(“Hotel Ruanda” [2004] – diretor: Terry George)

A história de Paul Rusesabagina se assemelha bastante à de outro herói anônimo: o alemão Oskar Schindler, cuja vida foi retratada no belíssimo filme de Steven Spielberg, “A Lista de Schindler”. Tanto Rusesabagina quanto Schindler foram obrigados a bajular aqueles a quem mais detestavam para poderem garantir segurança para si mesmos e conseguirem realizar o que gostariam de fazer de maneira bem-sucedida.

No entanto, não cabem comparações entre “Hotel Ruanda” e “A Lista de Schindler”. Enquanto este é uma peça emotiva, que mostrou algo de bom que aconteceu aos judeus durante o horror que foi o Holocausto; aquele é um filme que tem o puro objetivo de mostrar às pessoas o quanto nós desconhecemos sobre tudo o que acontece na África. Tem uma cena de “Hotel Ruanda” que reflete muito bem isso e mostra Paul Rusesabagina agradecendo a personagem de Joaquin Phoenix por ter mostrado ao mundo o que realmente estava acontecendo em Kigali e perguntando o que ele acha que irá ocorrer a partir de agora. A personagem de Phoenix responde com uma frase inesquecível: “as pessoas irão ficar indignadas e, depois, continuarão a jantar”. Essa é uma triste realidade e provavelmente é isso o que irá acontecer com aqueles que assistirem à “Hotel Ruanda”: uma indignação no primeiro momento e que depois passa a tempo de nós voltarmos para as nossas atividades diárias.