logo

>Jogos do Poder (Charlie Wilson’s War, 2007)

publicado em:1/04/08 6:24 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

>

Provavelmente, até a estréia do filme “Jogos do Poder”, do diretor Mike Nichols, você nunca ouviu falar a respeito de um congressista norte-americano chamado Charlie Wilson (Tom Hanks, numa das performances mais naturais de sua carreira). Representante do segundo distrito congressional do Estado do Texas, Charlie ficou por 24 anos na vida pública e, como o roteiro de Aaron Sorkin (criador de alguns dos melhores seriados dos últimos anos, como “Sports Night”, “The West Wing” e “Studio 60 on the Sunset Strip”) bem nos mostra, ele ficou mais conhecido por ser um dos mentores por trás da operação secreta da CIA que ajudou os guerrilheiros afegãos a combater os exércitos da União Soviética no país – como bem se sabe hoje, foi nessa guerrilha que nomes como o de Osama Bin Laden surgiram como lideranças políticas e religiosas naquela região.

“Jogos do Poder” nos mostra justamente como Charlie Wilson conseguiu liberar uma verba de 1 bilhão de dólares para a guerra no Afeganistão. O roteirista Aaron Sorkin enfoca as particularidades das personalidades de cada um dos envolvidos nessa operação. Charlie, apesar de congressista, tem uma imagem completamente oposta daquela que fazemos dos homens públicos. Ele adora uma farra movida a whisky e drogas e só emprega mulheres belíssimas em seu escritório (uma de suas mais sérias assistentes é interpretada por Amy Adams).

Aqueles que irão ajudá-lo a colocar seu plano em prática também possuem personalidades interessantes. A socialite texana Joanne Herring (Julia Roberts), além de ser cônsul emérita do Paquistão, é religiosa e tomou a causa dos afegãos como um objetivo de vida, ao qual doa, além de seu tempo, um pouco de seu dinheiro. Já o agente da CIA Gust Avrakatos (Philip Seymour Hoffman, numa performance que lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2008 de Melhor Ator Coadjuvante) tem o pavio curtíssimo e deseja uma oportunidade de mostrar ao chefe (o sempre eficiente John Slattery) o valor que ele acredita possuir.

É justamente no destaque das incongruências desses três personagens que se encontra um dos maiores trunfos de “Jogos do Poder”. O tempo todo, o roteirista Aaron Sorkin brinca com o destino dos afegãos ao mostrar nas mãos de quem a salvação deles está. No entanto, já perto do final, o roteirista mostra que não é assim. Por trás de tanta excentricidade, existem pessoas realmente preocupadas com o que irá acontecer especialmente após a vitória afegã. Ou seja, quem irá reconstruir o país, quem irá oferecer a estrutura que os afegãos precisam para poder recomeçarem a vida? (Alguma semelhança com os tempos atuais pós-invasão do Iraque é uma mera coincidência).

O diretor Mike Nichols reencontrou sua virtuose no começo dessa década, ao filmar obras feitas especialmente para a TV, como “Uma Lição de Vida” e a minissérie “Angels in America”. Com este “Jogos do Poder”, o diretor volta a um terreno que ele tentou abordar em “Segredos do Poder”: o da comédia política. Nesta segunda tentativa, Nichols se sai bem melhor. Ele entendeu bem seu personagem principal e, principalmente, a inteligência do roteiro de Aaron Sorkin. O resultado: um filme que é conciso, que não enrola e que passa sua mensagem de uma maneira satisfatória.

Cotação: 7,0

Jogos do Poder (Charlie Wilson’s War, EUA, 2007)
Diretor(es): Mike Nichols
Roteirista(s): Aaron Sorkin (com base no livro de George Crile)
Elenco: Tom Hanks, Amy Adams, Julia Roberts, Philip Seymour Hoffman, Terry Bozeman, Brian Markinson, Jud Tylor, Hilary Salvatore, Cyia Batten, Kirby Mitchell, Ed Regine, Daniel Eric Gold, Emily Blunt, Peter Gerety, Wynn Everett



Jornalista e Publicitária


Comentários



Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.