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Para Sempre Alice

publicado em:10/03/15 1:22 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Existem notícias que tiram o nosso chão. Para Alice Howland, isso acontece quando ela, num consultório médico, recebe o devastador diagnóstico de que possui uma forma rara de Mal de Alzheimer, devido à sua idade. A descoberta da doença não só afeta Alice em si, como também à sua família, pois, como ela possui uma forma rara da enfermidade, isso advém de uma mutação genética que, provavelmente, afetará seus filhos (interpretados por Kate Bosworth, Hunter Parrish e Kristen Stewart).

“Para Sempre Alice”, filme dirigido e escrito pela dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland, acaba sendo inédito em obras com temática parecida com essa. Ao contrário do visto em “Longe Dela”, filme de Sarah Polley, por exemplo, não temos a visão da doença pelo ponto de vista de quem fica: o cuidador. Ou seja, a história do longa é contada por Alice e acompanhamos a visão dela sobre como é ir perdendo, cada vez mais, a sanidade, as suas lembranças e a sua identidade, na medida em que ela vai se transformando em uma estranha para si mesma – e para a sua família, o que redefine todo o relacionamento que ela possui com eles.

Deve ser horrível ter que passar (ou ver alguém que amamos muito vivenciar isso) por uma situação desse tipo. E, para Alice, o diagnóstico é pungente. Uma professora renomada de linguística, dona de uma mente criativa e bastante ativa, mãe participativa na vida dos seus filhos, mulher independente e fascinada pela oportunidade de se comunicar com os outros. Para ela, a sensação e a certeza de que o caráter degenerativo de sua doença vai fazer com que ela perca as coisas que, provavelmente, ela mais valoriza, é algo muito doloroso.

Talvez, por isso mesmo, o elemento que acaba mais se sobressaindo num filme simples como “Para Sempre Alice” (que foi filmado em 23 dias e foi originalmente concebido como um telefilme) é a atuação de Julianne Moore, que, após cinco indicações, finalmente conseguiu a sua tão cobiçada estatueta do Oscar de Melhor Atriz por esse filme. A atuação dela, além de forte, é repleta de compaixão e de humildade diante de uma situação que causa uma impotência tão grande na gente. O discurso dela na conferência de pacientes com Mal de Alzheimer justifica todos os prêmios conquistados por ela nesta temporada.

Indicação ao Oscar 2015
Melhor Atriz – Julianne Moore – VENCEDORA!!!



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Jornalista e Publicitária


Comentários


Eventualmente lembro de “Para Sempre Alice” com carinho e emoção, mas aí paro para pensar um pouco e percebo que isso é consequência apenas de mais um ótimo desempenho de Julianne Moore, uma das atrizes mais sensíveis e humanas que temos. Tenho problemas com o filme, que está longe de alcançar aquela beleza de “Longe Dela”, por exemplo. Se não tivesse sido lançado na temporada de premiações e em uma disputa de melhor atriz que sequer tinha qualquer interpretação que pudesse despontar algum favoritismo sem a presença de Julianne Moore, “Para Sempre Alice” sequer teria sido lembrado por prêmios ou até mesmo por público. Pena, queria ver a consagração da queridíssima Moore com um trabalho inventivo e poderoso. Nesse filme, é óbvio que ela daria conta do recado!

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Matheus, o filme também me trouxe carinho e emoção em vários momentos, mas isso se decorreu à atuação de Julianne Moore. O filme, em si, é muito simples e não chama a atenção por causa de outros detalhes. Não assisti ainda a todas as indicadas ao Oscar de Melhor Atriz, mas, pra mim, estava muito claro que o prêmio de Moore foi pelo conjunto da sua obra. Ela merecia esse Oscar há muito tempo.

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Esse filme é tão convencional,mas com mais uma excelente atuação de Julianne Moore.Uma grande atriz que merecidamente ganhou o Oscar(todos nós cinéfilos ou blogueiros torcíamos por essa vitória).Em comparação com o canadense “Longe Dela” esse filme tem uma abordagem diferente(como você mesmo disse no seu texto) mas “Para Sempre Alice” poderia ser bem melhor.Dentre os filmes que abordam o alzheimer eu ainda prefiro “Longe Dela” e “Amor” de Michael Haneke.Mas “Para Sempre Alice” tem o mesmo peso que “Perfume de Mulher” teve para Al Pacino:o filme que deu o Oscar para uma das melhores interpretes americana.

Top 5 Julianne Moore:

1-“Longe do Paraíso,2002 Todd Haynes”-Uma mulher traída pelo marido,começa um relação com o jardineiro negro e acena com um novo recomeço em sua vida amorosa.Só temos um problema:estamos em Connecticut em plena década de 50.O visual desse filme é explêndido e Dennis Quaid tem a melhor atuação da carreira como um homem que não aceita a homosexualidade.

2-“As Horas,2002 Stephen Daldry”-Laura Brown tem marido,filho e uma vida confortável.Lê “Sra. Dalloway” de Virginia Woolf e desconhece sua homosexualidade até um inesperado beijo na vizinha(cena belissima com a também ótima Toni Collete).As atitudes de Brown respinga no futuro no filho(na fase adulta interpretado por Ed Harris).Meryl Streep e Nicole Kidman completam o elenco desse mosaico de Stephen Daldry.

3-“Fim de Caso,1999 Neil Jordan”-Mais um show de Julianne nesse belo filme de Neil Jordan(que anda sumido do cinema).Uma atuação corajosa com cenas de sexo com Ralph Fiennes.Do top 5 é o único que eu assisti apenas uma vez.

4-“Magnólia,1999 Paul Thomas Anderson”-Julianne Moore percebe estar apaixonada pelo marido no leito de morte.O que era um “golpe do baú” se transforma em amor,afinal o velho está prestes a morrer e ela aos poucos percebe a importância dele em sua vida.A cena que Tom Cruise “vomita” sua mágoas na cara do pai ausente me fez chorar que nem criança,PTA apronta cada uma comigo…

5-“Boogie Nights,1997 Paul Thomas Anderson”-Julianne Moore é a atriz pornô que estrela um filme com Mark Wahlberg.Esse filmaço de Paul Thomas
Anderson retrata a fama e queda de uma trupe de astros de filmes adultos.Essa “gema” que retrata a chegada do vhs(que ajudou a afundar a indústria pornográfica.Afinal nos anos 80 ninguém mais ia ao cinema ver filme pornô) e um elenco com Philip Seymour Hoffman,um renascido Burt Reynolds,William H.Macy e Julianne Moore que recebeu sua primeira indicação ao Oscar por esse filme.Deu uma vontade de rever…

Tem “Ensaio Sobre a Cegueira” com Fernando Meirelles,a lésbica de “Minhas Mães e Meu Pai”,a alcoólatra amiga de Colin Firth em “Direito de Amar”,”Short Cuts” do mestre Robert Altman e a esposa desconfiada do marido em “O Preço da Traição” de Atom Egoyan(o filme não é tão bom,mas ela está muito bem).Um curriculo desses é pra poucas.

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Paulo, sim, “Para Sempre Alice” poderia ser um filme melhor, mas ele acaba se sobressaindo por causa da atuação de Julianne Moore. Nessa mesma temática, eu ainda prefiro “Longe Dela” e “Amor”.

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