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Vice | Resenha Crítica

publicado em:8/02/19 11:16 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Normalmente, a figura do Vice-Presidente de um país desempenha um papel bastante simbólico. São raros os casos em que o vice possui um destaque maior. Foi isso que aconteceu com Dick Cheney, 46º Vice-Presidente da história dos Estados Unidos. Segundo homem na linha de sucessão do país, atrás somente do Presidente George W. Bush, Cheney conseguiu exercer um poder que seria inimaginável em outras épocas.

É justamente a história de Dick Cheney que nos é retratada durante Vice, filme dirigido e escrito por Adam McKay. O roteiro acompanha Cheney (Christian Bale, mais uma vez se transformando fisicamente para um papel) desde a sua juventude, quando poucos apostavam que aquele bêbado e desistente da faculdade de Yale chegaria aonde chegou. Aliás, se Cheney conseguiu alcançar o auge, foi porque ele teve uma pessoa que acreditou nele desde o início: sua esposa Lynne (Amy Adams), que esteve ao seu lado nos piores e nos melhores momentos.

A trajetória de Cheney em Washington começou quando ele participou de um programa de estagiários do Capitólio. Lá, ele conheceu Donald Rumsfeld (Steve Carell), que seria Chefe de Gabinete e Secretário de Estado em governos do Partido Republicano. Foi Rumsfeld que abriu as portas da Casa Branca para Cheney, onde ele começou como assessor, chegando, posteriormente, ao posto de Chefe de Gabinete da Presidência e Secretário de Defesa dos Estados Unidos – antes, claro, da eleição para Vice-Presidente do país.

Uma coisa que Vice nos mostra é que Dick Cheney soube aproveitar as oportunidades que surgiram em sua frente para crescer no mundo político. Ao mesmo tempo, ele também tinha muita consciência sobre seus limites, principalmente por causa do escrutínio que os candidatos a cargos altos nos Estados Unidos sofrem. Apesar disso, ele soube também como colocar George W. Bush (Sam Rockwell) nas suas mãos e, quando os dois foram eleitos, Cheney assumiu para si a tarefa de liderar a política externa americana, arquitetando a Guerra contra o Iraque e contra o Afeganistão pós 11 de setembro.

Dick Cheney é uma figura controversa na história política recente norte-americana. Adam McKay decidiu contar seu relato por meio de um tom bastante irônico e de uma montagem um tanto arrojada. Entretanto, seu maior acerto foi na escolha de Christian Bale para interpretar uma personagem acima de qualquer suspeita e de qualquer simpatia. O trabalho de Bale, além de magnífico, foi bastante digno e honesto, sem tentativas de humanização de uma figura que seria capaz até de sacrificar quem ele mais amava em prol do poder.

Vice (Vice, 2018)
Direção: Adam McKay
Roteiro: Adam McKay
Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill, Eddie Marsan, Justin Kirk, LisaGay Hamilton, Jesse Plemons, Tyler Perry

Indicações ao Oscar 2019
Melhor Cabelo e Maquiagem
Melhor Atriz Coadjuvante – Amy Adams
Melhor Ator Coadjuvante – Sam Rockwell
Melhor Ator – Christian Bale
Melhor Filme
Melhor Direção – Adam McKay
Melhor Roteiro Original – Adam McKay
Melhor Edição – Hank Corwin

Avaliação/Nota

Nota
9.0

Média Geral



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Jornalista e Publicitária


Comentários


Gostei de “Vice”, mas acho que precisava se levar menos a sério o tempo todo. Em alguns momentos, fica sério demais. Mas penso que o filme decola mesmo quando dá uma de louco. No diálogo shakespereano, nos créditos finais na metade, na quebra da quarta parede…Soube até que havia uma cena musical, que foi cortada da edição final. Enfim, por isso, acho Christian Bale (e todo o elenco) à frente do filme.

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Otávio, eu tive a impressão contrária: a de que o filme não se leva a sério. O elenco é o grande destaque mesmo. Fiquei curiosa com essa cena musical.

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Kamila, acho que teria gostado mais de “Vice” se não existisse “A Grande Aposta” antes. O que me pareceu foi que o Adam McKay pegou tudo aquilo que deu certo no filme anterior e resolveu replicar nesse. “Vice” é divertido e tem seus momentos, mas fiquei o tempo inteiro com a sensação de que já vi isso antes… Sobre o elenco, ele é mesmo excelente! Fiquei surpreso inclusive com a Amy Adams, que pensei que seria resumida ao papel mínimo da esposa-troféu.

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Matheus, concordo com você. “Vice” repete a mesma linguagem ágil e diferente de “A Grande Aposta”. Lynne Cheney teve um importante papel na trajetória do marido. Gostei muito de ver o retrato dela no filme e, consequentemente, a atuação de Amy Adams.

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