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Animais Noturnos

publicado em:21/02/17 1:08 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Nada na vida acontece por acaso. Quando Susan Morrow (Amy Adams) chega em casa, após um longo dia de trabalho, e vê que recebeu um manuscrito do livro de autoria de seu ex-marido Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal), acompanhado de um bilhete do mesmo, ela tem a certeza de que não foi uma mera coincidência. Acontece que Susan está passando por um momento delicado na vida pessoal e ter o passado batendo em sua porta pode ser um sinal.

Animais Noturnos, filme dirigido e escrito pelo estilista Tom Ford, parte de uma premissa um tanto interessante. Enquanto acompanhamos Susan lendo o livro escrito pelo ex-marido, entramos de cabeça no mundo dessa personagem, nos seus medos, nos seus anseios, nas suas incongruências e, principalmente, na autoanálise que ela faz acerca dos acontecimentos que marcaram a sua vida, como o encontro com Edward, o fracasso do relacionamento deles e a escolha por seguir adiante com o atual marido Hutton Morrow (Armie Hammer).

O interessante é perceber que o processo de autoanálise também parece ser uma via de mão dupla para Edward Sheffield – uma personagem que só aparece para a gente nos flashbacks imaginados por Susan. O ato de escrever o livro parece também ter sido uma maneira escolhida por ele para expurgar todo o ressentimento, mágoa e dor que ficou nele com tudo que levou ao fim do seu relacionamento com Susan.

Animais Noturnos é um filme tenso e, de uma certa maneira, misterioso. Existem momentos em que achamos que a linha narrativa que nos mostra o desenrolar do livro de Edward é muito mais interessante do que a que nos mostra Susan Morrow; mas, a partir do momento em que vamos conhecendo a personagem e compreendendo a maneira como todas aquelas linhas narrativas são ligadas umas a outras, vemos que estamos diante de um filme diferente e instigante. O final, totalmente aberto às interpretações, só nos deixa com uma única certeza: a de que o que aqui se faz, aqui se paga.

Animais Noturnos (Nocturnal Animals, 2016)
Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford (com base no livro escrito por Austin Wright)
Elenco: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Isla Fisher, Armie Hammer, Laura Linney, Andrea Riseborough, Michael Sheen

Indicação ao Oscar 2017
Melhor Ator Coadjuvante – Michael Shannon



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Jornalista e Publicitária


Comentários


Revi esse filme ontem e ele só melhorou.A atuação de Amy Adams merecia uma menção da AMPAS e o elenco está ótimas(em especial Michael Shannon que merecia levar o Oscar de coadjuvante).E concordo contigo em relação ao final:Susan pagou por tudo que fez a Edward.No fundo a relação dos dois era mais prejudicial pra ele(não tinha uma condição financeira estável,era discriminado pela mãe dela(laura Linney) e nunca foi incentivado pela companheira a seguir a carreira de escritor.Eu sinto que a sequencia envolvendo a morte da mãe e filha no livro(imaginado por Susan) é um comentário sobre a forma que Susan se comportou quando abortou um filho de Edward.Ela sempre o tratou como um ser menor e não esperava que ele fosse dar a volta por cima.Como vc mesmo disse:o que aqui se faz, aqui se paga.

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Paulo, acho que ter duas ótimas atuações num mesmo ano prejudicou Amy Adams. Acredito que ela dividiu os votos entre a atuação em “A Chegada” e em “Animais Noturnos” e, por isso, foi preterida de uma indicação ao Oscar. Eu acho que ela deveria ter focado seus esforços em “A Chegada”, que, pra mim, é um melhor filme se comparado a esse de Tom Ford. Concordo com seus comentários sobre o longa.

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