Um dos pontos mais positivos do criticado filme “O Código da Vinci”, dirigido por Ron Howard, é o roteiro escrito por Akiva Goldsman, tendo como base o best-seller de Dan Brown. O roteirista conseguiu condensar uma trama que é complexa e apresentá-la de uma forma um tanto simples e que fica facilmente compreensível para aqueles que nunca entraram em contato com o livro antes. O mesmo se repete com “Anjos e Demônios”, prequel dos acontecimentos retratados em “O Código da Vinci”, e cujo roteiro foi escrito, novamente, por Akiva Goldsman tendo a ajuda valiosa de David Koepp (autor de filmes como “Homem-Aranha”, “O Quarto do Pânico” e “Guerra dos Mundos”). 

O diretor Ron Howard oferece um ritmo ágil ao filme, desde seu início, e isso só tende a acrescentar à boa história desenvolvida pelo escritor Dan Brown. Em “Anjos e Demônios”, o professor Robert Langdon (Tom Hanks, dessa vez, sem aquele corte de cabelo horroroso) recebe um pedido de ajuda do Vaticano. Após a morte do último Papa e, nas vésperas da realização do conclave que irá decidir o nome do sucessor dele, os quatro favoritos ao posto são sequestrados pela sociedade secreta que se auto-denomina Illuminati. Para tanto, Langdon contará com a ajuda da cientista Vittoria Vetra (Ayelet Zurer), cujo material de pesquisa foi roubado pela sociedade secreta e pode ser utilizado para causar um dano definitivo no país sede da religião católica. 

O roteiro toca em pontos interessantíssimos, porém o mais importante deles é a discussão que é feita entre dois pontos que vivem se cruzando: a fé e a ciência. Robert Langdon e Vittoria Vetra representam o pensamento lógico, o que acredita em pistas e provas concretas de existência – mesmo que a gente ache que eles viajam um pouquinho, de vez em quando. Do outro lado, temos personagens como o Camerlengo Patrick McKenna (Ewan McGregor), que acredita que a religião é a saída para o tipo de mundo em que vivemos. Tal conflito é apresentado de forma sutil pelo diretor Ron Howard, mas é ele que oferece toda a chave por trás do desfecho de “Anjos e Demônios”. 

É impossível assistir a este filme e não comparar esta obra com “O Código da Vinci”. No geral, “Anjos e Demônios” é um longa bem melhor, simplesmente porque entendeu o que é ser uma adaptação cinematográfica. Ao contrário de “O Código da Vinci”, que era uma simples transposição de uma obra literária extremamente figurativa e repleta de elementos de entretenimento; “Anjos e Demônios” é uma adaptação de um livro para uma outra mídia (neste caso, o cinema). Os roteiristas deram sua própria visão ao material – chegando até a mudar o final do livro – e, principalmente, o diretor Ron Howard captou o clima da situação. Sua obra é tensa, bem feita do ponto de vista técnico, interessante e prende demais a atenção da plateia – que nem vai sentir os 138 minutos de duração do longa passar. 

Cotação: 9,0 

Anjos e Demônios (Angels & Demons, 2009)
Diretor: Ron Howard
Roteiro: Akiva Goldsman e David Koepp (com base na obra de Dan Brown)Elenco: Tom Hanks, Ewan McGregor, Ayelet Zurer, Stellan Skarsgard, Armin Mueller-Stahl