Divertida Mente
A essência da animação “Divertida Mente”, dirigida e co-escrita por Pete Docter, encontra-se no retrato da formação da personalidade humana, quando nós ainda somos crianças, tendo como ênfase o desenvolvimento das nossas emoções. A personagem principal do longa, a garotinha Riley (dublada por Kaitlyn Dias na versão original), nos é apresentada num momento particularmente difícil na vida de uma criança: quando ela é afastada de tudo aquilo que ela conhece (seus amigos, escola, atividades de lazer) no momento em que os seus pais (dublado por Kyle MacLachlan e Diane Lane na versão original) decidem recomeçar a vida em San Francisco.
Um ponto interessante em “Divertida Mente” é que a história nos é contada do ponto de vista das cinco emoções existentes dentro de Riley: Alegria (dublada por Amy Poehler na versão original), Medo (dublado por Bill Hader na versão original), Raiva (dublado por Lewis Black na versão original), Nojinho (dublada por Mindy Kaling na versão original) e Tristeza (dublada por Phyllis Smith na versão original). Se as emoções nos guiam quando estamos sendo confrontados com os diversos desafios do nosso dia a dia, acompanhar a jornada de Riley (por meio do descontrole que é apresentado pelos sentimentos que estão dentro dela mesma) a partir do momento em que ela vai se desconectando aos poucos de tudo aquilo que ela conhecia, é algo extremamente fascinante.
Em muitas maneiras, “Divertida Mente” dialoga diretamente com “Toy Story 3”, outra obra do universo da Pixar Animation Studios. Ambos os filmes falam sobre a necessidade de se deixar algo pra trás para recomeçar, ao mesmo tempo em que nos relembram que somos o produto direto de tudo aquilo que vivenciamos ao longo de nossa existência (os diversos pontos de desenvolvimento das habilidades e dos campos de relacionamento de Riley estão aí para provar isso). Para um filme dirigido ao público infantil, “Divertida Mente” é ainda mais profundo, na medida em que percebemos ali conflitos vividos por nós mesmos, principalmente em relação à turbulência que é crescer.
O resultado é um filme que dialoga com públicos de todas as idades, por meio de uma história que, apesar de ser extremamente didática, nunca adota um tom condescendente em relação à sua plateia. “Divertida Mente” é o primeiro longa de animação em muitos anos – quiçá de qualquer gênero – que chama a atenção pela sua originalidade e por pegar os espectadores em cheio justamente no ponto em que ele mais prega: a emoção!
Divertida Mente (Inside Out, 2015)
Direção: Pete Docter (com a co-direção de Ronaldo del Carmen)
Roteiro: Meg LeFauve, Josh Cooley e Pete Docter (com base na história de Pete Docter e Ronaldo Del Carmen, bem como com os diálogos adicionais de Amy Poehler e Bill Hader)
Com as Vozes de: Amy Poehler, Phyllis Smith, Richard Kind, Bill Hader, Lewis Black, Mindy Kaling, Kaitlyn Dias, Diane Lane, Kyle MacLachlan, Paula Poundstone
Muito bom esse filme.
Fabio, sim! Um ótimo filme!
Um dos melhores filmes de 2015 e o retorno da pixar a produções originais.”Divertida Mente” tem potencial para futuras indicações a prêmios,entre elas roteiro original.
Paulo, concordo contigo! Acho que “Divertida Mente” tem tudo para aparecer nas categorias principais do Oscar.
É isso, nos pega pela emoção. A trajetória de crescimento dela traduzido nas emoções é linda.
Bela análise do filme! E o Oscar de animação já é de “Divertida Mente”. Num mundo justo seria indicado ainda na categoria de Melhor Filme.
Bjs!
Amanda, exatamente! Achei essa forma de narrar muito interessante.
Otavio, concordo que o filme deve levar o Oscar 2016 de Melhor Animação. E merece, sim, indicações nas categorias gerais.
[…] Richard Linklater) 03. Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, 2014, dir. Damien Chazelle) 04. Divertida Mente (Inside Out, 2015, dir. Pete Docter) 05. Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância) [Birdman (or The Unexpected Virtue of […]