Resenha Crítica: “Beleza Oculta”
O cinema norte-americano está cheio de histórias de personagens que não conseguem retomar a vida após vivenciarem grandes tragédias. Beleza Oculta, filme dirigido por David Frankel, segue esta linha. O roteiro escrito por Allan Loeb está centrado em Howard (Will Smith, numa ótima atuação), um publicitário de sucesso que, após a morte da filha de seis anos, entra numa depressão profunda e não consegue colocar a sua vida de volta aos trilhos.
Cansados de tentarem ajudar Howard e preocupados com o futuro da agência de publicidade a qual todos dedicaram boa parte de suas vidas, os amigos de Howard (interpretados por Edward Norton, Kate Winslet e Michael Peña) decidem provar que o publicitário está instável emocionalmente e não pode mais responder pelos seus atos. A intenção deles, ao comprovar isso, é anular os poderes de sócio majoritário de Howard e poder vender a agência a um grande grupo de comunicação.
Desta maneira, eles se utilizam das cartas que Howard encaminhou para a Morte, o Tempo e o Amor e contratam três atores (Helen Mirren, Jacob Latimore e Keira Knightley) que vão personificar estas “entidades” e interagir com Howard sobre as mágoas que ele carrega em decorrência da morte da filha. Não vou dizer aqui se os amigos serão bem-sucedidos em seus planos, mas o resultado das conversas entre Howard e as três “entidades”, de uma certa maneira, produzem um efeito contrário e fazem com que o publicitário repense a maneira como paralisou a sua vida por completo.
Ou seja, o que Beleza Oculta nos mostra é que, muitas vezes, de um grande mal (pois o ato cometido pelos amigos de Howard é totalmente questionável), pode nascer um bem inestimável. O que acontece com Howard após ele entrar em contato com a Morte, o Tempo e o Amor e jogar tudo aquilo que ele tinha guardado dentro de si para fora é bonito de se testemunhar. É como se estivéssemos assistindo a uma corrente do bem ao contrário, na medida em que, não só Howard, como os seus amigos e os atores que eles contratam repensam muitas coisas sobre si próprios no decorrer do filme. Mesmo assim, por mais que Beleza Oculta tenha nuances surpreendentes, trata-se de um longa que não consegue se destacar dentro do segmento que ele pretende atingir.
Beleza Oculta (Collateral Beauty, 2016)
Direção: David Frankel
Roteiro: Allan Loeb
Elenco: Will Smith, Edward Norton, Kate Winslet, Michael Peña, Helen Mirren, Naomie Harris, Keira Knightley, Jacob Latimore
O filme tem até uma boa intenção, mas não consegue mesmo emplacar a ideia. Pena.
Amanda, exatamente!
Achei muito interessante o filme , serve de parâmetro na cinema terapia, penso que se não emplacou no sucesso mundial, ao menos deve ajudar pessoas presas na cadeia da emoção, a terem um (ensaith-cick) para sair da depressão para o palco principal no cenário da vida.
Ernesto, perfeito! Concordo contigo!