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As Aventuras de Pi

publicado em:27/12/12 3:41 PM por: Kamila Azevedo Cinema

De uma certa maneira, o filme “As Aventuras de Pi”, do diretor Ang Lee, lembra um pouco a atmosfera na qual se passa o longa “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas”, um dos filmes mais subestimados da carreira do diretor Tim Burton, na medida em que ambos os filmes são protagonizados por personagens que são grandes contadores de histórias sobre acontecimentos e figuras que passaram pelas suas vidas. Quer acreditemos ou não no que eles nos contam, é uma outra história, mas a verdade é que é impossível ficar imune à magia e ao encanto de contos que possuem um caráter quase único.

Único como também é a pessoa de Pi Patel (interpretado por Irrfan Khan, Suraj Sharma, Gautam Belur e Ayush Tandon nas diversas fases de sua vida), o protagonista de “As Aventuras de Pi”. Desde criança, ele teve uma vida que poderemos classificar como, digamos, extraordinária. Ele foi batizado em homenagem à piscina mais linda que seu tio visitou, foi criado em meio ao zoológico que seus pais (Adil Hussain e Tabu) mantinham, teve que aprender desde cedo a se firmar perante os colegas de escola e, principalmente, desde muito jovem ganhou a certeza de que tinha que ter coragem para enfrentar os muitos obstáculos que a vida coloca diante de nós.

Tudo isso será colocado em prática por Pi quando ele se vê como o único sobrevivente do naufrágio de um navio cargueiro chinês no qual ele se encontrava com sua família e os animais do zoológico que eles mantinham e que os pais esperavam vender quando chegassem ao Canadá (o destino final deles após saírem da Índia). Sozinho, dentro de um bote salva-vidas, tendo a companhia de alguns animais que conseguiram se salvar também do naufrágio (como uma hiena, um orangotango, uma zebra e um tigre de bengala chamado Richard Parker), é que começa a verdadeira história da vida de Pi.

O conto que ele compartilha conosco é de fé, esperança e perseverança, especialmente porque Pi, com a companhia da sua espécie de arca, embarca em uma jornada que dura mais de 220 dias em busca da sobrevivência e, mais ainda, da descoberta de uma força e da superação dos medos e das dúvidas mais profundos que nem mesmo o protagonista de “As Aventuras de Pi” sabia que tinha dentro de si mesmo. O que faz com que a experiência vivida por Pi, no decorrer do filme, seja, de uma certa maneira, uma profissão de fé, principalmente se levarmos em conta o fato de que o que leva a personagem a dividir a sua história com todos nós é que um escritor (Rafe Spall) o procura justamente porque ele quer ouvir dele algo que o faça realmente acreditar na existência de Deus.

“As Aventuras de Pi” foi um projeto acalentado por muito tempo pelo diretor Ang Lee, que achou o formato perfeito para filmar a sua história na tecnologia 3D, o que permite com que seu longa reflita um pouco, na grande tela, de todo o universo com o qual Pi se depara a partir do instante em que a sua grande jornada começa. Merecidamente um dos pré-finalistas ao Oscar 2013 da categoria de Melhor Efeitos Visuais, “As Aventuras de Pi” encontra sua força justamente na interação dos elementos visuais com os elementos mais técnicos, especialmente a trilha sonora de Mychael Danna e a fotografia de Claudio Miranda, que nos fazem entrar na emoção do ótimo roteiro escrito por David Magee (tendo como base o livro escrito por Yann Martel), centrado na figura de uma personagem que apontou pra fé e remou.



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Comentários


Olá Kamila!

Já li sobre essa comparação de Pi e Peixe Grande, fiquei mais curioso ainda, pois gosto muito de Peixe Grande. Estou zapeando por seu blog, tem muitas matérias interessantes.

Abraço!

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Não tinha grandes expectativas com “As Aventuras de Pi” e mesmo assim não fiquei muito entusiasmado com o resultado. Para mim, as discussões que ele levanta são um tanto rasas, sem falar que o filme demora a engrenar. De qualquer forma, esse é um filme que só poderia ser feito por um diretor contido como o Ang Lee. A história correria o risco de virar uma completa bobagem nas mãos de outro diretor!

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Kamila, sua comparação com Peixe Grande foi certeira. As aventuras de Pi é um filme muito bom, um dos melhores do ano. Visualmente ele é fantástico, e além de tudo a história do filme mexe com a questão da fé de uma forma muito bem feita e que consegue ser parte do filme sem deixar ele com cara de filme religioso.
Eu assisti em 2D, mas esse filme em 3D deve ser fantástico, algo tipo Avatar,
Vamos aguardar agora Lincoln, Django Livre, Os Miseráveis, A hora mais escura e O Lado bom da vida, para ver se As Aventuras de Pi tem mesmo alguma chance no oscar 2013.

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Emerson, obrigada pela visita e pelo comentário! Volte sempre que quiser. Abraço!

