada nos livros escritos por Stephenie Meyer, levou ao momento de transformação de Bella Swan (Kristen Stewart) em vampira pelo homem que ela amava: Edward Cullen (Robert Pattinson). Se a primeira parte desta obra mostrou aquilo que levou à transformação de Bella após o complicado trabalho de parto que resultou no nascimento de Renesmee, a segunda parte deste filme aborda justamente os desdobramentos destes acontecimentos para as vidas, não só de Edward e Bella, como também para as dos Cullens.

Porém, se engana quem pensa que “Amanhecer – Parte 2” é um filme que retrata, basicamente, a adaptação de Bella à sua nova vida, como vampira, ao lado de Edward. Pelo contrário, para o roteiro escrito por Melissa Rosenberg, a personagem mais importante desta história é Renesmee (Mackenzie Foy), um bebê meio humano e meio vampiro, cuja taxa de crescimento é fora do normal. A descoberta de um bebê dessa espécie e os mistérios sobre os poderes que a menina carrega é que levam o clã dos Volturi (liderados pelo personagem interpretado por Michael Sheen com um exagero propositalmente perfeito) a saírem de seu retiro na Itália para irem atrás dos Cullen naquela que é a maior batalha vista nos cinco filmes da série.

É justamente na cena que mostra a grande batalha na neve – e que reúne vários clãs de vampiros, cada qual sensibilizado pela causa dos Cullen ou pelos motivos dos Volturi – que Bill Condon mostra a diferença como diretor, orquestrando perfeitamente um desenrolar de acontecimentos que criam um clima de tensão enorme e que, ao mesmo tempo, acaba se revelando a fonte de um elemento surpreendente, cortesia de um recurso narrativo dos mais batidos, mas que foi extremamente bem trabalhado por Condon e sua editora Virginia Katz. Sem dúvida alguma, como já dissemos, trata-se do melhor – e mais forte – momento dramático visto nos cinco filmes dessa franquia e que oferece instantes que irão mexer bastante com os muitos fãs desta narrativa.

Como acontece, normalmente, após o término de uma jornada como a da saga “Crepúsculo”, que, além de ter vendido mais de 100 milhões de livros ao redor do mundo, rendeu filmes que obtiveram mais de 2 bilhões de dólares de bilheteria, é mais do que natural fazer um grande balanço a respeito do que assistimos. Ao contrário do visto na franquia “Harry Potter”, a saga “Crepúsculo” não foi crescendo em qualidade ao longo de seus filmes. A realidade é que, nos seus quatro primeiros filmes, a história se sustentou no seu carisma natural e na apelação também espontânea do triângulo amoroso vivenciado entre Bella, Edward e Jacob (Taylor Lautner). Entretanto, neste quinto longa, a série encontra a sua redenção artística e também naquilo que era seu ponto mais fraco: as atuações, uma vez que os três jovens atores centrais entregam atuações bastante satisfatórias. Ainda conta a favor de “Amanhecer: Parte 2” o fato de que Melissa Rosenberg trabalhou muito bem com a questão mais problemática do livro: a natureza da relação entre Renesmee e Jacob. No balanço final, os fãs da série sairão mais que satisfeitos com a conclusão da franquia cinematográfica.