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Bacurau | Resenha Crítica

publicado em:3/09/19 12:24 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Bacurau, filme dirigido e escrito por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, se passa daqui a alguns anos, numa pequena cidade (que dá título ao longa) do sertão pernambucano. Nesse local pacato, habitam diversas pessoas, cada um com seu jeito, porém o que está claro é o senso comum de coletividade, de ética e de união que existe entre eles. Prestar atenção nesse detalhe é muito importante, principalmente para compreendermos o que acontece no ato final do filme.

Assim como as cidades que ficam situadas nos rincões do sertão no Brasil, Bacurau é uma localidade isolada e esquecida pelos políticos (que só lembram de ir lá quando estão precisando de votos). O interessante é que a população bacurauense não é provida de inocência e de ingenuidade e sabe reagir a esse tipo de exploração e à falta de atenção ao município – uma das cenas da obra (a que retrata a visita do atual prefeito para entregar uma doação de livros e de outros itens) mostra isso de forma sensacional.

O filme captura um momento em especial da rotina de Bacurau: quando a aparente tranquilidade da cidade está sob ameaça. Após vários acontecimentos estranhos, todos eles envoltos de uma grande violência, a cidade oprimida pela intimidação de um grupo estrangeiro que chega no local com o objetivo de promover um verdadeiro safari humano (em que cada vida tirada vale um ponto) se reúne em um grande levante popular, para mostrar que, com um povo mexido e unido, não se brinca.

Essa metáfora é muito interessante, ainda mais nos dias atuais, e faz de Bacurau um filme difícil de definir. O trabalho de Kleber Mendonça Filho e de Juliano Dornelles é repleto de sutilidade e de referências (principalmente políticas), mas ganha uma força sobrenatural em seu ato final, quando tudo se converge para o entendimento da mensagem do longa. Mesmo assim, fica a sensação de que Bacurau é um filme para poucos. E, nem sempre, isso é bom! O cinema deve dialogar com todos.

Bacurau (2019)
Direção: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Roteiro: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Elenco: Udo Kier, Sônia Braga, Karine Teles, Barbara Colen, Thomas Aquino, Silvero Pereira, Lia de Itamaracá

Avaliação/Nota

Nota
7.5

Média Geral



Post Tags

Jornalista e Publicitária


Comentários


Adoro “O Som ao redor” e “Aquarius”, e aguardo com expectativa por esse novo filme de Kléber Mendonça Filho.Estou na torcida que ele chegue a minha cidade e vou ler sua crítica só depois de conferir o filme.

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Paulo, infelizmente não assisti “O Som ao Redor”, mas imagino que mantenha o nível dos demais filmes do Kleber.

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