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Trapaça

publicado em:20/02/14 1:26 AM por: Kamila Azevedo Cinema

O ladrão americano ao qual o título original de “Trapaça”, filme dirigido e co-escrito por David O. Russell, se refere se chama Irving Rosenfeld (Christian Bale, em atuação indicada ao Oscar 2014 de Melhor Ator). No decorrer do primeiro ato do longa, o diretor nos apresenta ao modo de operação de Irving, um vigarista de primeira linha que utiliza a sua rede de lavanderias como uma fachada para a aplicação de diversos golpes, desde aqueles que envolvem o roubo de dinheiro até aos que tratam da venda de obras de artes falsificadas, sempre tendo como comparsa a sua sócia e amante Sydney Prosser (Amy Adams, em atuação indicada ao Oscar 2014 de Melhor Atriz).

Quando são pegos em flagrante pelo agente da FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper, em atuação indicada ao Oscar 2014 de Melhor Ator Coadjuvante), Irving e Sydney são obrigados a colaborar com uma operação encabeçada por Richie e que envolve a investigação em torno de políticos da cidade de Nova Jersey, como o prefeito Carmine Polito (Jeremy Renner), bem como deputados e senadores de outros Estados norte-americanos, além da máfia italiana – todos interessados em investir no projeto de reconstrução de Atlantic City e, especialmente, na instalação de redes de cassinos nesta localidade.

O lado interessante de “Trapaça” é ver o quão atrapalhados são os planos de Richie DiMaso, que parece agir em prol dos seus próprios interesses, em busca da notoriedade e do respeito que o sucesso de uma operação como essa pode lhe trazer, colocando o próprio FBI em algumas situações que fogem daquilo que é considerado ético e correto. Ao mesmo tempo, também é interessante acompanhar a jornada particular vivida por Irving no decorrer do filme, principalmente as transformações pelas quais ele passa e que se refletem diretamente em seus relacionamentos pessoais – incluindo o com a esposa Rosalyn (Jennifer Lawrence, mal escalada e em atuação indicada ao Oscar 2014 de Melhor Atriz Coadjuvante) -, bem como na amizade que ele desenvolve com Carmine e sua família.

Quando do lançamento de “Trapaça”, a crítica norte-americana foi logo apontando o filme dirigido e co-escrito por David O. Russell como uma espécie de “Scorsese genérico”. Entretanto, por mais que o filme tenha alguns temas que lembrem alguns assuntos recorrentes na filmografia do diretor ítalo-americano, a verdade é que “Trapaça” me parece ter muito mais influência de um Quentin Tarantino do que de um Martin Scorsese, especialmente na sua aura vintage, na trilha sonora repleta de clássicos da música norte-americana dos anos 70 e na vontade de ser cool a cada novo frame.

Indicado a 10 Oscars 2014, “Trapaça” é um filme que tem um roteiro que parece uma teia, em meio a tantas situações e conexões novas e a tanta verborragia por parte dos personagens. A obra muito comunica, muito tenta passar, tem muito assunto para contar e muitos personagens cheios de conflitos e isso acaba fazendo com que o longa seja cansativo, em muitos momentos. Se “Trapaça” se sustenta com certa qualidade é por causa do excelente trabalho de reconstituição de época presente no filme e em decorrência do seu excelente elenco – não à toa, os quatro atores principais estão indicados à premiação mais importante do cinema.

Indicações ao Oscar 2014
Melhor Filme
Melhor Ator – Christian Bale
Melhor Atriz – Amy Adams
Melhor Ator Coadjuvante – Bradley Cooper
Melhor Atriz Coadjuvante – Jennifer Lawrence
Melhor Figurino – Michael Wilkinson
Melhor Diretor – David O. Russell
Melhor Edição – Jay Cassidy, Crispin Struthers e Alan Baumgarten
Melhor Direção de Arte – Judy Becker e Heather Loeffler
Melhor Roteiro Original – Eric Warren Singer e David O. Russell



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Comentários


Ah… não sei. Discordo um pouco de vc aqui. Para mim é um belo filme. Não vi personagens tão fortes nesse ano. É uma história de sobrevivência muito forte e, tb, um tributo a Scorsese e aos anos anos 70 (em que tivemos grandes filmes com esse mote). Enfim, concordo que o elenco sobeja e eleva o filme, mas vejo muitas outras qualidades na obra.
bjs

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Concordo com algumas coisas e outras não.Realmente o elenco está ótimo mas Bradley Cooper não tem atuação tão superior a Daniel Bruhl “Rush” ou Jake Gyllenhaal “Os Suspeitos”,a trilha é uma delicia e lembra sim o cinema de Martin Scorsese.Referência é diferente de cópia,o cinema de Nanni Moretti lembra o de Woody Allen mas tem estilo e alma própria,Fernando Meirelles seguiu a estrutura do Scorsese de “Os Bons Companheiros” mas deu uma nova visão de uma “Máfia Brasileira”,aqui nada tem identidade,parece uma cópia de “Cassino”.Amy Adams e Jennifer Lawrence estão ótimas,mas “American Hustle” é um filme que me parece superestimado.Vou tentar rever e observar o filme com mais calma.

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Até hoje eu não sei o que viram no David O. Russel, que considero um diretor altamente superestimado. Nem mesmo os elencos de seus filmes costumam me convencer por completo. Não tenho muito interesse em conferir essa obra em particular, mas o farei mesmo assim porque tenho uma certa admiração pelos atores envolvidos.

Abraços!

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Reinaldo, sim, é uma história forte de sobrevivência. Eu diria que é uma história de reparação também, de aprendizado, de redenção, mas não me encantei tanto assim.

Paulo, concordo sobre o Bradley Cooper. Prefiro Daniel Bruhl e Jake Gyllenhaal. Concordo que David O. Russell toma o estilo de alguns diretores aqui como referência, mas eu enxergo mais, na minha limitação, referências a Quentin Tarantino do que a Scorsese. Concordo que “Trapaça” é superestimado.

Clóvis, não acho que O. Russell seja superestimado. Acredito que ele está vivendo uma excelente fase em sua carreira, com filmes bem instigantes. Se falarmos sobre suas últimas três obras, pra mim, “Trapaça” é a mais fraca de todas.

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Eu tendo a concordar mais com Paulo Ricardo e acho que até que o próprio David O. Russel faz uma “mea culpa” disso, quando o personagem de Christian Bale fala da questão da cópia da obra de arte. “Até que ponto o copiador superou o artista?” (está até no início do trailer) Mas, os atores estão bem mesmo e a reconstituição de época está incrível.

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Dos 9 indicados ao Oscar de Melhor Filme, eu ainda não vi Ela, mas Trapaça para mim é o mais fraco de todos.
Um história confusa, chata e demorada. Durante o filme todo eu fiquei me perguntando o que foi que a academia viu nesse filme para ele ter tanta indicação assim, pois tirando a atuação de Jennifer Lawrence (na minha opinião uma das favoritas na categoria dela, junto com a atriz de Nebraska) e de Amy Adams (prefiro Cate Blanchet), o filme é o pior de David O. Russell.
Prefiro muito mais Rush ou A caça (indicado para melhor filme internacional), do que Trapaça.

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