O título original Hell or High Water, do filme dirigido por David Mackenzie, faz referência a uma expressão coloquial do inglês que significa “custe o que custar”. No caso do roteiro escrito por Taylor Sheridan, os irmãos Tanner (Ben Foster) e Toby Howard (Chris Pine) levarão essa expressão ao pé da letra.

Quando os encontramos, no primeiro ato de A Qualquer Custo, Tanner e Toby estão prestes a colocar seu plano em prática: o de assaltar agências bancárias de pequenas cidades do estado do Texas, de forma a angariar dinheiro para pagar as dívidas ocasionadas por um empréstimo bancário feito pela mãe deles, recém-falecida.

De uma certa maneira, ao assistirmos A Qualquer Custo, estamos diante de uma tentativa de atualização de um faroeste, em que temos o clássico jogo de perseguição entre os bandidos e os policiais (aqui representados por Jeff Bridges, em atuação indicada ao Oscar 2017 de Melhor Ator Coadjuvante, e por Gil Birmingham). Entretanto, o ponto mais interessante do filme é que não enxergaremos os irmãos Howard como bandidos. Eles, na realidade, são vítimas de um sistema bancário feito para engolir as pessoas que, deliberadamente (ou por falta de uma maior orientação), aceitam as cordas que são jogadas para que elas mesmas se enforquem nelas…

Essa dualidade é somente um dos elementos que fazem deste um filme imperdível. Além da construção sólida do roteiro e das atuações excelentes, A Qualquer Custo tem um clima tenso do início ao fim, fazendo com que a gente sinta empatia pelos personagens, na medida em que torcemos para que dê tudo certo pra eles. Não à toa, este foi um longa indicado a 4 Oscars 2017 – todas nas categorias principais (Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição).