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Leonera

publicado em:30/01/09 12:01 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Quando vemos, pela primeira vez, Julia Zárate (Martina Gusman), a personagem principal do filme argentino “Leonera”, do diretor Pablo Trapero, ela está meio alheia à realidade na qual está inserida. Quando ela acorda para a situação, se vê presa pelo assassinato de seu ex-namorado (a apatia da personagem é reforçada pelo detalhe de que ela não se lembra de nenhuma minúcia sobre a noite do crime) e jogada em uma penitenciária feminina, mais precisamente numa ala destinada a mulheres que possuem filhos ou estão grávidas – o caso de Julia é o último.

 

Por um bom tempo, a personagem continuará distante do mundo em que vive. E é neste clima que se desenvolve o primeiro ato de “Leonera”, quando vemos Julia estabelecendo relacionamentos com as outras presas e procurando nestas – especialmente na figura de Marta (Laura García), com quem ela passará a ter um romance – aquilo que lhe foi negado enquanto ela estava em liberdade: amor, carinho, cumplicidade e proteção.

 

Tudo isto será elevado a mais alta potência após Julia dar a luz ao filho Tomás. A transformação da personagem, a partir daqui, passa a ser algo notável. De conformada, ela se torna alguém mais forte e decidida a lutar pelos seus direitos. Para fazer uma analogia com uma figura que nos é bastante conhecida, Julia se transforma numa verdadeira leoa em tudo aquilo que está relacionado ao seu filho Tomás – o problema é que ser mãe e presidiária, ao mesmo tempo, pode ser algo que não pode ser conciliável ou bem entendido, especialmente pelas pessoas que foram deixadas do lado de fora da prisão.

 

Filme selecionado para ser o representante da Argentina na disputa por uma das vagas na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2009, “Leonera” é uma obra que toca em temas bastante interessantes, como a vida das mulheres encarceradas e, principalmente, sobre aquelas que possuem coragem o suficiente para gerar vida em um local que, muitas vezes, pode significar o fim de alguém. Não é preciso ser mãe para compreender os atos cometidos por Julia em defesa – e por amor – ao seu filho Tomás. E, talvez, seja este o ponto mais positivo do trabalho do diretor Pablo Trapero.

 

Cotação: 7,0

 

Leonera (Leonera, 2008 )

Diretor: Pablo Trapero

Roteiro: Alejandro Fadel, Martín Mauregui, Santiago Mitre e Pablo Trapero

Elenco: Martina Gusman, Elli Medeiros, Rodrigo Santoro, Laura García



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Comentários


So uma correção: o filme se chama apenas “Leonera”, embora realmente vi muita gente propagando o “La”.

Achei a nota baixa pra tantos elogios. Pra mim, um dos melhores filmes de 2008. A Martina Gusman é uma força da natureza, o Trapero nunca teve um trabalho de câmera tao lindo, esquadrinhando cada canto da prisao, um senso etico formidavel de como filmar aquelas mulheres (Julia tomando banho enquanto a camera se afasta mostrando o local é uma dessas sequencias lindas que nao me saem da memoria).

Abraços!

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Meu maior interesse nesse “Leonera” é em relação à atuação da Martina Gusman, que foi bastante elogiada no Festival de Cannes, bem como todo o filme. Além disso, dizem que o Trapero é um ótimo diretor, mas nunca vi nada dele… Abraço!

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O cinema argentino vem dando um banho no nosso Kamila, é dificil explicar porque.

Acho que esse filme toca mais as mulheres, como implicita na sua resenha, eu não vi, ainda não me empolguei confesso, mas faltou oportunidade já que ele não passou por aqui.

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Bom ver que o cinema argentino anda com ares tão revigorantes! Aliás, é muito bom também ver que a gente se identifica quando esses temas universais são retratados da nossa forma, perto da gente – e não com aquele distanciamento de produções bilionárias.

Bjs!

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Não vou negar que esperava nostas altíssimas para este filme. Diiziam que, muito mais que ser indicada, a Argentina sairia vencedora no Oscar. Aconteceu que nem indicado o filme foi…

Achei interessante o seu texto e vou dar uma procurada neste filme.

Beijos e excelente fds!!!

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Hélio, obrigada pela correção. Eu achava que o nome do filme era só “Leonera” mesmo, mas, no cinema em que o assisti, estava constando o “La” antes do título. Eu concordo com você a respeito do que disseste sobre a Martina Gusmán e sobre o trabalho de câmera do diretor, mas tive algumas ressalvas a fazer sobre o filme. Por isso, a nota. Abraços!

Vinícius, também não tinha assistido a outro filme do diretor, mas esta é uma obra promissora. A Gusmán está EXCELENTE!!!!!!!! Abraços!

Cassiano, concordo que o cinema argentino é melhor que o nosso. Uma pena que não tenha assistido ao filme, mas, como o comentário do Hélio prova, o filme tem apelo aos homens.

Dudu, eu concordo com você e, particularmente, acho que os filmes devem mesmo tratar de temas universais, para causar uma conexão conosco. Beijos!

Kau, eu não achava que o filme seria indicado. Nem tinha esperanças disso, para dizer a verdade. Beijos e ótimo final de semana!

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