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Os Penetras

publicado em:15/12/12 1:20 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Para ser um bom penetra, a pessoa tem que ter uma verdadeira cara de pau. Porém, mais do que isso, um bom penetra é alguém que possui uma personalidade extrovertida e que cative as pessoas, pois a verdade é que um penetra nunca passa despercebido nos ambientes em que adentra – e, ao dizer isso, não estamos nos referindo ao fato de que sua presença, nos eventos aos quais comparece, é “indesejada”. Portanto, provavelmente, o ponto chave de “Os Penetras”, filme dirigido por Andrucha Waddington, era escalar dois atores que possuíssem essas características principais. Nesse sentido, Waddington foi muito feliz na escolha da dupla de comediantes formada por Marcelo Adnet (que ganhou fama com programas estrelados na MTV Brasil) e Eduardo Sterblitch (conhecido por interpretar diversos personagens no “Pânico”, um dos programas de maior sucesso na televisão brasileira).

Ambos os atores, além de possuírem uma verdadeira cara de pau, têm um jeito meio inconveniente de ser e que faz com que a gente creia que eles devem ser muito parecidos com as personagens que interpretam em “Os Penetras”. Adnet fica com Marco Polo, um cara que desempenha várias funções profissionais, mas que, na verdade, é um vigarista, um golpista que aguarda a oportunidade perfeita para, provavelmente, se dar bem (ou seja, obter fama e riqueza). Sterblitch, por sua vez, dá vida à Beto, um cara atrapalhado, meio ingênuo, que veio do interior para o Rio de Janeiro em busca de reconquistar o seu grande amor. Ao conhecer Beto, Marco enxerga a oportunidade perfeita para dar um golpe em cima da vulnerabilidade emocional da personagem interpretada por Eduardo Sterblitch.

Um dos elementos interessantes, diga-se de passagem, do roteiro escrito por Nina Crintz, Rafael Dragaud, Marcelo Vindicato e Andrucha Waddington, é que ele trabalha com elementos bastante ambíguos. Preste atenção em Marco Polo, por exemplo, já que uma personagem afeiçoada a dar golpes nunca pode ser confiável. Entretanto, o mais curioso é poder acompanhar o relacionamento que ele desenvolve não só com Beto, que acaba adquirindo uma certa “malícia” com o convívio com Marco, como também o laço que surge entre a personagem interpretada por Marcelo Adnet e Laura (Mariana Ximenes), o suposto grande amor da vida de Beto, uma vez que ambos são muito parecidos em termos de personalidade e de ambições.

Desta maneira, Andrucha Waddington acerta demais ao focar seu filme justamente na figura de Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, que representam muito bem um estilo de humor novo e que tem feito muito sucesso com o público no geral. Os dois atores carregam “Os Penetras” nas costas, com improvisações, um timing cômico excelente e ao captarem de forma perfeita o jeito que Marco Polo e Beto deveriam possuir. Mariana Ximenes também é um grande destaque interpretando uma personagem ácida e de presença magnética que, curiosamente, dá a impressão de ter muito a ver com o que a atriz é de verdade. Entretanto, o diretor poderia ter trabalhado melhor o seu roteiro, já que “Os Penetras” acaba se revelando uma coleção de clichês que se passa em um momento pra lá de batido: os três dias que antecedem a chegada do ano novo no Rio de Janeiro, uma das cidades brasileiras mais movimentadas neste período.



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Comentários


Ainda não tive oportunidade de ver esse filme. Sua crítica foi a que menos execrou o filme. Até um certo alento para dar uma olhada nele. Acho curioso o Andrucha se meter numa obra assim. Só vendo mesmo. Abraço.

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Celo, também achei curioso ser um filme dirigido pelo Andrucha Waddington, mas acho legal que ele se aventure em territórios diferentes assim. Assista, se puder, pra justamente tirar as suas próprias conclusões. Abraço!

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Achei uma parceria bastante diferente. Andrucha Waddington não é acostumado às comédias, acho que EU, TU, ELES foi o mais próximo de comédia que ele já dirigiu – e se comparamos este a OS PENETRAS, perceberemos que seu material é muito mais rico e original. O elenco está bem (não por acaso Sterblitch e Adnet são os melhores comediantes da TV brasileira), mas o roteiro não é tão bom.
Beijos!

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Herculano, pois é! Entendo o sentimento!

Weiner, também achei diferente, porque esse é o filme mais diferente do Andrucha. Acho legal que ele se aventure por novos territórios. Concordo em relação aos seus comentários sobre o elenco e o roteiro. Beijos!

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