>A Companhia (The Company, 2007)
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A minissérie “A Companhia”, do diretor Mikael Salomon, e cujas três partes foram ao ar neste mês pelo canal HBO, faz um retrato sobre o papel da CIA durante a Guerra Fria. Encontramos o mundo dividido em dois pólos opostos: um lado capitalista e outro socialista. Nesta época, toda a pauta de trabalho da CIA ou da KGB (o equivalente soviético do órgão norte-americano) envolvia a espionagem de cada país antagonista, a fim de descobrir os seus segredos. E, quando “A Companhia” começa, já estamos em uma situação de alto risco, afinal a CIA procura o nome do agente infiltrado em seus quadros pela KGB – é esta busca o ponto principal da minissérie e que deflagra a série de acertos e erros cometidos pela agência no decorrer do conflito entre norte-americanos e soviéticos.
O roteiro escrito por Ken Nolan, com base em um livro de Robert Littel, se passa em várias partes do mundo. Temos cenas em Berlim, Washington, Inglaterra, Budapeste, Áustria, Guatemala, Nova York, Miami, Havana e Moscou. No meio disso, três amigos que seguiram caminhos bastante opostos. Leo Kritzky (Alessandro Nivola) ficou em Washington no trabalho burocrático e de ligação direta com a Casa Branca e com o quartel-general da CIA na cidade. Jack McCauliffe (Chris O’Donnell) é um agente de campo, que trabalha como aprendiz de Harvey Torriti (Alfred Molina), o chefe da Divisão Soviética da CIA em Berlim. Yevgeny Tsipin (Rory Cochrane) é o jovem recrutado por Starik (Ulrich Thomsen), da KGB do governo de Josef Stalin, para ser um agente em solo norte-americano e contato principal com o infiltrado dos soviéticos na CIA – o que joga a favor de Yevgeny é o fato de ele ter estudado nos Estados Unidos e, portanto, sabe agir e pensar como um verdadeiro filho da terra do Tio Sam, passando completamente desapercebido aonde quer que vá. E, como veremos nas três partes de “A Companhia”, de uma maneira ou de outra, os desdobramentos das relações já problemáticas entre Estados Unidos e União Soviética está nas mãos – e nas ações – destes três rapazes que se conheceram na prestigiosa Universidade de Yale.
Por ter várias linhas de narração – e todas elas ricas à sua própria maneira –, seria muito fácil para o diretor Mikael Salomon se perder em meio a tantos acontecimentos. No entanto, ocorre justamente o contrário. A edição de Robert A. Ferretti e Scott Vickrey nos deixa completamente envolvidos no relato das relações entre Estados Unidos e União Soviética, bem como no jogo de poder e de intriga que é vivenciado diariamente pelos agentes de ambas as agências de espionagem. “A Companhia”, uma minissérie que contou com a produção executiva dos irmãos Ridley e Tony Scott e foi levada ao ar, nos EUA, pelo canal TNT, é uma obra de alto nível técnico, em que se destacam, além da edição de Ferretti e Vickrey e da direção de Salomon, as performances inspiradas de seu elenco (em especial as de Alfred Molina, Ulrich Thomsen, Alexandra Maria Lara, Rory Cochrane, Chris O’Donnell, Michael Keaton e Alessandro Nivola) e a belíssima trilha sonora composta por Jeff Beal. Se fosse um filme, “The Company” era uma produção digna de Oscar.
Cotação: 9,0
A Companhia (The Company, 2007)Direção: Mikael Salomon
Roteiro: Ken Nolan
Elenco: Chris O’Donnell, Alfred Molina, Michael Keaton, Ted Atherton, Alessandro Nivola, Rory Cochrane, Tom Hollander, Ulrich Thomsen, Erika Marozsán, Natasha McElhone, Raoul Bova, Alexandra Maria Lara, Martin Doyle