Matheus, eu tinha boas expectativas em relação a esse filme e foi bom perceber que ele cumpriu o que prometia, pelo menos, para mim. Discordo um pouco de suas opiniões, mas as respeito e entendo.

Pablo, visualmente, realmente, trata-se de um filme excelente mesmo. Uma grande obra, com um tema cativante e emocionante, em alguns momentos. Também assisti em 2D e imagino a mesma coisa que você: que “As Aventuras de Pi”, em 3D, deve ter ficado um filme sensacional. Não sei quanto as chances desse filme no Oscar, mas acho que ele pode abocanhar algumas merecidas indicações.

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excelente filme, melhor do que eu esperava… merecidamente vai estar entre os indicados a melhores efeitos visuais. infelizmente vi em 2d… justamente um filme em que o 3D parece deixar tudo ainda melhor.

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Boa crítica Ka para este grande filme. Sensível e muito inteligente na elaboração que faz da força da fé. Um dos highlights de 2012 sem dúvida alguma.
Beijos

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Um belo filme mesmo. E a comparação com Peixe Grande não deixa de ser interessante. É mesmo o que escolhemos acreditar. 🙂

Tive a oportunidade de ver Pi no 3D e depois no 4D, com a cadeira balançando como se estivesse no barco e raios e ventos pela sala de cinema, ficou ainda mais crível aquela tempestade de Deus, hehe.

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Bruno, pois é. Também vi em 2D. Fiquei com vontade, no final, de ter visto em 3D.

Reinaldo, obrigada! Concordo com seu comentário! Beijos!

Amanda, exatamente! Tudo passa por aquilo em que escolhemos acreditar. Acho que o filme foi certeiro nessa mensagem final. Tu assistiu a esse filme em 4D? Caramba! Deve ter sido MUITO legal!

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Um filme marcante neste fim de ano – tal como O IMPOSSÍVEL – e muito se deve ao minimalismo da direção de Ang Lee e todos os profissinais da parte técnica (fotografia e trilha sonora realmente merecem destaque). A primeira parte é meio aborrecida, mas logo após o naufrágio o filme cresce (como devia ser) e entrega, além do 3D mais lindo que eu já vi, momentos de reflexão poderosos.
Beijos!

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A diferença pra “Peixe Grande” é que Ang Lee é mil vezes melhor diretor que Tim Burton. E “As Aventuras de Pi” é mais cinema.

Feliz ano novo, Kamila!

Bjs!

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Weiner, concordo. “As Aventuras de Pi” e “O Impossível” são dois filmes marcantes lançados neste final de ano. Em relação ao filme do Ang Lee, concordo com seu comentário. Queria ter visto esse filme em 3D. Beijos!

Otavio, sim, o Ang Lee é muito mais diretor que o Tim Burton, não tenho dúvida disso. Feliz Ano Novo para você também! Beijos!

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As comparações com “Peixe Grande” (último grande Burton em live action) e este lindo filme de Ang Lee são bem pertinentes mesmo. Gostei do parelelo que vc traçou entre eles, mas ainda fico com a beleza estética e narrativa de Pi.

cadê a lista dos melhores/piores, Ka?

Bjs e feliz 2013! o//

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Tô bem curioso com esse. Pessoal tá elogiando com força.

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Raspante, assista logo!

Elton, na comparação entre os dois, também prefiro o filme do Ang Lee. A lista de piores/melhores será publicada na quinta e na sexta! 🙂 Beijos e Feliz 2013 para você também! Muitos bons filmes para todos nós neste novo ano!

Pedro, espero que assista logo. Fico aguardando sua crítica sobre a obra.

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Muito boa sua crítica Kamila, e achei que somente eu tinha pensado em “Peixa Grande” durante a projeção 😉

É um filme bonito, ainda mais visualmente, mas não me tocou tanto, pareceu mais auto-ajuda do que uma ‘busca por si mesmo’, mas diante dos outros filmes oscarizáveis que já vi este entra no TOP 5 por enquanto, atrás de “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, “Argo”, “Lincoln” e “As Vantagens de Ser Invisível”.

Parabéns, continue o bom trabalho e espero que você participe do nosso podcast um dia.

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Alessandro, mesmo se tratando de dois filmes bem diferentes, eu, imediatamente, pensei em “Peixe Grande”, assistindo “As Aventuras de Pi”, porque os dois longas acabam tendo alguns aspectos similares. Também achei um longa bonito, especialmente na sua parte visual. Discordo que pareça mais um filme de auto-ajuda do que uma jornada de alguém em busca de si mesmo. Obrigada!!!

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Ang Lee é genial. Nessa de acreditar ou não, estamos falando de todas as histórias contadas. O elo entre narrador e receptor da mensagem. Estamos falando dos próprios filmes. Se entramos no cinema descrentes, a batalha de quem conta a história está perdida.

Bjs!

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